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Hérnia Discal Espinhal

A hérnia discal espinhal (também conhecida como herniação do núcleo polposo) descreve a expulsão do núcleo polposo através de uma perfuração no anel fibroso do disco intervertebral. A hérnia discal espinhal é uma síndrome dolorosa importante com potencial para causar comprometimento neurológico, e é mais frequentemente causada pela doença degenerativa do disco. A apresentação clínica depende da presença ou ausência de compressão da medula espinhal ou da raiz nervosa e dos componentes neurológicos a jusante (e.g., dor radicular, fraqueza muscular, défice sensorial, défice dos reflexos osteotendinosos). O diagnóstico é inicialmente clínico e pode ser confirmado por imagem (e.g., RMN). O tratamento pode variar de conservador a cirúrgico, dependendo da situação.

Última atualização: Jan 22, 2023

Responsibilidade editorial: Stanley Oiseth, Lindsay Jones, Evelin Maza

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Descrição Geral

Definição

A hérnia discal espinhal é uma condição na qual a porção central gelatinosa de um disco intervertebral é forçada através de uma porção enfraquecida da parte externa fibrocartilaginosa do disco, muitas vezes resultando em dor nas costas e/ou irritação da raiz nervosa.

Discos espinhais (discos intervertebrais)

Estrutura:

  • Composto por um anel fibroso externo (anel fibroso) e um centro gelatinoso (núcleo polposo)
    • O anel fibroso é uma estrutura fibroelástica semirrígida que contém o núcleo polposo e ancora o disco intervertebral às vértebras adjacentes.
    • O núcleo polposo é uma matriz gelatinosa de água e proteoglicanos, que permite que o disco intervertebral se flexione e deforme com o movimento fisiológico da coluna.
  • Convexo anteriormente, côncavo posteriormente

Função:

  • Estruturas deformáveis e que absorvem o choque
  • A capacidade de deformação permite alguma liberdade de movimento entre os elementos ósseos da coluna vertebral.
  • Responsável pelo amortecimento das articulações intervertebrais da coluna vertebral

Relações anatómicas:

  • O ⅓ externo do anel fibroso é inervado (potencial gerador de dor).
  • As fibras anulares são contínuas com as fibras periosteais das vértebras adjacentes.
  • As fibras anulares são contínuas com as placas vertebrais cartilaginosas:
    • A placa terminal vertebral é uma “tampa” cartilaginosa nas faces superior e inferior da vértebra óssea.
    • Localizadas entre os elementos vertebrais ósseos e o disco intervertebral
  • Normalmente preenche e está contido no espaço do disco intervertebral:
    • O espaço entre as placas terminais vertebrais define os limites cranial e caudal do espaço do disco intervertebral.
    • Os limites externos das apófises do corpo vertebral ósseo definem os limites periféricos do espaço do disco intervertebral.
  • Contínuo e limitado anteriormente pelo ligamento longitudinal anterior:
    • Estrutura fibrosa larga e espessa, cobre todo o aspeto anterior do(s) disco(s) espinhal(s)
    • Fornece o suporte estrutural para a coluna anterior e para a porção anterior do anel fibroso
    • As hérnias anteriores são raras devido à largura e integridade estrutural proporcionadas por este ligamento.
  • Contínuo e limitado posteriormente pelo ligamento longitudinal posterior:
    • Estreito; esta estrutura fibrosa (em comparação com o ligamento longitudinal anterior) cobre apenas a porção côncava central do(s) disco(s) espinhal(s).
    • Forma a borda anterior do canal medular
    • Fornece suporte estrutural para a coluna posterior e a porção central posterior do anel fibroso
    • Não cobre a porção posterolateral do(s) disco(s) espinhal(s), deixando o aspeto posterolateral do(s) disco(s) mais vulnerável à hérnia

Epidemiologia

  • Incidência:
    • Radiculopatia cervical:
      • 107 em 100.000 homens
      • 64 em 100.000 mulheres
    • Radiculopatia torácica: 0,5%–4,5% de todas as ruturas de disco (a menos comum de todas as síndromes de dor discal)
    • Radiculopatia lombar:
      • 5-20 casos por cada 1000 adultos anualmente
      • 66% de todas as síndromes de dor discal
  • Prevalência de:
    • Dor lombar aguda: 37%
    • Prevalência ao longo da vida: 87%
  • Maior prevalência nas idades dos 30 aos 50 anos
  • Relação homem:mulher de 2:1
  • Nota: <5% dos casos de dor lombar que se apresentam nos cuidados de saúde primários têm herniação discal sintomática.

