Advertisement

Advertisement

Advertisement

Advertisement

Sinusite

A sinusite é a inflamação do revestimento mucoso dos seios perinasais que ocorre geralmente em simultâneo com a inflamação da mucosa nasal (rinite), que em conjunto são conhecidas por rinossinusite. A etiologia mais comum da rinossinusite aguda é uma infeção viral; outras causas incluem bactérias ou fungos. Clinicamente, a sinusite apresenta dores faciais, obstrução nasal, drenagem mucopurulenta e diminuição do olfato. O diagnóstico é geralmente clínico, e o tratamento é de suporte; os antibióticos não são geralmente recomendados a menos que os sintomas não melhorem após 10 dias. A sinusite crónica dura 12 semanas ou mais e pode estar associada a polipose nasal ou rinossinusite fúngica alérgica. O objetivo do tratamento, na maioria dos casos crónicos, é reduzir os sintomas e melhorar a qualidade de vida em vez de curar a doença, o que pode requerer cirurgia.

Última atualização: Jan 12, 2023

Responsibilidade editorial: Stanley Oiseth, Lindsay Jones, Evelin Maza

Advertisement

Advertisement

Advertisement

Advertisement

Advertisement

Advertisement

Epidemiologia e Etiologia

Epidemiologia

  • Incidência: 1 em cada 7–8 pessoas por ano
  • Acomete até 80% dos pacientes com infeções respiratórias superiores (IRSs) não complicadas
  • A sinusite bacteriana é encontrada em apenas 0,5%–2% dos casos
  • O pico de incidência anual coincide com o pico de IRSs víricas nos meses de outono/inverno
  • Maior incidência em mulheres e naquelas com idade entre os 45 e os 64 anos

Etiologia

  • Fatores predisponentes:
    • Anomalias anatómicas dos seios perinasais ou da cavidade nasal (desvio do septo nasal, concha bolhosa, esporão ósseo, pólipo nasal, atrésia das coanas)
    • Compromisso da função ciliar (fibrose quística, discinésia ciliar primária, imunodeficiência)
    • Rinite alérgica e vasomotora
    • IRSs recorrentes
    • Asma e alergias
    • Doença dentária
    • Imunodeficiência
    • Idade avançada
    • Tabagismo
    • Abuso de cocaína
    • Viagem aérea
    • Exposição a mudança de pressão atmosférica (e.g., mergulho em alto mar)
    • Natação
    • Corpo estranho na cavidade nasal
  • Aguda: duração ≤ 4 semanas
    • Vírica (mais comum) : rinovírus, coronavírus, vírus influenza, adenovírus, vírus parainfluenza
    • Bacteriana: Streptococcus pneumoniae, Haemophilus influenzae, Moraxella catarrhalis, Staphylococcus aureus, Escherichia coli, Klebsiella
      • S. pneumoniae e H. influenzae são responsáveis por 75% dos casos
  • Crónica: duração superior a 12 semanas; caracterizada por inflamação prolongada dos seios perinasais; ocasionalmente associada a imunodeficiências
    • Fúngica: Aspergillus, Rhizopus oryzae
    • Bacteriana: S. aureus (frequentemente S. aureus resistente à meticilina) e organismos anaeróbios (Prevotella, Porphyromonas, Fusobacterium e Peptostreptococcus spp.)

Fisiopatologia

Vírica

  • Inoculação por contacto direto com a conjuntiva ou mucosa nasal
  • A replicação vírica pode ser detetada através da análise dos níveis víricos nas secreções nasais em 8–10 horas
  • Os sintomas podem ocorrer após o primeiro dia de inoculação

Bacteriana

  • Mudança fisiopatológica mais importante: obstrução da drenagem dos seios
  • O movimento metácrono (sequencial) normal de muco em direção aos óstios naturais dos seios perinasais é geralmente interrompido por inflamação da mucosa → estase
  • O compromisso da função ciliar leva a uma redução da drenagem de muco → estase
  • A estase de secreções dentro dos seios perinasais promove a proliferação de microorganismos
  • Alterações na composição e quantidade de muco também podem contribuir para a infeção; observa-se um aumento na produção de muco em condições como a asma, rinite e IRSs víricas

