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Vírus da Encefalite de St. Louis

O vírus da encefalite de Saint Louis (SLEV, pela sigla em inglês) é um membro do género Flavivirus e é a causa da encefalite de St. Louis. Este vírus constituído por RNA de cadeia simples, pequeno, com invólucro e sentido positivo é transmitido por espécies de mosquitos Culex e é prevalente nos Estados Unidos. A maioria das infeções são assintomáticas. Os indivíduos sintomáticos podem ter várias apresentações clínicas, nomeadamente, com sintomas semelhantes aos da gripe, meningite assética, encefalite ou meningoencefalite. O diagnóstico é confirmado por serologia. Não existe um tratamento antivírico eficaz, portanto, este é de suporte. A prevenção visa o controlo local da presença dos mosquitos e a proteção individual com repelente de insetos e roupas protetoras.

Última atualização: Jul 19, 2022

Responsibilidade editorial: Stanley Oiseth, Lindsay Jones, Evelin Maza

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Classificação

Classificação do fluxograma de vírus de rna

Identificação do RNA vírico:
Os vírus podem ser classificados de várias formas. No entanto, a maioria destes tem um genoma constituído por ADN ou RNA. Os vírus cujo genoma é de RNA podem ser ainda caracterizados em RNA de cadeia simples ou dupla. Os vírus com invólucro são cobertos por uma fina camada de membrana celular (geralmente da célula hospedeira). Na ausência desta camada, são apelidados de vírus “nus”. Os vírus com genomas de cadeia simples são chamados de vírus de “sentido positivo” se o genoma puder ser diretamente utilizado como RNA mensageiro (mRNA, pela sigla em inglês), que é traduzido em proteínas. Os de “sentido negativo” necessitam da RNA polimerase dependente de RNA, uma enzima vírica, para transcrever o seu genoma em RNA mensageiro.

Imagem por Lecturio. Licença: CC BY-NC-SA 4.0

Características Gerais e Epidemiologia

Características gerais do vírus da encefalite de St. Louis (SLEV, pela sigla em inglês)

  • Taxonomia:
    • Família: Flaviviridae
    • Género: Flavivirus
  • Vírus de RNA
    • Cadeia simples
    • Sentido positivo
    • Linear
  • Esférico
  • Simetria icosaédrica
  • Com invólucro
  • Tamanho: Aproximadamente 50 nm
  • Núcleo de ssRNA de sentido positivo
Os vírus da encefalite de st. Louis flaviviridae

Imagem de microscopia eletrónica de transmissão de múltiplos virions de encefalite de St. Louis numa amostra de tecido não identificada:
Este vírus é um membro do género Flavivirus.

Imagem: “Numerous St. Louis encephalitis (SLE) virions that were contained within an unidentified tissue sample” por CDC. Licença: Public Domain

Doença associada

O vírus da encefalite de St. Louis causa a encefalite de St. Louis (LES, pela sigla em inglês).

Epidemiologia

  • Incidência: 0,003–0,752 casos por 100.000 pessoas nos Estados Unidos
    • Cerca de 100 casos por ano
    • A incidência está a diminuir
  • A maioria dos casos ocorre durante o verão.
    • Em regiões mais quentes, a época de infeção é mais longa porque os mosquitos estão mais ativos numa fase mais tardia do ano.
  • Taxa de mortalidade: 3%–30%
  • Distribuição geográfica:
    • Estados Unidos (mais comum no vale do Rio Mississippi, ao longo da costa do Golfo e no sudoeste do país)
    • Canadá
    • Caraíbas
    • América Central
    • América do Sul
Mapa da encefalite de st. Louis flaviviridae

Casos de encefalite de St. Louis nos Estados Unidos (1964–1998):
Nesta imagem observa-se a distribuição dos casos. Esta doença é mais frequente no vale do Rio Mississippi, ao longo da costa do Golfo e no sudoeste do país.

Imagem: “Human incidence of Saint Louis encephalitis in the United States, 1964-1998” por CDC. Licença: Public Domain

Patogénese

Reservatório

  • Hospedeiros principais: aves
  • Hospedeiros acidentais:
    • Humanos
    • Outros mamíferos

Transmissão

  • Vetor:
    • Espécies de mosquitos Culex
    • Requer 7-10 dias de incubação no mosquito antes de passar a infeção ao hospedeiro humano
  • Transplante de órgão sólido (raro)
Culex mosquito vírus da encefalite de st. Louis flaviviridae

Foto em grande plano de um mosquito Culex, o vetor do vírus da encefalite de St. Louis.

