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Procedimentos Básicos

O conjunto de ferramentas diagnósticas e terapêuticas de um médico deve incluir uma variedade de procedimentos básicos que possam ser realizados em ambulatório. Estes procedimentos incluem a intervenção de emergência da via aérea; a drenagem de fluido do abdómen, articulações e canal espinhal; e a incisão e drenagem de abcessos. Embora estes procedimentos possam ser de reduzida complexidade, existem ainda assim riscos inerentes aos procedimentos invasivos, e estes riscos devem ser reduzidos através de técnicas asséticas e procedimentos consistentes.

Última atualização: May 2, 2022

Responsibilidade editorial: Stanley Oiseth, Lindsay Jones, Evelin Maza

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Cricotiroidotomia/Traqueostomia

Definições

  • Cricotiroidotomia: criação cirúrgica de uma abertura artificial na membrana cricotiroideia
  • Traqueotomia: criação cirúrgica de uma abertura artificial na parede anterior da traqueia
    • Usada como sinónimo do termo traqueostomia
    • Tecnicamente a traqueotomia refere-se a uma incisão na traqueia, enquanto que a traqueostomia refere-se à colocação de uma cânula nessa abertura.

Objetivo terapêutico

Obtenção de uma via aérea segura:

  • Geralmente, quando a faringe e a laringe precisam de ser contornadas (e.g., obstrução)
  • Para facilitar o acesso às vias aéreas inferiores para aspiração brônquica, no caso da traqueostomia

Indicações

Cricotiroidotomia (cuidados ao doente crítico):

  • Trauma maxilofacial
  • Fraturas faciais

Traqueostomia:

  • Emergente:
    • Obstrução aguda (falência da intubação endotraqueal)
    • Trauma laríngeo
    • Pós-cricotiroidotomia
  • Crónica:
    • Obstrução funcional das vias aéreas superiores (e.g., carcinoma da laringe)
    • Suporte ventilatório de longa duração
    • Aspiração crónica

Contraindicações

Absolutas:

  • Via aérea não cirúrgica intacta
  • Obstrução subglótica
  • Fratura da cartilagem tiroide/cricoide
  • Indivíduo < 8 anos

Relativas:

  • Edema exuberante do pescoço ou hematoma
  • Trauma cervical

Procedimento

Ambos os procedimentos podem ser realizados à cabeceira do doente; no entanto, é preferível que as traqueotomias sejam realizadas num centro cirúrgico.

Preparação pré-operatória:

  • Numa cricotiroidotomia de emergência, algumas das etapas abaixo podem ser omitidas.
  • Explicar o procedimento ao indivíduo e obter o consentimento informado, se possível.
  • Colocar o indivíduo em decúbito dorsal, com o pescoço estendido, salvo contraindicação, com o queixo alinhado com a linha média.
  • Administrar antibióticos pré-operatórios, pelo menos 30 minutos antes da incisão, se possível.
  • Se possível, sedar e intubar o indivíduo.
  • Identificar as cartilagens tiroide e cricoide.
  • Planear a orientação da incisão.
  • Lavar o local da incisão com uma solução antissética e cobri-la com campos estéreis.
  • Monitorização contínua:
    • Frequência cardíaca
    • Tensão arterial
    • Saturação de oxigénio
    • Monitor de ritmo com ECG
  • No serviço de urgência ou na sala de cirurgia, o operador deve usar EPIs adequados.