Etiologia

  • Doença degenerativa do disco (causa mais comum)
  • Exceder os limites da amplitude de movimento da coluna vertebral
  • Exceder os limites de carga da coluna vertebral
  • Trauma

Fisiopatologia

Degeneração do disco espinhal (doença degenerativa do disco (DDD))

  • Perda de integridade estrutural e funcional do(s) disco(s) intervertebral(is)
  • Pode incluir qualquer (múltiplos ou todos) dos seguintes:
    • Desidratação do anel fibroso
    • Fibrose/calcificação do anel fibroso
    • Perda do espaço intervertebral (ou seja, altura)
    • Rutura anular com ou sem herniação
    • Herniação do conteúdo nuclear
    • Defeitos da placa terminal vertebral
    • Formação de osteófitos

Rutura anular

  • Fissura anular se existirem múltiplas lacerações
  • Separação, avulsão ou quebra das fibras anulares
  • Pode ser traumático ou degenerativo
  • Pode ou não estar associado a extravasamento do núcleo polposo além das margens anulares
  • Pode produzir dor discal independentemente do vazamento do conteúdo nuclear

Hérnia de disco espinhal

  • Deslocação do conteúdo do disco (anular, nuclear, cartilaginoso, ósseo) além dos limites do espaço normal do disco
  • Focal: < 25% da circunferência do disco
  • Base ampla: 25%–50% da circunferência do disco
  • Circunferencial (também conhecido como protuberância de disco generalizada): > 50% da circunferência do disco
  • Subcategorias de herniação:
    • Protrusão do disco espinhal:
      • Hérnia de disco em que as dimensões do eixo x são superiores às dimensões do eixo y
      • Estende-se mais de forma horizontal, além das margens periféricas do espaço do disco, do que cranial ou caudalmente
      • Geralmente menos avançadas e hérnias menores
    • Extrusão do disco espinhal:
      • Hérnia discal em que as dimensões do eixo y são maiores que as do eixo x
      • Estende-se sobretudo além das margens craniocaudais do disco, quando comparada com a extensão horizontal além das margens periféricas.
      • Geralmente, hérnias mais avançadas e maiores
    • Sequestro do disco espinhal: perda completa da continuidade do conteúdo do disco herniado com o disco nativo
Estágios da hérnia de disco

Continuum da hérnia discal espinhal

Imagem por Lecturio.

Disrupção anular

  • Um anel fibroso saudável possui uma estrutura fibroelástica:
    • Rígido o suficiente para suportar as forças de cisalhamento do movimento fisiológico da coluna
    • Flexível o suficiente para se deformar aos limites fisiológicos do movimento da coluna vertebral
  • Mecanismos que comprometem a integridade do anel fibroso incluem:
    • Forças de cisalhamento não fisiológicas:
      • Movimento excessivo ou repetitivo (e.g., flexão, extensão, flexão lateral, rotação)
      • Carga excessiva ou repetitiva (e.g., levantamento de pesos, obesidade)
      • Trauma
    • Progressão degenerativa:
      • Pode fazer parte do processo normal de envelhecimento
      • Pode ser acelerado por fatores de estilo de vida
  • As alterações degenerativas do anel incluem:
    • Desidratação do anel fibroso
    • Fibrose/calcificação do anel fibroso
    • Perda do espaço intervertebral (ou seja, altura)
    • Rutura anular com ou sem herniação
    • Herniação do conteúdo nuclear
  • Ruturas no anel fibroso sob alto esforço levam a:
    • Protrusão do núcleo polposo
    • Hérnia discal
    • A hérnia discal pode deslocar-se e pode exercer um efeito de massa nas estruturas vizinhas (i.e., medula espinhal ou raiz(s) do nervo espinhal).
  • Esta hérnia causa:
    • Dor discogénica (dor local com origem nas fibras nervosas do anel)
    • Mielocompressão (também conhecida como mielopatia; compressão da própria medula espinhal):
      • Síndrome do cone medular
      • Síndrome da cauda equina
    • Irritação/compressão das respetivas raízes nervosas espinhais:
      • Radiculite: dor radicular no dermátomo/apenas alteração sensorial
      • Radiculopatia: dor radicular no dermátomo + manifestação motora no miótomo (fraqueza, diminuição dos reflexos)

