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Laringotraqueobronquite

A laringotraqueobronquite, também conhecida como croup, é uma doença, na maioria das vezes, causada por uma infeção vírica que provoca inflamação grave das vias aéreas superiores. Geralmente ocorre em crianças < 5 anos de idade. Os pacientes desenvolvem uma tosse rouca, semelhante a um latido, e estridor inspiratório. O vírus parainfluenza humano é responsável pela maioria dos casos, seguido pelo vírus sincicial respiratório, adenovírus, rinovírus e enterovírus. O diagnóstico é geralmente feito clinicamente ou com o auxílio de radiografias, que podem apresentar um estreitamento da coluna de ar na traqueia chamado “sinal de campanário”. O tratamento consiste em corticosteróides e adrenalina.

Última atualização: Jan 16, 2023

Responsibilidade editorial: Stanley Oiseth, Lindsay Jones, Evelin Maza

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Epidemiologia

  • Atinge principalmente crianças dos 6 aos 36 meses
    • Faixa etária potencialmente afetada: 6 meses aos 15 anos
  • 15% das hospitalizações por emergências pediátricas são por laringotraqueobronquite
  • Mais prevalente no outono e início do inverno
  • Mais comum em rapazes, com uma proporção homem:mulher de 1,4:1
  • 5-6 casos por cada 100 crianças no segundo ano de vida nos Estados Unidos

Transmissão

  • Período de contágio nos primeiros dias, especialmente no primeiro ou segundo dia
  • Transmissão através de gotículas e aerossóis libertados por espirros e tosse

Fatores de risco

  • Mudança de estação (outono → inverno, inverno → primavera)
  • Prematuridade
  • 6 meses aos 6 anos de idade
  • Asma

Etiologia e Fisiopatologia

Etiologia

A laringotraqueobronquite é normalmente causada por um vírus (75% dos casos) e menos frequentemente por uma bactéria.

  • Vírica:
    • Mais comum: vírus parainfluenza tipos 1 e 2
      • 3 proteínas virulentas: proteína de fusão, hemaglutinina, neuraminidase
    • Outros: vírus sincicial respiratório (segunda causa mais comum), adenovírus, coronavírus, vírus do sarampo, vírus influenza, rinovírus, enterovírus, vírus herpes simplex, metapneumovírus
  • Bacteriana:
    • Frequentemente dividida em:
      • Traqueíte bacteriana
      • Laringotraqueobronquite
      • Difteria laríngea causada por Corynebacterium diphtheriae
      • Broncopneumonite laringotraqueal
    • Outros agentes bacterianos:
      • Mycoplasma pneumoniae
      • Staphylococcus aureus
      • Haemophilus influenzae
      • Streptococcus pneumoniae
      • Moraxella catarrhalis
Microscopia eletrónica de transmissão de vírus parainfluenza

Microscopia eletrónica de transmissão de vírus parainfluenza

Imagem: “Transmission electron micrograph” por Public Health Image Library. Licença: CDC/Domínio Público

Fisiopatologia

  • Os vírus que provocam croup infetam o epitélio da mucosa nasal e faríngea através de gotículas e aerossóis.
  • A infeção estende-se para a laringe e traqueia através do epitélio respiratório.
  • A infeção promove a infiltração de leucócitos, especialmente histiócitos, neutrófilos, células plasmáticas e linfócitos.
  • Provoca edema na traqueia, laringe e brônquios principais.
  • O edema provoca obstrução/estreitamento parcial das vias aéreas.
  • A respiração intensa durante o exercício e outras atividades físicas vigorosas resulta em estridor.