Cricotiroidotomia:

  1. O anestésico local (lidocaína a 1%) é infiltrado no local proposto para incisão.
  2. A cartilagem tiroideia é imobilizada com a mão não dominante e a pele é mantida sob tensão sobre a membrana cricotiroideia.
  3. É realizada uma incisão vertical de 3 cm na linha média, sobre a membrana cricotiroideia. A incisão horizontal é geralmente evitada pois, em situações de emergência, a incisão pode estender-se demasiado, lateralmente, e as veias jugulares podem ser lesadas.
  4. A retração manual das bordas da incisão é realizada com a mão não dominante.
  5. O tecido subcutâneo e a musculatura tranversal são dissecados na linha média para expor a cartilagem tiroide e cricoide e a membrana cricotiroideia.
  6. É realizada uma incisão baixa, de 1 a 2 cm, na membrana cricotiroideia.
    • A incisão é realizada o mais baixo possível para evitar danos nas cordas vocais.
    • Nota: Assim que se chegar à via aérea, ficar atento à expectoração e às secreções quando o indivíduo tentar expirar.
  7. Assim que a incisão é realizada, o cabo do bisturi é introduzido na incisão e torcido 90 graus para expandir a incisão.
    • O dedo indicador, da mão não dominante, é usado para manter a incisão aberta enquanto o bisturi é girado.
    • O bisturi é mantido na abertura para manter a permeabilidade e facilitar a passagem de uma cânula.
  8. É inserido um tubo endotraqueal ou de traqueostomia na via aérea, através da incisão, usando o cabo do bisturi como afastador e guia.
  9. O balão do tubo é insuflado.

Traqueostomia (técnica do tipo Seldinger):

  1. É realizada uma incisão na linha média:
    • Horizontal: 1 cm abaixo da cartilagem cricoide
    • Vertical: a partir da face inferior da cartilagem cricoide, estendendo-se 2-3 cm caudalmente
  2. O tecido subcutâneo e os músculos transversais, ao longo da linha média, são dissecados para expor a traqueia e a glândula tiroide.
  3. O istmo da tiroide é retraído ou dividido.
  4. É realizada uma incisão entre o 2º e o 3º anel traqueais e a mesma é dilatada.
    • O cirurgião deve comunicar com o anestesiologista antes de aceder à via aérea.
    • O tubo endotraqueal existente será manipulado para permitir a passagem do tubo de traqueostomia.
  5. O tubo endotraqueal é elevado logo acima da traqueotomia.
  6. O tubo de traqueostomia é colocado através da abertura na traqueia e o balão é insuflado.
  7. O tubo é conectado ao ventilador mecânico.

Logo após a proteção da via aérea:

  • O tubo endotraqueal é extraído, se estiver presente, e o tubo de traqueostomia é fixado com suturas.
  • A ambu é conectado ao tubo e o indivíduo é ventilado com 100% de O2.
  • Ambos os lados são auscultados para garantir a colocação do tubo acima da carina.
  • Deve ser solicitada uma gasometria arterial e uma radiografia de tórax.

Complicações

  • Hemorragia intra e pós-operatória
  • Colocação inadequada com asfixia
  • Descanulação acidental:
    • Os indivíduos com alteração do estado mental (e.g., delírio) estão em risco.
    • Podem ser usadas contenções temporárias durante o procedimento.
  • Obstrução do tubo
  • Fístula traqueoesofágica
  • Deslocamento do tubo de traqueostomia
  • Estenose traqueal
  • Pneumotórax/pneumomediastino (raro)

Paracentese

Definição

  • Evacuação de fluido de dentro da cavidade peritoneal, através de uma agulha e/ou cateter para fins diagnósticos e/ou terapêuticos
  • Também conhecida como drenagem abdominal

Objetivos terapêuticos

  • Diagnóstico do processo patológico causador da acumulação de líquido peritoneal
  • Alívio temporário dos sintomas causados pela ascite tensa ou crónica:
    • Respiratórios (e.g., dispneia)
    • GI (e.g., diarreia, saciedade precoce)

Indicações

  • Ascite de início recente
  • Suspeita de ascite maligna
  • Suspeita de infeção intra-abdominal

Contraindicações

Absolutas:

  • Abdómen agudo
  • CID

Relativas:

  • Obstrução intestinal em curso ou distensão intestinal grave
  • Cirurgia abdominal prévia (pela probabilidade de aderências)
  • Indivíduos anticoagulados, sem evidência de CID
  • Grávidas: requer orientação por ecografia

Procedimento

Devido à sua simplicidade, o procedimento pode ser realizado à cabeceira do doente.