Apresentação Clínica

Terminologia relacionada

  • Dermátomo: área previsível de inervação sensitiva (campo recetivo) associada a um determinado nervo espinhal
  • Miótomo: área previsível de inervação motora (músculos, grupos musculares e reflexos osteotendinosos (ROTs) profundos relacionados) associados a um determinado nervo espinhal
  • Dor discogénica: dor localizada (axial, linha média) associada à rutura de fibras no anel fibroso:
    • Localizada, pontiaguda ou opaca, não irradia
    • Exacerbada pela tosse, esforço ou espirro
    • Geralmente agrava com a flexão (compressão dos elementos do disco) e alivia com a extensão (descompressão dos elementos do disco)
    • Dor reproduzida com discografia provocativa
    • Nem todos os discos degenerados são dolorosos.
    • A dor discogénica pode ocorrer isolada ou acompanhada de dor radicular ou dor referida.
    • Localizada (dor axial), mas também pode irradiar para estruturas não discais (a dor dessas áreas geralmente não é referida ou irradia para áreas distantes):
      • Estruturas ligamentares
      • Estruturas tendinosas
      • Articulações zigoapofisárias
  • Dor referida:
    • Região previsível de distribuição da dor associada a um determinado desencadeador de dor (e.g., hérnia de disco)
    • Longe do local do dano tecidual
    • Localização não segue a distribuição de um dermátomo
    • Exemplo:
      • A inflamação da articulação sacroilíaca (SI) pode manifestar-se como dor referida previsivelmente à coxa posterolateral ipsilateral (geralmente não ocorre abaixo do joelho), incluindo a banda iliotibial e a bursa trocantérica.
      • A inflamação da articulação coxofemoral pode manifestar-se com dor referida à virilha ipsilateral, incluindo órgãos genitais.
  • Dor radicular: dor ou distúrbio sensitivo desconfortável com distribuição ao longo do dérmatomo da(s) raiz(es) do nervo espinhal associado(s), devido a irritação ou compressão:
    • A dor ocorre longe do local da alteração do disco.
    • Geralmente na distribuição do dermátomo da(s) raiz(es) nervosa(s) afetada(s)
    • A dor geralmente é de natureza neuropática (ou seja, em queimadura, parestesias dolorosas, formigueiros, picadas, lancinante (elétrico, tipo choque)).
  • Síndrome radicular (também conhecida como compressão da raiz nervosa ou radiculopatia): descreve o conjunto de sintomas desencadeados por irritação mecânica ou compressão de uma raiz nervosa espinhal pela presença anormal de conteúdo do discal:
    • Dor essencialmente radicular mais manifestações motoras
    • As manifestações motoras podem incluir:
      • Fraqueza no miótomo
      • Diminuição dos reflexos relacionados com o miótomo afetado
      • Espasmos musculares nos músculos do miótomo

História clínica

Questionar o indivíduo sobre as características da dor (e.g., aguda, insidiosa, desconforto) e sintomas acompanhantes (e.g. dor referida, irradiação da dor, alterações sensitivas, alterações motoras), bem como doenças anteriores, que possam ser um sinal de alerta para causas específicas da dor e que apelem à ação urgente.