Apresentação Clínica

Manifestações gerais

  • Obstrução e congestão nasal
  • Corrimento nasal purulento ou mucopurulento
  • Cefaleia
  • Dor facial ou sensação de peso nos seios perinasais afetados (aumenta com a inclinação para frente)
    • Seios maxilares: sobre as maçãs do rosto
    • Seios frontais: zona inferior da testa
    • Seios etmoidais: ponte nasal ou entre/atrás dos olhos
  • Febre
  • Desconforto nos dentes maxilares e outras dores faciais
  • Mal-estar geral e mialgias

Sinusite vírica

A sinusite vírica geralmente apresenta-se de forma ligeira e tem duração de 7 a 10 dias.

Sinusite bacteriana

  • Persiste por > 10 dias sem melhoria clínica
  • Padrão bifásico: pode melhorar inicialmente, mas piora após 5-6 dias (“agravamento duplo”)
  • Apresenta-se com sintomas mais graves:
    • Febre alta
    • Dor facial intensa
    • Hiposmia ou anosmia
    • Halitose
    • Tosse
    • Dor de ouvido, pressão, plenitude, perda auditiva ou zumbido

Sinusite fúngica

A sinusite fúngica geralmente apresenta-se de forma crónica, com sintomas atípicos (epistaxis, dispneia e secreções nasais pretas/acastanhadas).

Complicações e/ou condições associadas

  • Otite média aguda
  • Faringite
  • Meningite
  • Pneumonia
  • Abcesso subperiósteo/intracraniano
  • Osteomielite (geralmente do osso frontal)
  • Celulite pré-septal/orbitária
  • Trombose sética do seio cavernoso

Diagnóstico

Geralmente o diagnóstico baseia-se nos sintomas clínicos.

  • Sinusite não complicada: < 4 semanas de secreção nasal purulenta + obstrução nasal ou dor/pressão/plenitude facial ou ambos
  • Sinusite complicada: quando os sinais e sintomas se estendem para além dos seios perinasais e cavidade nasal, necessitando de uma avaliação urgente.
    • Sinais: cefaleia grave/persistente, alterações visuais, edema periorbitário, movimentos extraoculares anormais com ou sem dor, alteração do estado mental, sinais meníngeos, sinais de aumento da pressão intracraniana

Para diferenciar a sinusite vírica da sinusite bacteriana:

  • A rinossinusite vírica é diagnosticada clinicamente quando os sintomas duram 7 a 10 dias e não pioram.
  • A rinossinusite bacteriana é diagnosticada clinicamente quando os sintomas duram > 10 dias ou apresentam padrão bifásico (ver “agravamento duplo”, acima) e são clinicamente mais graves. São necessários antibióticos para a sua resolução.

Análises laboratoriais

  • Indicadas se ausência de resposta ao tratamento ou agravamento dos sintomas
  • Raramente se observa leucocitose
  • Pode ajudar a determinar a causa subjacente:
    • Rinite alérgica confirmada com um teste radioalergossorvente, teste cutâneo de alergénios ou esfregaço de secreções nasais a demonstrar eosinofilia
    • Teste de suor com medição do cloreto para fibrose cística

Cultura

A presença de mais de 104 unidades formadoras de colónias/mL em cultura bacteriana confirma sinusite bacteriana em crianças.

Imagiologia

  • Não recomendada, exceto no caso de sinusite complicada
  • As radiografias de crânio mostram diminuição da transparência dos seios perinasais e níveis hidroaéreos.
  • A tomografia computorizada é a exame de escolha e mostra espessamento mucoperiósteo, níveis hidroaéreos e extensão às partes moles no caso de complicações (e.g., celulite orbitária).
  • A endoscopia nasal pode ser usada para excluir lesões estruturais.

Biópsia

Necessária apenas se recorrência da infeção ou se ausência de resposta a diferentes tratamentos empíricos.

Tratamento

Tratamento de suporte geral

  • Paracetamol ou anti-inflamatórios não esteróides devem ser administrados para a dor facial e, se presente, para a febre.