Marcos da anatomia de superfície:

  • Umbigo
  • Espinha ilíaca ântero-superior

Preparação pré-operatória:

  • Explicar o procedimento ao indivíduo e obter o consentimento informado.
  • Colocar o indivíduo em decúbito dorsal ou lateral.
  • Selecionar e marcar o local para punção:
    • Abordagem infraumbilical: 2 cm abaixo do umbigo
    • Abordagem lateral: ponto entre o 1/3 lateral e o 1/3 médio de uma linha imaginária traçada entre o umbigo e a espinha ilíaca ântero-superior
      • Lateral ao músculo reto abdominal
      • 2–4 cm superomedial à espinha ilíaca ântero-superior
    • Evitar cicatrizes cirúrgicas, pois podem existir aderências em baixo da cavidade peritoneal, aumentando o risco de lesão intestinal
  • Lavar o local da incisão com solução antissética (iodopovidona ou clorexidina) e cobrir o mesmo com campos estéreis.
  • Monitorização contínua:
    • Frequência cardíaca
    • Tensão arterial
  • Descompressão do estômago com sonda nasogástrica, se necessário.
  • Descompressão da bexiga com cateter de Foley, se necessário.

Técnica:

  1. O anestésico local (lidocaína a 1%) é infiltrado no local proposto para punção.
  2. A agulha (calibre 18 a 22) é inserida no local escolhido, perpendicularmente à pele (ou a um ângulo de 45 graus).
  3. A pele é mantida sob tensão e a agulha é avançada até atingir a cavidade peritoneal.
    • Durante o avanço, é aplicada sucção intermitente.
    • O refluxo de fluido na seringa confirma a entrada na cavidade.
  4. São colhidos 20–50 mL de fluido para análise.
  5. Se a paracentese continuar, para fins terapêuticos, a agulha é conectada ao tubo IV e aos frascos de vácuo ou a uma seringa para aspiração sequencial.
  6. A drenagem, geralmente, é suspensa quando são colhidos 5L de fluido. (A paracentese de grande volume foi associada a hipotensão.)
  7. A agulha é extraída e o local da punção é coberto com uma gaze estéril. (Se o local da punção continuar a vazar após 5 minutos de pressão, este deve ser suturado).

Após o procedimento:

  • Os sinais vitais devem ser monitorizados por 1 hora após a punção.
  • Os indivíduos devem poder retomar as atividades normais imediatamente.

Complicações (raras)

  • Perfuração de víscera oca
  • Lacerações de grandes vasos
  • Hematoma no local da punção
  • Infeção
  • Extravasamento de líquido ascítico
  • Hipotensão
  • Perfuração da bexiga

Incisão e Drenagem de Abcessos Superficiais

Definição

  • A incisão e drenagem (I&D) é o tratamento primário das infeções superficiais da pele, englobando o procedimento de incisão e drenagem de uma coleção superficial de material purulento para o tratamento da lesão.
  • Refere-se a abcessos encontrados principalmente na pele/estruturas da pele

Objetivos terapêuticos

  • Eliminação do foco infecioso
  • Redução da resposta inflamatória
  • Restauração da anatomia normal

Indicações

  • Na maioria dos indivíduos com abcessos subcutâneos:
    • Os antibióticos, por si só, não permitem a resolução completa do quadro.
    • A incisão e a drenagem do conteúdo do abcesso facilita a remoção do material purulento, reduz o edema e a dor.
  • Lembrar: Abcessos perirretais e periareolares requerem consulta prévia da cirurgia geral devido ao risco elevado de formação de fístula.

Contraindicações

  • Abcesso grande ou profundo
  • Massa pulsátil próxima ao abcesso
  • Proximidade a vasos ou nervos importantes
  • Presença de corpo estranho

Procedimento

Devido à sua simplicidade, o procedimento pode ser realizado à cabeceira do doente ou em ambulatório.