Localização da dor e áreas relacionadas:

  • Pescoço:
    • Dor localizada na coluna cervical: também conhecida como cervicalgia
    • A dor na coluna cervical geralmente é referida à cabeça e/ou ombros.
    • A irritação/compressão da raiz do nervo cervical irradia a dor para os dermátomos da extremidade superior.
    • Dor isolada do dermátomo da raiz do nervo cervical: também conhecida como radiculite cervical
    • A radiculite cervical pode ser um componente da radiculopatia cervical.
  • Tórax:
    • Dor localizada na coluna torácica, também conhecida como toracalgia
    • A dor espinhal na coluna torácica geralmente irradia para a caixa torácica.
    • A irritação/compressão da raiz dos nervos torácicos irradia para os dermátomos associados ao(s) nervo(s) intercostal(ais).
    • Irradiação de dor intercostal isolada, também conhecida como intercostalgia
  • Lombar:
    • Dor lombar localizada: também conhecida como lumbalgia
    • A dor na coluna lombar geralmente irradia às nádegas, região pélvica (incluindo quadris e/ou virilha) ou extremidades inferiores.
    • Dor isolada na raiz do nervo espinhal lombar: também conhecida como radiculite lombar
    • A radiculite lombar pode ser um componente da radiculopatia lombar.

Dor cervical, torácica ou lombar em combinação com qualquer um dos cenários clínicos abaixo são um “sinal de alarme” e requerem investigação e tratamento precoces para evitar morbilidade significativa.

Tabela: Cenários clínicos com possíveis diagnósticos
Cenário clínico Possível diagnóstico
Traumas graves (devido a acidentes automobilísticos, queda de grandes alturas e lesões desportivas) e pequenos traumas em idosos ou indivíduos potencialmente acometidos pela osteoporose; terapêutica sistémica com esteroides Fratura vertebral
Idade avançada, história de tumores e sintomas generalizados (fadiga, perda de peso, anorexia) e aumento da dor em decúbito dorsal; dor noturna intensa Tumor
Sintomas generalizados (febre aguda, calafrios, perda de apetite e fadiga), história de infeção e doença sistémica associada; abuso de drogas; supressão imunológica; dor agravada à noite Infeção
Dor que irradia para as pernas acompanhada de parestesias ou fraqueza; síndrome da cauda equina: disfunção súbita da bexiga ou do reto, perda da sensibilidade perianal e perineal; défice neurológico acentuado/crescente; cessação da dor com paralisia crescente levando à perda completa da função do músculo de referência (morte da raiz nervosa) Hérnia discal
Início súbito de dor ou fraqueza após punção lombar, injeção intratecal, injeção peridural de esteroides ou raquianestesia, especialmente em indivíduos sob anticoagulantes ou naqueles com trombocitopenia ou outra discrasia hemorrágica Hematoma espinhal

Exame objetivo

Inspeção:

  • Lordose: curvatura posterior excessiva de uma área da coluna vertebral (geralmente cervical ou lombar)
  • Cifose: curvatura anterior excessiva da coluna (geralmente torácica)
  • Escoliose: desvio lateral da coluna da linha média
  • Step off: geralmente um desvio anterior focal (segmento único) do alinhamento normal dos processos espinhosos relacionado com a espondilólise (fratura da pars intraarticularis óssea vertebral) e/ou espondilolistese (deslizamento anterior de um segmento vertebral ósseo sob o segmento vizinho caudal)
  • Assimetria da musculatura paraespinhal

Palpação:

  • Alterações dos músculos paraespinhais (ou seja, hipertonicidade, atrofia)
  • Áreas dolorosas (e.g. processo espinhoso, espaço do disco intervertebral, músculos paraespinhais)
  • Step off: geralmente um desvio anterior focal (segmento único) do alinhamento normal dos processos espinhosos relacionados com a espondilólise (fratura da pars intraarticularis óssea vertebral) e/ou espondilolistese (deslizamento anterior de um segmento vertebral ósseo sob o seu vizinho caudal)
  • Crepitação

