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Sibilância

O sibilo é um som respiratório anormal caraterizado por um som de assobio que pode ser relativamente agudo e estridente (mais comum) ou áspero. A sibilância é produzida pelo movimento do ar através das pequenas vias aéreas (intratorácicas) estreitadas ou comprimidas. Os sibilos podem ser inspiratórios ou (mais frequentemente) expiratórios. Como a sibilância é sentida pelo doente e testemunhada pelo médico, a alteração é um sintoma, bem como um achado ao exame objetivo. As doenças respiratórias que resultam em obstrução geralmente cursam com sibilos, sobretudo a asma; no entanto, também existem outras causas, incluindo alergias, pneumonia e insuficiência cardíaca, entre outras.

Última atualização: Oct 1, 2023

Responsibilidade editorial: Stanley Oiseth, Lindsay Jones, Evelin Maza

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Definição e Etiologia

Definição

  • Sons agudos, estridentes ou ásperos que geralmente são contínuos
  • Pode ocorrer tanto na fase expiratória (mais frequentemente) como na fase inspiratória
  • Geralmente mais altos do que os sons respiratórios normais, mas nas formas ligeiras pode ser necessário auscultar com um estetoscópio para a sua deteção

Etiologia

  • Em adultos, a asma e a doença pulmonar obstrutiva crónica (DPOC) são as causas mais comuns de sibilos.
    • A sibilância na asma está associada a uma exacerbação, ou “ataque de asma”.
    • A sibilância na DPOC está associada a agravamento dos sintomas, mais exacerbações e pior função pulmonar.
  • Em crianças, a asma, as alergias e as infeções do trato respiratório são as causas mais comuns.
  • As outras causas incluem qualquer doença que cause um estreitamento das vias aéreas.
    • Obstrução das vias aéreas, mais frequentemente por:
      • Broncoespasmo ou bronquiectasias
      • Muco (e.g., na fibrose quística)
      • Corpo estranho
      • Disfunção das cordas vocais
    • Compressão externa por tumor
    • Edema peribrônquico na insuficiência cardíaca
    • Inflamação por anafilaxia ou inalação de tóxicos

Fisiopatologia

  • Provocada por um estreitamento das vias aéreas, resultando na oscilação das suas paredes opostas
  • A sibilância é um exemplo do princípio de Bernoulli:
    • Quando o fluxo de ar é forçado através de um tubo estreito, a sua velocidade aumenta e a sua pressão diminui.
    • A via aérea distal ao estreitamento colapsa e vibra, gerando um som agudo.
  • Dependendo do local do estreitamento no trato respiratório, a qualidade do som varia.

Vias aéreas superiores versus inferiores :

  • Sibilância polifónica:
    • Estreitamento ou obstrução das pequenas vias aéreas inferiores e em várias localizações
    • Descrito como musical, contínuo e variável se auscultado em diferentes regiões
    • Exemplos: asma, DPOC, aspiração de líquido, enfisema unilateral
  • Sibilância monofónica:
    • Estreitamento ou obstrução das grandes vias aéreas, geralmente apenas num local
    • Descrito como um som alto, grave e fixo em toda a cavidade torácica
    • Exemplos: aspiração de corpo estranho, acumulação de sangue ou secreções, compressão externa ou por tumor ou por nódulos linfáticos

Sibilância unilateral versus bilateral:

  • A sibilância bilateral/simétrica é causada por:
    • Asma
    • DPOC
  • A sibilância unilateral é causada por:
    • Aspiração de corpo estranho
    • Compressão brônquica intrínseca ou extrínseca
      • Tumor
      • Estenose brônquica
      • Broncomalácia unilateral
      • Linfadenopatia
      • Vasculatura anormal
      • Cifoescoliose

Diagnóstico

A história médica e os achados ao exame objetivo (pulmonar e extrapulmonar) irão sugerir a causa mais provável. Estudos laboratoriais e imagiológicos adicionais geralmente não são necessários se estiverem presentes as caraterísticas típicas da doença subjacente.