Preparação pré-operatória:

  • Explicar o procedimento ao indivíduo e obter o consentimento informado.
  • Verificar a imunização contra o tétano.
  • Identificar o local do abcesso e marcar a incisão.
  • Lavar a pele com uma solução antissética e cobrir com campos estéreis.
  • O operador deve usar EPIs adequados.

Técnica:

  1. O anestésico local (lidocaína a 1%) é infiltrado no local proposto para a incisão.
  2. É realizada uma incisão diretamente no centro do abcesso.
    • A incisão é realizada paralelamente às linhas de tensão da pele.
    • Pode ser usada uma pinça hemostática curva para disseção romba.
  3. Assim que o abcesso é perfurado, deve exteriorizar-se imediatamente material purulento.
    • Devem ser imediatamente colocados campos estéreis ou gazes sob a incisão para colher o material à medida que ele se exterioriza.
    • Alguns abcessos podem ter quantidades tão grandes de material que pode ser necessária uma bandeja para o colher.
  4. Usando as duas mãos, o operador pressiona as bordas do abcesso para forçar o seu conteúdo para o exterior.
    • Este passo deve ser realizado com muito cuidado para evitar que o pus saia da incisão.
    • Os limites do abcesso podem ser explorados com pinças hemostáticas curvas ou um dedo enluvado.
  5. Após a evacuação completa do abcesso, a ferida deve ser generosamente irrigada com soro fisiológico.
  6. O tamponamento apenas é necessário em abcessos com > 5 cm de diâmetro.
  7. A incisão é coberta com uma gaze estéril e adesivo.
  8. O encerramento é por segunda intenção.

Cuidados pós-operatórios:

  • Visita de follow-up em 2 a 3 dias para remoção do curativo
  • São prescritos antibióticos por até 7 dias (antiestreptocócicos/antiestafilocócicos).

Complicações

  • Infeção no local cirúrgico
  • Dor no local da incisão
  • Hemorragia
  • Celulite em redor do local da incisão

Punção Lombar

Definição

  • Remoção de LCR do canal espinhal através de uma agulha espinhal, para fins diagnósticos ou terapêuticos
  • Também conhecida como drenagem lombar

Indicações

  • Diagnóstico de:
    • Suspeita de infeção do SNC (e.g., meningite)
    • Condições inflamatórias:
      • Síndrome de Guillain-Barré
      • Esclerose múltipla
    • Hipertensão intracraniana idiopática (pseudotumor cerebral)
    • Hidrocefalia de pressão normal
    • Convulsões de início recente
    • Cerebrite por lúpus eritematoso sistémico (LES)
  • Tratamento:
    • Analgesia espinhal
    • Administração de quimioterápicos ou antibióticos

Contraindicações

Absolutas:

  • Infeção cutânea local
  • Aumento da pressão intracraniana
  • Massa supratentorial
  • Coagulopatia grave
  • Instabilidade hemodinâmica

Procedimento

Preparação pré-operatória:

  • Explicar o procedimento ao indivíduo e obter o consentimento informado.
  • Colocar o indivíduo em decúbito lateral esquerdo ou direito.
    • Instruir o indivíduo a puxar os joelhos até a barriga e a cabeça em direção ao peito (“enrolar-se numa bola”) com as costas próximas ao limite da cama.
  • Identificar e marcar o local da punção:
    • Traçar uma linha imaginária entre as cristas ilíacas.
    • A linha imaginária cruza o processo espinhoso de L4.
    • Identificar o espaço entre L2–L3, L4–L5 ou L5–S1 para punção.
  • Lavar o local da punção com uma solução antissética e cobrir com campos estéreis.
  • O operador deve usar EPIs adequados.