Apresentação Clínica

  • Os sinais e sintomas variam:
    • Secreção nasal
    • Congestão nasal
    • Coriza
    • Tosse característica semelhante a latido
    • Estridor inspiratório
    • Febre baixa
    • Rouquidão
    • Aumento agudo das amígdalas
    • Dificuldade na deglutição e alimentação (disfagia)
    • Sinal de Hoover (movimento para dentro da caixa torácica inferior durante a inspiração)
    • Agitação
    • Pulso paradoxal secundário à obstrução da via aérea superior
  • Evolução típica (croup viral):
    • Sintomas iniciais: coriza, congestão nasal
    • 12-48 horas: febre, “tosse de cão”, rouquidão, estridor
    • À medida que a doença progride, podem ocorrer sinais de dificuldade respiratória (como taquipneia, dispneia em repouso, retrações intercostais, alterações do estado mental).
    • A doença dura cerca de 3-7 dias (autolimitada).
  • Croup espasmódica:
    • Começo mais abrupto
    • Muitas vezes sem febre
    • Os sintomas são episódicos e ocorrem durante a noite, com períodos de melhoria diurna.
    • Podem ser vistos com mais frequência naqueles com histórico familiar de alergias

Diagnóstico

  • O diagnóstico é baseado na presença de tosse semelhante ao “latido da foca” e estridor inspiratório.
  • Não são necessárias radiografias nem análises laboratoriais para fazer o diagnóstico.
  • A gravidade da laringotraqueobronquite pode ser detetada pelos seguintes exames:
    • Radiografia lateral do pescoço para excluir qualquer outra causa, como um abcesso periamigdaliano
    • A radiografia antero-posterior geralmente mostra o “sinal do campanário”, que representa o estreitamento subglótico
  • A broncoscopia pode estar indicada em pacientes com episódios recorrentes de croup.
  • A gravidade da doença pode ser avaliada pelos critérios de Westley:
Característica Número de pontos associados a cada característica
0 1 2 3 4 5
Tiragem Nenhuma Ligeira Moderada Grave
Estridor Nenhum Com agitação Em repouso
Cianose Nenhuma Com agitação Em repouso
Nível de consciência Normal Desorientado
Entrada de ar Normal Diminuída Marcadamente diminuída
  • LIgeira: pontuação total ≤ 2 = tosse tipo latido e rouquidão, mas sem estridor em repouso
  • Moderada: pontuação total de 3-7 = estridor em repouso e pelo menos retrações suaves
  • Grave: pontuação total ≥ 8 = estridor óbvio e sinal de Hoover
  • Insuficiência respiratória iminente: pontuação total ≥ 12

Dica: embora a radiografia de tórax mostre um estreitamento da coluna de ar na traqueia (sinal do campanário), raramente é realizada na prática e é sempre a resposta errada no caso de uma questão sobre o próximo passo mais apropriado no diagnóstico. Isto porque o diagnóstico baseia-se nos sinais clínicos de uma “tosse de cão” e estridor inspiratório.

Sinal do campanário

Radiografia de tórax a revelar estenose subglótica, conhecida como sinal do campanário, frequentemente observada em radiografia antero-posterior de pacientes com croup.

Imagem: “Steeple sign” por Jayshil J. Patel, Emily Kitchin, and Kurt Pfeifer. Licença: CC BY 4.0

Tratamento

  • Tratamento de suporte: oxigénio suplementar, antipiréticos, ingestão de líquidos
  • Administração de oxigénio:
    • O paciente deve receber oxigénio pelo método “blow-by” (segurar a fonte de oxigénio perto do rosto da criança).
    • Para evitar o sofrimento da criança, não deve ser utilizada máscara ou cânula nasal.
    • O uso de vapor quente ou ar humidificado não proporciona alívio efetivo.
    • A entubação endotraqueal é necessária em <3% dos casos.
  • Medicação:
    • Os corticosteroides (e.g., dexametasona, budesonida) são administrados por via oral ou via injeção; observa-se melhoria da inflamação/sintomas das vias aéreas geralmente em 6–8 horas.
    • A epinefrina racémica pode ser administrada por nebulização para controlar a gravidade da doença.
    • Os antibióticos são prescritos apenas em casos de infeção bacteriana primária ou secundária (a vancomicina e a cefotaxima estão recomendadas nestes casos).
    • Os antivíricos inibidores da neuraminidase devem ser administrados a doentes com gripe.
    • Os fármacos para a tosse com dextrometorfano ou guaifenesina devem ser evitados.
  • Observar 3-4 horas após o tratamento inicial e intervenção farmacológica.
  • A hospitalização deve ser considerada para doentes com sintomas graves contínuos após ≥ 4 horas do tratamento inicial.