Manobras provocatórias:

  • Teste de Spurling (também conhecido como teste de compressão cervical) na hérnia discal cervical:
    • O indivíduo dobra (extensão, flexão, flexão lateral, rotação) a cabeça em direção ao lado doloroso.
    • O médico aplica pressão caudal no topo da cabeça.
    • O teste é positivo se reproduz dor localizada, referida ou radicular.
  • Teste de Lasègue (também conhecido como teste de elevação da perna em extensão) na hérnia de discal lombar:
    • Com o indivíduo em decúbito dorsal, o médico levanta passivamente cada perna da mesa a 30-45 graus.
    • O teste é positivo quando reproduz dor localizada, referida ou radicular.
Teste da perna reta (teste de lasègue)

Teste da perna em extensão (teste de Lasègue)

Imagem por Lecturio.

Avaliação dos sintomas radiculares:

  • Sensitivo: Identificar áreas de dor referida e/ou dor radicular/distúrbio sensorial.
  • Motor: Identificar áreas de fraqueza num miótoma e/ou diminuição dos reflexos.
Tabela: Síndromes radiculares cervicais importantes
Síndrome Parésia Irradiação da dor, parestesias, alterações da sensibilidade Dimminuição dos reflexos
C5 Deltóide Ombro lateral Reflexo bicipital
C6 Bíceps braquial, músculo braquiorradial Braço radial estendendo-se até ao polegar Reflexo do bíceps, reflexo radial
C7 Tríceps braquial Região do antebraço dorsal, mão dorsal estendendo-se até do 2º ao 4º dedos Reflexo do tríceps, reflexo do bíceps
C8 Músculos pequenos da mão Braço cubital, mão lateral estendendo-se até o 5º dedo Não aplicável
Tabela: Síndromes radiculares lombares importantes
Síndrome Parésia Irradiação da dor, parestesias, distúrbios de sensibilidade Diminuição dos reflexos
L3 Quadrícipes, adutores da coxa, iliopsoas Face anterior transversa da coxa em direção ao joelho Reflexo adutor, talvez reflexo patelar
L4 Quadríceps, músculo tibial anterior Parte inferior anterior e medial da perna Reflexo patelar
L5 Extensor longo do hálux (levanta o dedo grande do pé), talvez músculo tibial anterior e posterior, músculo glúteo médio Parte inferior lateral e anterior da perna, dorso do pé estendendo-se até o dedo grande do pé Reflexo tibial posterior
S1 Tríceps sural (flexão plantar, testar talvez durante a permanência em bicos de pés), músculo glúteo máximo, músculo bíceps femoral Coxa posterior e lateral, lateral do pé Reflexo Aquiliano
S2–S4 Disfunção da bexiga e do reto (emergência neurológica, ver síndrome da cauda) Coxa posterior, região anal (síndrome da cauda: apresentação pélvica) Reflexo anal

Avaliação da mielopatia:

  • Procurar por sinais de doença do neurónio motor superior.
  • História clínica pertinente/achados ao exame físico:
    • Espasticidade
    • Hiperreflexia
    • Fraqueza muscular
    • Sinal de Trömner (envolvimento do membro superior)
    • Sinal de Babinski (envolvimento de membros inferiores)
  • Incontinência urinária/fecal

Avaliação das síndromes do cone medular/cauda equina:

  • Dor nas costas com sinais/sintomas radiculares bilaterais
  • Alterações sensitivas/fraqueza de ambas as extremidades inferiores
  • Disfunção da bexiga/intestino (disrupção autonómica)
  • Anestesia em sela ou sensibilidade diminuída no períneo
  • Disfunção sexual
Saddle anesthesia 1

Área sensitiva afetada na “anestesia em sela”

Imagem por Lecturio.

Diagnóstico

A suspeita do diagnóstico é geralmente baseada numa história clínica e exame físico completos e muitas vezes confirmado com imagem (e.g. RMN).