Técnica:

  1. O anestésico local (lidocaína a 1%) é infiltrado, formando uma pápula em redor do local proposto para punção.
  2. Inserir cuidadosamente uma agulha espinhal de calibre 20 ou 22 através da pele, alinhada com a linha média.
    • A agulha é guiada com o polegar e o indicador não dominantes.
    • A ponta da agulha deve ficar voltada para cima.
  3. Avançar a agulha até atingir o canal medular.
    • Ocorre uma sensação de “ressalto” e uma queda na resistência quando a agulha perfura a dura-máter.
    • Se for encontrado osso, a agulha pode ser ligeiramente retirada e avançada numa trajetória um pouco diferente.
  4. Remover o estilete para verificar a saída de LCR.
    • A entrada no canal espinhal é confirmada pelo fluxo de LCR através da agulha.
  5. Pode ser usado um barómetro para medir a pressão de abertura do LCR.
  6. Colher 2–3 mL de LCR em 3 tubos para análise.
    • Se o fluido estiver sanguinolento após as primeiras gotas (conhecido como punção traumática), a agulha é retirada e a punção é tentada noutro local.
    • A persistência de sangramento em ≥ 2 locais levanta a suspeita de hemorragia subaracnoideia.
  7. Assim que todo o fluido tenha sido colhido, a agulha é tapada com o estilete e retirada.

Cuidados pós-procedimento :

  • O indivíduo deverá ficar em observação por pelo menos 6 horas.
  • Elevar o apoio de cabeça em 30 graus para evitar a dor de cabeça pós-punção.

Complicações

  • Cefaleia pós-punção
  • Punção lombar traumática (hemorragia)
  • Herniação cerebral
  • Hematoma espinhal epidural ou subdural
  • Hérnia de disco
  • Aspiração e lesão de raiz nervosa
  • Meningite

Artrocentese

Definição

  • Aspiração de líquido sinovial diretamente de uma articulação para fins diagnósticos e/ou terapêuticos
  • Pode ser realizada, potencialmente, em qualquer articulação sinovial

Indicações

  • Análise de derrame articular e determinação da sua etiologia:
    • Artrite sética
    • Artrite assética
    • Gota
  • Remoção de fluido sético da articulação

Contraindicações

  • Celulite ou danos na pele sobre a articulação
  • Anticoagulação ou coagulopatia grave
  • Mais de 3 injeções numa articulação de sustentação do peso, nos últimos 12 meses
  • Articulações instáveis
  • Dificuldade no acesso às articulações por parte dos médicos dos cuidados primários (e.g., articulação do quadril, articulação sacroilíaca)
    • Aspirações de articulações mais profundas devem ser realizadas por operadores qualificados.
    • Pode ser usada orientação por ecografia ou por fluoroscopia.
  • Prótese articular

Procedimento

Preparação pré-operatória:

  • Explicar o procedimento ao indivíduo e obter o consentimento informado.
  • Colocar o indivíduo na melhor posição para a articulação em questão. Por exemplo:
    • A artrocentese do joelho requer que o indivíduo seja colocado em decúbito dorsal ou sentado com o joelho dobrado a um ângulo de 45 graus.
    • A artrocentese da articulação coxofemoral requer que o indivíduo seja colocado em decúbito lateral (lado afetado para cima) ou em decúbito dorsal.
  • O local da punção é selecionado palpando os pontos de referência em redor ou usando orientação por ecografia.
    • Devem ser evitados tendões, grandes vasos sanguíneos e nervos.
    • A trajetória da agulha pode ser visualizada em tempo real com o uso de ultrassonografia.
  • Lavar o local da punção com uma solução antissética e cobri-la com campos estéreis.
  • O operador deve usar EPIs adequados.

