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Perturbação de Conduta

A perturbação de conduta (PC) é uma perturbação da faixa pediátrica onde os doentes não cumprem recorrentemente com os direitos básicos dos outros ou com as normas sociais. Exemplos de comportamentos incluem violência, destruição, roubos, mentiras e um desafiar constante das regras que dura pelo menos 1 ano. Um fator de risco importante é a rejeição e a negligência dos pais. A perturbação de conduta é difícil de tratar e requer uma abordagem multimodal, incluindo terapia familiar, modificações comportamentais e farmacoterapia.

Última atualização: May 6, 2022

Responsibilidade editorial: Stanley Oiseth, Lindsay Jones, Evelin Maza

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Descrição Geral

Definição

A perturbação de conduta (PC) é uma perturbação disruptiva que implica um grande número de comportamentos problemáticos e atividades antissociais. Crianças e adolescentes com esta perturbação apresentam agressividade para com os outros e destroem voluntariamente bens, roubam ou mentem.

Epidemiologia

Prevalência estimada nos Estados Unidos:

  • 2%–9%
  • Mais frequente na adolescência
  • Sexo masculino > sexo feminino

Cerca de 40% das crianças diagnosticadas com PC desenvolvem perturbação de personalidade antissocial na vida adulta.

Etiologia

  • Nenhuma teoria definitiva devido à existência de múltiplos fatores de risco e comorbilidades
  • Fatores de risco:
    • Pessoais:
      • Temperamento infantil de difícil controle
      • Inteligência abaixo da média, principalmente no que diz respeito ao QI verbal
    • Ambientais:
      • Negligência dos pais
      • Maus-tratos físicos/sexuais
      • Criminalidade parental
      • Rejeição pelos pares
      • Exposição à violência e/ou abuso de substâncias
    • Genética e fisiológica: maior risco em crianças com irmãos ou pais com outras doenças psiquiátricas

Apresentação Clínica e Diagnóstico

Critérios clínicos de diagnóstico

  • Um padrão crónico de comportamentos desajustados onde são violados os direitos básicos dos outros ou as regras sociais apropriadas para a idade
  • Vários subtipos, dependendo da idade de início
Tabela: Diagnóstico de perturbação de conduta
Categorias Critérios
Agressão a pessoas e animais
  • Maltrata, ameaça ou intimida os outros
  • Inicia lutas físicas
  • Utiliza armas perigosas para causar danos
  • Fisicamente cruel para as pessoas
  • Fisicamente cruel para os animais
  • Rouba durante o confronto com uma vítima
  • Força alguém a praticar atividade sexual
Destruição de propriedade
  • Envolve-se deliberadamente na provocação de incêndios
  • Destrói a propriedade alheia
Desonestidade ou roubo
  • Invade a propriedade de outra pessoa
  • Frequentemente mente ou engana os outros para benefício próprio
  • Rouba sem confrontar a vítima
Infrações graves de regras
  • Frequentemente fica fora de casa à noite, apesar da proibição dos pais
  • Foge de casa, passando a noite fora, pelo menos duas vezes ou uma vez sem regressar por um longo período
  • Falta às aulas (<13 anos)

Outras considerações

  • A perturbação comportamental causa prejuízos clinicamente significativos no funcionamento social, académico ou profissional.
  • Se persistir após os 18 anos, o PC é reclassificado como perturbação de personalidade antissocial.
  • A avaliação diagnóstica deve incluir informações colaterais de familiares e outros cuidadores, bem como relatos escolares, se disponíveis.
  • Exames laboratoriais básicos como, por exemplo, um exame toxicológico qualitativo de urina, podem ser importantes para descartar perturbações de abuso de substâncias ou outras doenças comórbidas.

Tratamento

Abordagem geral

Abordagem multimodal:

  • Terapia familiar: aumenta as capacidades de comunicação, melhora as interações familiares
  • Terapia comportamental: técnicas de controle de raiva, melhoria das habilidades sociais
  • Farmacoterapia: dirigida a sintomas específicos
Tabela: Farmacoterapia para diferentes sintomas-alvo da PC
Sintomas alvo Opções farmacológicas
Agressão, explosividade Estabilizadores de humor (por exemplo, lítio)
Agressões graves
  • Antipsicóticos de segunda geração (por exemplo, risperidona)
  • Inibidores seletivos de recaptação de serotonina (SSRIs) (por exemplo, fluoxetina, citalopram)
Impulsividade, hiperactividade, desatenção
  • Estimulantes (por exemplo, metilfenidato)
  • Não estimulante (por exemplo, guanfacina), se existir risco de abuso