RMN

  • Método de eleição para confirmar a hérnia discal espinhal devido à melhor visualização dos tecidos moles.
  • Vistas axiais e sagitais
  • Usada para o planeamento de procedimentos de intervenção da dor e cirurgia
  • Muitos casos de hérnia discal podem ser assintomáticos e encontrados incidentalmente em exames de imagem de rotina solicitados por outras indicações.
Protuberância do disco central direito

Protuberância do disco:
Axial (A) e sagital (B) As imagens ponderadas em T2 revelam uma protuberância focal do disco central direito em L4-L5 que recua levemente o saco tecal e se estende até o canal radicular direito (seta branca em A, seta preta em B). Em L5-S1 está presente uma protrusão mais focal e laceração anular associada (seta branca em B).

Imagem: “Disc Bulge” por Department of Chiropractic, D’Youville College, 320 Porter Avenue, Buffalo, NY, 14201, USA. Licença: CC BY 2.0

TC

  • Estudo predileto para visualizar estruturas ósseas
  • Também pode mostrar discos herniados calcificados.
  • Relativamente mais acessível que a RMN
  • Alternativa se o indivíduo não puder ser submetido a RMN
  • A mielografia por TC pode ser realizada para visualizar a hérnia discal.

Raios X

  • Método mais acessível
  • Usado para avaliar a instabilidade estrutural:
    • Espondilólise
    • Espondilolistese
    • Fratura vertebral
  • Pode ser necessário como método de imagem inicial para autorizar TC e/ou RMN
  • Discografia provocativa:
    • Injeção de um meio de contraste diretamente no disco para visualização do mesmo
    • Pode ser realizada sob orientação de fluoroscopia ou TC
    • A reprodução da dor durante a injeção confirma a presença de dor discogénica.

Tratamento

Tratamento conservador

  • Analgésicos (e.g. AINEs) e relaxantes musculares (e.g. ciclobenzaprina)
    • Se os analgésicos não opioides forem ineficazes, podem ser prescritos analgésicos opioides fracos.
    • O tratamento deve seguir a pirâmide da escalada analgésica recomendada pela OMS.
  • Considerar restrições de atividade e/ou ortóteses se existirem sinais/sintomas neurológicos.
  • Fisioterapia conforme tolerada à medida que os sintomas melhoram
  • O tratamento osteopático de alta velocidade e/ou quiroprático é contraindicado.
  • Os procedimentos de intervenção para o controlo da dor podem ser paliativos: injeção peridural de esteroides no(s) segmento(s) espinhal(s) afetado(s)
    • Abordagem transforaminal: o espaço epidural é acedido lateralmente, diretamente no buraco neuronal intervertebral da(s) raiz(es) nervosa(s) afetada(s)
    • Abordagem interlaminar: o espaço epidural é acedido posteriormente, no espaço interlaminar intervertebral abaixo da(s) raiz(es) nervosa(s) afetada(s)
    • Abordagem caudal: o espaço epidural é acedido caudalmente, distante da(s) raiz(es) nervosa(s) afetada(s) no hiato sacral

Tratamento cirúrgico

O tratamento cirúrgico é reservado para indivíduos cuja condição não responde ao tratamento conservador e/ou nos quais estão presentes défices neurológicos persistentes ou em rápido agravamento.

  • Indicações absolutas:
    • Disfunção intestinal/bexiga
    • Síndrome cone-cauda
    • Parésia significativa
    • Sinais de mielopatia
  • Indicações relativas:
    • Sequestro do disco espinhal
    • Falência da terapêutica conservadora (síndrome de dor persistente durante semanas, apesar de terapêutica conservadora)
  • Procedimentos:
    • O material do disco espinhal pode ser removido através de:
      • Laminectomia
      • Discectomia
      • Técnicas cirúrgicas da coluna vertebral mais avançadas extravasam o âmbito deste documento.
Técnica de microdiscectomia

Técnica de microdiscectomia

Imagem por Lecturio.