Técnica:

  1. O anestésico local (lidocaína a 1%) é infiltrado, formando uma pápula em redor do local proposto para a punção.
    • Após a infiltração da pele, os tecidos mais profundos e as cápsulas articulares são infiltrados com anestésico.
    • A tubuladura pode ser deixada presa à agulha para facilitar as trocas de seringa.
  2. É inserida uma agulha, acoplada a uma seringa de tamanho adequado, no espaço articular, seguindo o trajeto anestesiado (o tamanho da agulha precisa de ser proporcional à articulação em questão).
  3. A entrada no espaço é confirmada pelo fluxo de líquido sinovial na seringa.
  4. O operador deve drenar o máximo de líquido (ou sangue) possível, até que não seja possível retirar mais.
    • O fluido é colocado em tubos estéreis para análise.
    • Para garantir que a agulha não esteja obstruída por detritos, a agulha pode ser ligeiramente retirada e avançada, ou pode ser girada.
  5. Retirar a agulha e cobrir o local da punção com gaze estéril. Aplicar pressão.
Introdução da agulha do portal anteriolateral

Artrocentese do joelho direito por via infrapatelar lateral

Imagem: “Introduction of the Needle from the Anteriolateral Portal” por Chavez-Chiang CE, Sibbitt WL, Band PA, Chavez-Chiang NR, Delea SL, Bankhurst AD. Licença: CC BY 2.0

Cuidados pós-operatórios:

  • O indivíduo pode retornar às atividades regulares posteriormente.
  • Outras recomendações dependem da situação específica do indivíduo.

Complicações

  • Infeção do tecido ou articulação circundante
  • Hemorragia e hemartrose (sangue na articulação)

Relevância Clínica

As seguintes são complicações da cricotiroidotomia/traqueotomia:

  • Pneumotórax: condição com risco de vida em que o ar se acumula no espaço pleural, causando colapso parcial ou total do pulmão. A apresentação cursa com o início súbito de dor torácica aguda, dispneia e diminuição do murmúrio vesicular ao exame físico. A gravidade dos sintomas depende do grau de colapso do pulmão. O diagnóstico é realizado por imagem, embora o pneumotórax hipertensivo seja um diagnóstico clínico. O tratamento baseia-se no tamanho e na estabilidade do indivíduo e pode incluir a descompressão por agulha e a colocação de um dreno torácico (toracostomia).
  • Pneumomediastino: presença de ar no mediastino. A apresentação clínica cursa com dispneia, sendo o enfisema subcutâneo um achado comum. O diagnóstico é realizado através de exames de imagem, preferencialmente uma TC torácica. O tratamento pode ser conservador, em indivíduos estáveis, ou cirúrgico, através da descompressão, em casos graves.
  • Fístula traqueoesofágica: comunicação patológica entre a traqueia e o esófago. Os indivíduos podem apresentar distensão gástrica, devido ao extravazamento de ar para o esófago, refluxo gástrico frequente e pneumonia aspirativa, além de hemoptises. O diagnóstico é realizado através de esofagografia contrastada e o tratamento definitivo é cirúrgico.

As seguintes são complicações da paracentese:

  • Hipotensão: definida como pressão arterial baixa, especificamente < 90/60 mmHg. A hipotensão é mais frequentemente uma resposta fisiológica. A hipotensão pode ser leve, grave ou com risco de vida, dependendo da causa. Podem ocorrer complicações clinicamente significativas quando a pressão arterial diminui o suficiente para tornar a perfusão dos órgãos cruciais insuficiente. Os estudos diagnósticos e o tratamento dependem da apresentação clínica e das condições subjacentes.

A seguir listam-se as complicações da incisão e drenagem de abcessos superficiais:

  • Infeção do local cirúrgico (SSI, pela sigla em inglês): tipo de infeção cirúrgica que ocorre em ou próximo a uma incisão cirúrgica, dentro de 30 dias após o procedimento ou dentro de 90 dias se for implantado material protésico. Uma SSI é classificada de acordo com a profundidade do envolvimento como superficial, profunda ou de acordo com o órgão/espaço. O diagnóstico baseia-se em achados clínicos e pode exigir diagnóstico por imagem. O tratamento envolve antibióticos, bem como drenagem/desbridamento cirúrgico, conforme necessário.
  • Celulite: infeção comum causada por bactérias, acometendo a derme e o tecido subcutâneo da pele. A celulite é frequentemente causada por Staphylococcus aureus e Streptococcus pyogenes. A apresentação clínica inclui uma área eritematosa e edematosa com calor e sensibilidade. Os limites não são claramente delineados. As extremidades inferiores são o local mais frequente de infeção. O diagnóstico geralmente é clínico e o tratamento envolve antibióticos orais e/ou parentéricos. A cobertura para MRSA pode ser adicionada, dependendo dos fatores de risco.