Estudos laboratoriais

  • Oximetria de pulso para avaliar a oxigenação
  • Testes de função pulmonar:
    • Com a avaliação realizada pré e pós-broncodilatador (para distinguir entre asma e DPOC)
    • Avaliação da curva fluxo-volume:
      • Se a parte inferior da curva (fase inspiratória) for plana, sugere uma obstrução das vias aéreas superiores (extratorácica).
      • Se a parte superior da curva (fase expiratória) for plana, sugere uma obstrução das vias aéreas inferiores (intratorácica).

Imagiologia

  • A radiografia cervical ou torácica confirmará a obstrução das vias aéreas.
  • Nasofaringo-, laringo- ou broncoscopia para visualizar diretamente as vias aéreas e a obstrução, e extrair em caso de aspiração de corpo estranho

Tratamento

O alívio sintomático pode ser obtido com oxigenoterapia suplementar, mas é importante identificar e corrigir a patologia subjacente para o tratamento a longo prazo.

  • Asma
    • Broncodilatadores inalatórios, corticosteróides, outros
    • Estratégia de 5 etapas para o tratamento da Global Initiative for Asthma (GINA)
    • Medicação para a asma
  • Exacerbações da DPOC
    • Terapêutica broncodilatadora e um curso de glucocorticóides orais
    • Possivelmente, antibióticos orais (antivirais se houver evidência de gripe)
    • Oxigenoterapia suplementar se hipóxia e programa de reabilitação pulmonar
  • Pneumonia/causas infeciosas: requer o antibiótico apropriado para o agente patogénico causador
  • Aspiração de corpo estranho: requer a localização e a extração do corpo estranho
  • Insuficiência cardíaca
    • O tratamento depende do tipo de insuficiência cardíaca e da sua gravidade.
    • Cumprir as recomendações publicadas para o tratamento.
    • Medicação para a insuficiência cardíaca e angina

Diagnóstico Diferencial

Os seguintes sons respiratórios anormais devem ser diferenciados dos sibilos:

  • Estridor: som anormal agudo produzido pelo fluxo de ar turbulento através de uma via aérea parcialmente obstruída em qualquer localização desde a supraglote até à traqueia. Existem 3 tipos de estridor: inspiratório (mais comum, por obstrução laríngea), expiratório (por obstrução traqueobrônquica) e bifásico (por obstrução subglótica ou glótica). O estridor pode ser agudo, subagudo ou crõnico:
    • Causas agudas e subagudas: laringotraqueíte, aspiração de corpo estranho, epiglotite, anafilaxia, abcesso retrofaríngeo ou periamigdalino
    • Causas crónicas: laringomalácia, traqueomalácia, disfunção das cordas vocais, papilomatose (verrugas), tumores
  • Ressonar e roncos: estreitamento da via aérea na região nasal, nasofaríngea ou orofaríngea que produz um som de baixa frequência, muitas vezes denominado ressonar durante o sono e roncos se o doente estiver acordado. O ressonar e os roncos são causados por hipertrofia do tecido amigdalino, micrognatia ou macroglossia.

Referências

  1. Baron R.M. (2018). In Jameson, J.L., et al. (Ed.), Harrison’s Principles of Internal Medicine (20th ed. Vol 1, pp. 226–230 and 1943–1947). 
  2. Huang W.C., Tsai Y.H., Wei Y.F., et al. (2015). Wheezing, a significant clinical phenotype of COPD. International Journal of Chronic Obstructive Pulmonary Disease, 10, 2121–2126. https://doi.org/10.2147/COPD.S92062
  3. Quintero D.R., Fakhoury K. (2020). Assessment of stridor in children. UpToDate. Retrieved October 30, 2020, from https://www.uptodate.com/contents/assessment-of-stridor-in-children?search=stridor&source=search_result&selectedTitle=1~150&usage_type=default&display_rank=1
  4. Pasterkamp H. (2012). Kendig & Chernick’s Disorders of the Respiratory Tract in Children (8th ed.), pp. 110–130.

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