Prognóstico

  • Tipo com início na infância: grande risco para desenvolver perturbação de personalidade antissocial e perturbações de abuso de substâncias
  • Tipo com início na adolescência: melhor prognóstico, pode responder melhor às intervenções

Diagnóstico Diferencial

  • Perturbação de oposição e de desafio (POD): perturbação psiquiátrica infantil que se caracteriza por um padrão contínuo de humor raivoso/irritável, comportamentos argumentativos/ desafiantes ou de índole vingativa dirigida a adultos ou a outras figuras de autoridade. Os sintomas devem estar presentes ≥ 6 meses.Os doentes com POD não apresentam comportamentos agressivos/violentos e não colidem com os direitos dos outros, como acontece na PC.
  • PHDA: perturbação do desenvolvimento neurológico caracterizada por um padrão de atenção limitada e/ou sintomas de hiperatividade em 2 contextos diferentes por > 6 meses. Normalmente surge antes dos 12 anos de idade. A PHDA é uma comorbilidade comum da PC; contudo, os sintomas de hiperatividade e o comportamento impulsivo da PHDA geralmente não violam as normas sociais ou os direitos dos outros.
  • Perturbação de desregulação do humor disruptivo (PDHD): uma perturbação mental infantil que envolve um humor negativo crónico, irritabilidade e explosões temperamentais recorrentes graves. Embora as explosões emocionais sejam desproporcionais à fase de desenvolvimento/maturidade da criança, estes episódios não são suficientemente graves para serem classificados como PC nem afetam os direitos dos outros como na PC.
  • Perturbação explosiva intermitente (PEI): uma perturbação do controle de impulsos, caracterizada por episódios de explosões recorrentes, severas e agressivas, sendo que o humor é normal entre as explosões. Os sintomas persistem por > 3 meses. Pode surgir na infância ou na adolescência, mas a PEI é frequentemente diagnosticada em homens jovens (> idade 18). As explosões de raiva não são tão graves nem violentas para com os outros como os comportamentos da PC. Estas explosões também são seguidas de arrependimento, o que não acontece frequentemente na PC.
Tablea: Características da perturbação de conduta em comparação com diagnósticos diferenciais importantes
Características Perturbação de oposição e de desafio (POD) Perturbação de desregulação do humor disruptivo (PDHD) Perturbação de conduta (PC)
Inicio Idade pré-escolar 6-10 anos
  • Tipo com início na infância: < 10
  • Tipo com início na adolescência: > 10
Humor Agressivo ou irritável Agressivo ou irritável Sem componente de humor
Prejuízo nas relações interpessoais Apresenta comportamentos argumentativos/desafiantes contínuos e frequentes, inconsistentes com o nível de desenvolvimento Apresenta explosões de emoção inconsistentes com o nível de desenvolvimento
  • Inicia comportamento agressivo
  • Reage de forma agressiva
Características psicológicas
  • Comportamento secundário a uma ameaça à própria autonomia
  • O doente considera que o comportamento é justificado.
Resposta extrema e desproporcional ao estímulo Falta de empatia, remorso, culpa
Características comportamentais
  • Desafia as regras e as figuras de autoridade
  • Não é fisicamente agressivo
  • Humor aumentado, mas sem cumprir critérios para perturbações bipolares
  • Verbal/fisicamente agressivo
  • Não cumpre as regras da sociedade (roubo, vandalismo)
  • Agressivo para pessoas e animais
Diagnóstico de exclusão Não diagnosticado se o doente cumprir os critérios para PDHD Pode ser comórbida com PHDA, perturbação de conduta, perturbações depressivas e perturbações de abuso de substâncias
  • Pode ser comórbida com POD
  • Perturbação de personalidade antissocial se > 18 anos

Referências

  1. Mohan L, Yilanli M, Ray S. (2020). Conduct disorder. In: StatPearls Retrieved June 7, 2021, from https://www.ncbi.nlm.nih.gov/books/NBK470238/
  2. Sadock BJ, Sadock VA, Ruiz P. (2014). Child psychiatry. Chapter 31 of Kaplan and Sadock’s Synopsis of Psychiatry: Behavioral Sciences/Clinical Psychiatry, 11th ed. Philadelphia: Lippincott Williams and Wilkins, pp. 1247–1253..
  3. Barzman, D. (2017). Conduct disorder and Its Clinical Management. DeckerMed Medicine.

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