As seguintes são complicações da punção lombar:

  • Herniação cerebral: deslocamento anormal de estruturas do SNC dentro da abóbada craniana. Entre os tipos de herniação cerebral estão a subfalcina, a transtentorial central, a uncal, a cerebelar e a das amígdalas. A apresentação clínica varia de acordo com o tipo de herniação, mas pode ser tão grave ao ponto cursar com depressão respiratória. O diagnóstico é clínico e o tratamento envolve medidas para diminuir a PIC.
  • Herniação discal: expulsão do núcleo polposo através de uma perfuração no anel fibroso do disco intervertebral. A hérnia de disco é uma síndrome dolorosa importante, com potencial para comprometimento neurológico, e é mais frequentemente causada por doença degenerativa do disco. A apresentação clínica depende das sequelas neurológicas a jusante e da presença ou ausência de compressão da medula espinhal ou da raiz nervosa. O diagnóstico é inicialmente clínico e pode ser confirmado com imagem (ou seja, RMN). O tratamento pode ser conservador ou cirúrgico, dependendo da situação.
  • Meningite: inflamação das meninges, as membranas protetoras do cérebro e da medula espinhal. As etiologias são variadas, sendo a mais comum a infeção bacteriana ou viral. A apresentação clássica da meningite é uma tríade de febre, alteração do estado de consciência e rigidez da nuca. O diagnóstico de meningite é realizado com base na clínica, através de um exame neurológico completo. A análise do LCR é uma importante ferramenta diagnóstica, pois é difícil identificar clinicamente a etiologia exata. O tratamento da meningite inclui a administração imediata de antibióticos de largo espectro e terapêutica de suporte para prevenção de complicações.

Referências

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  2. Quick, C. R. G., Biers, S. M., & Arulampalam, T. H. A. (2020). Thoracic surgery. In: Quick, C. R. G., Biers, S. M., & Arulampalam, T. H. A. (Eds.), Essential Surgery: Problems, Diagnosis and Management, 6th ed., pp. 421–431. Elsevier.
  3. Roden, D. (2020). Cricothyroid catheter insertion, cricothyroidotomy, and tracheostomy. In: Fowler, G. C. (Ed.), Pfenninger and Fowler’s Procedures for Primary Care, pp. 1485–1492. Elsevier.
  4. Skye, E. (2020). Abdominal paracentesis. In: Fowler, G. C. (Ed.), Pfenninger and Fowler’s Procedures for Primary Care, pp. 1461–1465. Elsevier. 
  5. Pastorino, A., Tavarez, M. M. (2021). Incision and drainage. StatPearls. Retrieved December 1, 2021, from http://www.ncbi.nlm.nih.gov/books/NBK556072/ 
  6. German, J. A., & O’Brien, J. (2020). Lumbar puncture. In: Fowler, G. C. (Ed.), Pfenninger and Fowler’s Procedures for Primary Care, pp. 1471–1476. Elsevier.
  7. Tantillo, T. J., Katsigiorgis, G. (2021). Arthrocentesis. StatPearls. Retrieved December 1, 2021, from http://www.ncbi.nlm.nih.gov/books/NBK557805/ 
  8. Barkdull, T. J., O’Connor, F. G., & McShane, J. M. (2020). Joint and soft tissue aspiration and injection (Arthrocentesis). In: Fowler, G. C., Pfenninger and Fowler’s Procedures for Primary Care, pp. 1221–1239. Elsevier.

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