Complicações

  • Dor crónica nas costas
  • Perda significativa da capacidade de trabalho e incapacidade em casos graves
  • Danos neuronais remanescentes devido à compressão da raiz nervosa
  • Intervenções repetidas

Prognóstico

  • 85% dos casos terão resolução espontânea em 8 a 12 semanas.
  • A terapêutica conservadora pode melhorar a clínica em até 80% dos casos.
  • O sucesso da terapêutica conservadora é comparável ao da intervenção cirúrgica, após monitorização e observação adequadas.
  • A taxa de reincidência é bastante alta.

Diagnóstico Diferencial

  • Dor lombar devido a causas mecânicas (e.g., má postura)
  • Quisto discal: lesão incomum da coluna vertebral. O quisto discal é um quisto extratecal que comunica com o disco intervertebral adjacente através de uma fissura anular. Os quistos podem comprimir as raízes nervosas, resultando em radiculopatia.
  • Estenose espinhal degenerativa: estreitamento do canal vertebral que comprime os nervos espinhais e pode causar dor nas pernas e dificuldade na marcha. A estenose espinhal degenerativa geralmente é causada pelo desenvolvimento de osteófitos vertebrais. Os sintomas da estenose lombar degenerativa ocorrem frequentemente em idosos e podem ser tratados conservadoramente com analgésicos ou agressivamente com cirurgia descompressiva.
  • Metástases: disseminação de um tumor do seu local primário para locais próximos ou distantes. Algumas neoplasias, como o cancro da próstata, podem metastatizar para os corpos vertebrais e simular lombalgia devido à radiculopatia.
  • Síndrome pseudorradicular: a dor nas costas que parece radicular e irradia para os braços e pernas, mas não é imediatamente causada pela compressão da raiz nervosa, é denominada de síndrome pseudorradicular. A dor geralmente não irradia estritamente como na radiculopatia e, em vez disso, pode aparecer como parestesias, sem uma forte correlação com os dermátomos. A síndrome pseudorradicular é geralmente ortopédica, talvez mediada pela síndrome zigoapofisária ou síndrome da articulação iliossacral, sugerindo distorções articulares (bloqueios), que são atribuídas a alterações degenerativas ou má postura.
  • Lesões de nervos periféricos: lesões de nervos periféricos ou lesões de plexos podem mimetizar clinicamente a lesão da raiz nervosa. Além da atenção pormenorizada aos sintomas clínicos, a neurografia pode ser útil para facilitar o diagnóstico.
  • Radiculite inflamatória: a radiculite causada por uma infeção bacteriana ou viral (principalmente borreliose e herpes zoster) e a inflamação autoimune ou criptogénica devem ser consideradas no diagnóstico diferencial. Além da hérnia discal espinhal, a necessidade local de espaço (tumor, metástases ósseas) pode causar radiculopatia. Além disso, alterações degenerativas da coluna vertebral, os abcessos espinhais ou a espondilodiscite devem ser consideradas, bem como a possibilidade de radiculopatia diabética.

Referências

  1. Appel, B. (2001). Nomenclature and classification of lumbar disc pathology. The Spine Journal, 14(2), 147–151. https://doi.org/10.1177/197140090101400208
  2. Deyo, R.. (2016). Herniated lumbar intervertebral disk. Retrieved October 29, 2021, from https://www.nejm.org/doi/full/10.1056/NEJMcp1512658
  3. Dydyk, A. (2021). Disc herniation. StatPearls. Retrieved October 29, 2021, from https://www.ncbi.nlm.nih.gov/books/NBK441822/
  4. Hsu, P. (2021). Acute lumbosacral radiculopathy: pathophysiology, clinical features, and diagnosis. UpToDate. Retrieved October 29, 2021, from https://www.uptodate.com/contents/acute-lumbosacral-radiculopathy-pathophysiology-clinical-features-and-diagnosis
  5. Kerry Levin, K. (2021). Acute lumbosacral radiculopathy: treatment and prognosis. Retrieved October 29, 2021, from https://www.uptodate.com/contents/acute-lumbosacral-radiculopathy-treatment-and-prognosis

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