Imagem: “Close-up photo of a Culex mosquito” por CDC. Licença: Public Domain

Fatores de risco do hospedeiro

Fatores de risco para o desenvolvimento de infeção por SLEV:

  • Idade mais avançada (o mais importante)
  • Realização de atividades ao ar livre em regiões endémicas
  • Comorbilidades:
    • Doença cardiovascular
    • Hipertensão arterial
    • Imunossupressão

Fisiopatologia

  • O SLEV é inoculado no humano através da picada de um mosquito
  • A replicação ocorre nos tecidos locais → disseminação para os gânglios regionais
  • Disseminação do vírus através dos vasos linfáticos e da corrente sanguínea
  • Entrada no SNC (mecanismo pouco esclarecido) → afeta predominantemente a substância cinzenta
  • Inflamação e lesão neuronal → sintomas neurológicos

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Apresentação Clínica

A maioria dos indivíduos infetados são assintomáticos. O período de incubação nos indivíduos sintomáticos é de 4 a 21 dias, e a doença varia na apresentação e gravidade.

Pródromo

Sintomas gerais:

  • Febre
  • Cefaleia
  • Mal-estar
  • Mialgias

Sintomas respiratórios:

  • Tosse
  • Odinofagia

Sintomas urinários:

  • Disúria
  • Urgência miccional
  • Incontinência

Sinais e sintomas neurológicos

Os doentes podem apresentar meningite, encefalite ou uma combinação destes 2 (meningoencefalite).

Meningite assética (a mais comum):

  • Cefaleia
  • Febre
  • Rigidez da nuca
  • Fotofobia
  • Náuseas e vómitos

Encefalite:

  • Alteração do estado mental
    • Desorientação
    • Agitação
    • Coma
  • Tremores com acometimento dos seguintes:
    • Pálpebras
    • Língua
    • Lábios
    • Extremidades
  • Disfunção de nervos cranianos
  • Paralisia espástica
  • Ataxia
  • Convulsão (raro)

Diagnóstico e Tratamento

Diagnóstico

Pode suspeitar-se do diagnóstico com a história clínica e o exame objetivo.

  • Avaliação diagnóstica: serologia (ELISA) sanguínea e do LCR
  • Avaliação de apoio ao diagnóstico:
    • Possíveis achados laboratoriais:
      • Leucócitos normais ou ↑
      • Hiponatremia → SIADH pela encefalite
    • Análise do LCR:
      • Pressão de abertura normal ou ↑
      • ↑ Proteínas
      • Glicose normal
      • Ligeiro ↑ dos leucócitos (na fase inicial predominam os neutrófilos e, de seguida, existe predominância monocítica ou linfocítica)

Tratamento

Não existem tratamentos antivíricos eficazes para o SLEV, portanto, o tratamento é de suporte.

  • Monitorização do balanço hídrico e dos eletrólitos
  • Restrição hídrica na presença de SIADH
  • Tratamento sintomático
    • Antieméticos
    • Antipiréticos
  • Suporte ventilatório na presença de insuficiência respiratória ou incapacidade de proteger a via aérea

Prevenção

  • Controlo local da presença dos mosquitos
  • Repelente de insetos
  • Roupa protetora
  • Evicção de águas paradas.
  • Não existem vacinas contra o SLEV.

Comparação de Espécies Semelhantes de Flavivírus

Tabela: Características e doenças causadas por várias espécies de Flavivirus
Organismo Vírus da encefalite transmitida por carraça Vírus da encefalite Japonesa Vírus da encefalite de St. Louis Vírus do Nilo Ocidental
Características As características estruturais são quase idênticas.
Região
  • Europa
  • Sibéria
  • Ásia
  • Ásia
  • Pacífico Ocidental
América do Norte
  • África
  • Médio Oriente
  • Europa
  • Sul da Ásia
  • Austrália
  • América do Norte
Transmissão Carraça Mosquito Mosquito Mosquito
Clínica
  • A maioria dos doentes são assintomáticos.
  • Inicialmente com sintomas inespecíficos
  • Fase neurológica:
    • Meningite
    • Encefalite
    • Meningoencefalite
  • Doença febril inespecífica
  • Meningite
  • Encefalite
  • Paralisia flácida aguda
  • Síndrome de Guillain-Barré
  • A maioria dos doentes são assintomáticos.
  • Doença febril inespecífica
  • Meningite
  • Encefalite
  • Meningoencefalite
  • A maioria dos doentes são assintomáticos.
  • Febre do Nilo Ocidental
  • Doença neuroinvasiva:
    • Meningite
    • Encefalite
    • Paralisia flácida aguda
Diagnóstico
  • Serologia
  • PCR – reação em cadeia da polimerase
Serologia Serologia
  • Serologia
  • PCR – reação em cadeia da polimerase
Tratamento Suporte Suporte Suporte Suporte
Prevenção
  • Medidas para evitar picadas de carraças
  • Vacinação (nas áreas endémicas)
  • Medidas para evitar picadas de mosquitos
  • Vacinação
Medidas para evitar picadas de mosquitos Medidas para evitar picadas de mosquitos