Prognóstico

  • A laringotraqueobronquite é uma doença autolimitada que geralmente resolve em 3 dias (80% dos casos).
  • A maioria dos casos apresenta melhoria em 3-7 dias.
  • A hospitalização é necessária em apenas 8%–15% dos casos.
  • A laringotraqueobronquite é uma doença com risco de vida, mas raramente evolui para a morte; a mortalidade ocorre em < 1% dos pacientes entubados; paragem cardíaca fora do hospital e morte podem ocorrer.
  • Complicações (incomum)
    • Pneumonia
    • Edema pulmonar
    • Traqueíte bacteriana secundária (febre alta, aparência tóxica, exsudados mucopurulentos na traqueia)
    • Insuficiência respiratória
    • Pneumotórax
    • Pneumomediastino
    • Sintomas recorrentes (5% dos casos)

Diagnósticos Diferenciais

Apresentam-se os diagnósticos diferenciais de laringotraqueobronquite:

  • Pneumonia: infeção que atinge os alvéolos pulmonares, resultando na acumulação de fluido ou pus (material purulento). Manifesta-se clinicamente com tosse com expetoração ou purulenta, febre, arrepios e dispneia.
  • Traqueíte bacteriana secundária: causada por uma infeção bacteriana secundária da traqueia. O desenvolvimento de exsudados mucopurulentos e edema leva à obstrução das vias aéreas superiores.
  • Pneumotórax: um pulmão colapsado que resulta na perda de ar no espaço entre os pulmões e a parede torácica. A acumulação de ar entre a pleura visceral e parietal pode levar ao colapso do pulmão.
  • Epiglotite: uma inflamação da epiglote causada por Haemophilus, infeções estreptocócicas ou estafilocócicas, com dispneia, estridor e cianose; em último caso, pode provocar a morte por obstrução das vias aéreas
  • Difteria laríngea: manifesta-se com tumefação do pescoço e garganta, ou “pescoço de touro”, acompanhada pelos seguintes sintomas clínicos: tosse semelhante a latido, estridor, rouquidão, dispneia e croup diftérico
  • Aspiração de corpo estranho: o alimento aspirado pode alojar-se na laringe ou traqueia, o que pode provocar asfixia e potencialmente a morte.
  • Abcessos periamigdalinos, parafaríngeos ou retrofaríngeos: abcessos da faringe que se apresentam com febre, linfadenopatia, rigidez e dor no pescoço, salivação, desvio da úvula, voz abafada e rouca (“batata quente”) e dificuldade na deglutição.

Referências

  1. Bjornson C., Johnson D. (2019). Croup: symptoms, diagnosis, and treatment. BMJ Best Practice. https://bestpractice.bmj.com/topics/en-gb/681
  2. Ortiz-Alvarez, O. (2017). Acute management of croup in the emergency department. Paediatrics & Child Health 22(3):166–169. https://doi.org/10.1093/pch/pxx019
  3. Toward Optimized Practice (TOP) Working Group for Croup. (2008 January). Diagnosis and management of croup. Edmonton, AB: Toward Optimized Practice. https://actt.albertadoctors.org/CPGs/Lists/CPGDocumentList/croup-guideline.pdf
  4. Woods, C. R. (2021). Management of Croup. UpToDate. Retrieved August 16, 2022, from https://www.uptodate.com/contents/management-of-croup
  5. Woods, C.R. (2022) Croup: clinical features, evaluation, and diagnosis. UpToDate. Retrieved August 21, 2022, from https://www.uptodate.com/contents/croup-clinical-features-evaluation-and-diagnosis
  6. Bower, J., McBride, J.T. (2015). Croup in children (acute laryngotracheobronchitis). Mandell, Douglas, and Bennett’s Principles and Practice of Infectious Diseases, 8th ed. pp. 762–766.e1. https://doi.org/10.1016/B978-1-4557-4801-3.00061-8

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