Sinusite vírica

  • Apenas tratamento para alívio sintomático, tendo em conta que a sinusite vírica é autolimitada
  • Lavagem nasal com solução hipertónica de NaCl
  • Descongestionantes nasais (e.g., spray nasal de xilometazolina) ou simpaticomiméticos (e.g., pseudoefedrina)
  • Anti-histamínicos (e.g., loratadina) se presença concomitante de sintomas alérgicos
  • Corticóides intranasais (e.g., fluticasona) para alívio do edema da mucosa/dor facial
  • Mucolíticos (e.g., guaifenesina) ajudam a diluir as secreções e promover a sua drenagem

Sinusite bacteriana

  • Primeira linha: amoxicilina, com ou sem clavulanato durante 5 a 10 dias
  • Segunda linha:
    • Ceftriaxona EV para crianças que não toleram a medicação por via oral.
    • Oxiciclina, levofloxacina ou moxifloxacina se alergia à penicilina.
    • Levofloxacina, moxifloxacina ou clindamicina se os sintomas persistirem por > 14 dias ou se não ocorrer melhoria nos primeiros 3 dias de tratamento.
  • Sinusite bacteriana crónica: aminopenicilina de largo espetro + inibidor de beta-lactamases
  • Descongestionantes e anti-histamínicos não são recomendados.

Sinusite fúngica

  • Tratamento antifúngico (e.g., anfotericina B)
  • Gestão e tratamento de doenças imunossupressoras (e.g., SIDA, VIH, cancro, etc.)
  • Se a infeção for crónica e invasiva, pode ser necessário desbridamento cirúrgico do tecido necrosado.

Vídeos recomendados

Relevância Clínica

Apresentam-se as possíveis condições subjacentes ou diagnósticos diferenciais de sinusite:

  • Fibrose quística: uma doença autossómica recessiva causada por uma mutação do gene CFTR, que promove a formação de canais de cloro defeituosos e hiperviscosidade das secreções das glândulas exócrinas
  • Discinesia ciliar primária: uma doença autossómica recessiva associada a sinusite, situs inversus, infeções respiratórias recorrentes e bronquiectasias, entre outras anomalias
  • Abcesso dentário: uma acumulação de pus na polpa dentária que se pode estender para estruturas locais ou regionais, incluindo gengivas, ossos faciais, língua e músculos faciais
  • Corpo estranho nasal: comum em crianças < 5 anos de idade. Frequentemente com alimentos ou brinquedos pequenos. Apresenta-se com rinorreia unilateral, que pode tornar-se fétida ou purulenta, sinais de obstrução nasal ou epistaxis
  • Enxaqueca: um tipo de cefaleia que se caracteriza por episódios recorrentes e incapacitantes que são tipicamente unilaterais, latejantes e/ou pulsáteis em qualidade e frequentemente acompanhados por náuseas, vómitos, fonofobia e fotofobia
  • Rinite: inflamação da mucosa nasal, classificada em alérgica, não alérgica e infeciosa
  • Asma: uma doença inflamatória crónica do sistema respiratório caracterizada por hiperreatividade brônquica, exacerbações episódicas e obstrução reversível do fluxo de ar.
  • Otite média: uma infeção do ouvido médio que normalmente ocorre após uma infeção do trato respiratório superior em crianças < 5 anos de idade. Mais frequentemente provocada por S. pneumoniae. Apresenta-se com otalgia e febre. A otoscopia mostra abaulamento da membrana timpânica.
  • Granulomatose com poliangeíte: uma vasculite associada a anticorpo anticitoplasmático de neutrófilo que promove a inflamação dos vasos sanguíneos de pequeno e médio tamanho. Resulta em dano a diversos sistemas orgânicos, mais frequentemente o trato respiratório e os rins.