Diagnóstico Diferencial

  • Doença de Lyme: infeção causada pela espiroqueta gram-negativa Borrelia burgdorferi, transmitida por carraças. A apresentação desta doença varia consoante o estadio da mesma e pode incluir o eritema migratório característico, que não é observado com SLEV. Nas fases tardias, também são comuns as manifestações neurológicas, cardíacas, oculares e articulares. O diagnóstico baseia-se nos achados clínicos e exposição a carraças e é apoiado por testes serológicos. O tratamento é com antibioterapia.
  • Erliquiose e anaplasmose: infeções causadas por Ehrlichia chaffeensis e Anaplasmosis phagocytophilum, respectivamente, transmitidas por carraças. Os sintomas de erliquiose e anaplasmose incluem febre, cefaleia e mal-estar. Na doença grave pode ocorrer meningoencefalite. O diagnóstico é feito por PCR. O tratamento de ambas as doenças é com doxiciclina.
  • Febre maculosa das Montanhas Rochosas: uma doença causada por Rickettsia rickettsii. A apresentação clínica inclui febre, fadiga, cefaleia e rash após a picada de uma carraça. O diagnóstico é estabelecido com base nas características clínicas, biópsia do rash e testes serológicos. O tratamento inclui antibióticos, nomeadamente a doxiciclina.
  • Encefalite por Herpes simplex: uma infeção grave do SNC causada por vírus herpes simplex. Os doentes desenvolvem rapidamente sintomas, que incluem febre, cefaleia, alteração do nível de consciência, défices neurológicos focais e convulsões. O diagnóstico é confirmado com o teste de PCR do LCR. Lesões hiperintensas nos lobos temporais podem ser visualizadas na ressonância magnética. O tratamento de escolha é o aciclovir IV.
  • Vírus da encefalite equina: arbovírus transmitido por mosquitos da família Togaviridae. Os sintomas iniciais incluem febre, cefaleia e vómitos. A maioria dos doentes recupera, no entanto, a doença pode progredir para encefalite grave. O diagnóstico é realizado com base nos achados clínicos e na avaliação do LCR, com serologia ou PCR. Não existe um tratamento específico, sendo este maioritariamente de suporte.
  • Meningite bacteriana: uma infeção aguda das meninges. Os doentes apresentam cefaleia, febre, rigidez da nuca e uma rápida deterioração clínica. Para estabelecer o diagnóstico realiza-se uma punção lombar. Ao contrário da meningite vírica, a avaliação do LCR mostrará um líquido turvo, baixa glicose e uma contagem alta de leucócitos com predominância neutrofílica. A coloração de Gram e a cultura determinam as bactérias causadoras. O tratamento inclui antibióticos e corticoides.

Referências

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  2. Auguste AJ, Pybus OG, Carrington CV. (2009). Evolution and dispersal of St. Louis encephalitis virus in the Americas. Infect Genet Evol 9:709–715. 
  3. Diaz A, Coffey LL, Burkett-Cadena N, Day JF. (2018). The reemergence of St. Louis encephalitis virus in the Americas. Emerg Infect Dis 24:2150–2147. https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/30457961
  4. Curren EJ, Lindsey NP, Fischer M, Hills SL. (2018). St. Louis encephalitis virus disease in the United States, 2003-2017. Am J Trop Med Hyg 99:1074–1079. https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/30182919
  5. Soung A, Klein RS. (2018). Viral encephalitis and neurologic diseases: focus on astrocytes. Trends Mol Med 24:950–962. https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/30314877
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  7. Monath, T.B. (2019). St. Louis encephalitis. In Mitty, J. (Ed.), UpToDate. Retrieved May 7, 2021, from https://www.uptodate.com/contents/st-louis-encephalitis
  8. Simon LV, Kong EL, Graham C. (2020). St. Louis encephalitis. StatPearls. Retrieved May 7, 2021, from https://www.ncbi.nlm.nih.gov/books/NBK470426/
  9. Somboonwit C, Donovan FM, Katta JT. (2020). St. Louis encephalitis. In Bronze, M.S. (Ed.), Medscape. Retrieved May 7, 2021, from https://emedicine.medscape.com/article/233710-overview

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