Referências

  1. Gregor, J, Huynh B, et al. (2021). High-dose vs standard-dose amoxicillin plus clavulanate for adults with acute sinusitis: a randomized clinical trial. JAMA Network Open, 4(3), e212713. doi: 10.1001/jamanetworkopen.2021.2713
  2. Lemiengre MB, van Drie, ML, Merenstein D, Liira H, Mäkelä M, De Sutter AI. (2018). Antibiotics for acute rhinosinusitis in adults. Cochrane Database of Systematic Reviews, 9, CD006089. doi: 10.1002/14651858.CD006089.pub5
  3. Harri AM, Hicks LA, Qaseem A. (2016). Appropriate Antibiotic Use for Acute Respiratory Tract Infection in Adults: Advice for High-Value Care From the American College of Physicians and the Centers for Disease Control and Prevention. Annals of internal Medicine, 164(6), 425-34. doi: 10.7326/M15-1840
  4. DeMuri GP, Eickhoff JC, Gern JC, Wal ER. (2019). Clinical and Virological Characteristics of Acute Sinusitis in Children. Clinical infectious diseases : an official publication of the Infectious Diseases Society of America, 69(10), 1764-70. doi: 10.1093/cid/ciz023
  5. Rosenfeld RM, et al. 2015. Clinical practice guideline (update): adult sinusitis. Otolaryngol Head Neck Surg 152(2_suppl):S1–S39.  https://doi.org/10.1177/0194599815572097
  6. Fokkens WJ, Lund VJ, et al. (2020). European position paper on rhinosinusitis and nasal polyps 2020. Rhinology, 58(Suppl S29), 1–464. doi: 10.4193/Rhin20.600
  7. Dietz de Loos D, Lourijsen ES, et al. (2019). Prevalence of chronic rhinosinusitis in the general population based on sinus radiology and symptomatology. Journal of Allergy and Clinical Immunology, 143(3), 1207–1214. doi: 10.1016/j.jaci.2018.12.986
  8. Jayawardena ADL, Chandra R. (2018). Headaches and facial pain in rhinology. American Journal of Rhinology & Allergy, 32(1), 12–15. doi: 10.2500/ajra.2018.32.4501
  9. Hirsch AG, Stewart WF, et al. (2017). Nasal and sinus symptoms and chronic rhinosinusitis in a population-based sample. Allergy, 72(2), 274-81.  doi: 10.1111/all.13042
  10. Murr AH. (2019). Approach to the patient with nose, sinus, and ear disorders. Chapter 398 of Crow MK, et al. (Eds.), Goldman-Cecil Medicine 26th ed., vol. 2, pp. 2548–2556.
  11. NICE guideline NG79. (2017). Sinusitis (acute): antimicrobial prescribing. https://www.nice.org.uk/guidance/ng79
  12. Namyslowski G, Misiolek M, Czecior E, Malafiej E, Orecka B, Namyslowski P, Misiolek H. (2002). Comparison of the efficacy and tolerability of amoxycillin/clavulanic acid 875 mg b.i.d. with cefuroxime 500 mg b.i.d. in the treatment of chronic and acute exacerbation of chronic sinusitis in adults. Journal of Chemotherapy (Florence, Italy), 14(5), 508–517. https://doi.org/10.1179/joc.2002.14.5.508
  13. Dubin MG, Kuhn FA, Melroy CT. (2007). Radiographic resolution of chronic rhinosinusitis without polyposis after 6 weeks vs 3 weeks of oral antibiotics. Annals of allergy, asthma & immunology : official publication of the American College of Allergy, Asthma, & Immunology, 98(1), 32–35. https://doi.org/10.1016/S1081-1206(10)60856-3
  14.  Lumry WR, Curd JG, Zeiger RS, Pleskow WW, Stevenson DD. (1983). Aspirin-sensitive rhinosinusitis: the clinical syndrome and effects of aspirin administration. Journal of Allergy and Clinical Immunology, 71(6), 580–587. https://doi.org/10.1016/0091-6749(83)90440-2

Aprende mais com a Lecturio:

Complementa o teu estudo da faculdade com o companheiro de estudo tudo-em-um da Lecturio, através de métodos de ensino baseados em evidência.

Estuda onde quiseres

A Lecturio Medical complementa o teu estudo através de métodos de ensino baseados em evidência, vídeos de palestras, perguntas e muito mais – tudo combinado num só lugar e fácil de usar.

User Reviews

Details