As fraturas pélvicas são uma rutura da integridade cortical do osso pélvico, incluindo fraturas da asa do ilíaco, do acetábulo ou as que envolvem o anel pélvico (o sacro e os 2 ossos inominados). Os doentes apresentam geralmente uma história de traumatismo ou queda, discrepância no comprimento dos membros, dor intensa à palpação e instabilidade mecânica. Pacientes idosos com osteoporose podem ter fraturas de fragilidade não traumáticas. O diagnóstico é clínico e confirmado por imagiologia. O tratamento inicial inclui o controlo de hemorragia, ressuscitação com fluidos e fixação mecânica. A cirurgia está frequentemente indicada nos doentes com traumatismos de alta energia. Após a recuperação, pode haver diminuição da qualidade de vida.
Última atualização: Jan 11, 2024
Uma fratura pélvica é uma rutura da integridade cortical de 1 dos ossos pélvicos. Estão incluídas as fraturas da asa do ilíaco, do acetábulo ou as que envolvem o anel pélvico (o sacro e os 2 ossos inominados).
Vários ossos formam um anel, estes juntam-se anteriormente na sínfise púbica e posteriormente no sacro.
Diagrama dos ossos pélvicos
Imagem por Lecturio. Licença: CC BY-NC-SA 4.0Vista medial do osso da anca, incluindo os seus componentes: o ilíaco (verde), o ísquio (amarelo) e o púbis (azul)
Imagem por BioDigital, editado por Lecturio.Vista lateral do osso da anca, incluindo os seus componentes: o ilíaco (verde), o ísquio (amarelo) e o púbis (azul)
Imagem por BioDigital, editada por Lecturio.Vista anterior da pélvis incluindo os ligamentos das articulações da cintura pélvica
Imagem por BioDigital, editada por Lecturio.Vista lateral da hemipélvis, incluindo os buracos isquiáticos maior e menor
Imagem por BioDigital, editada por Lecturio.Colunas acetabulares
Imagem por Lecturio.A classificação Young-Burgess tem 3 categorias de fraturas pélvicas consoante o mecanismo de lesão.
Existem vários sistemas detalhados de classificação das fraturas acetabulares (Letournel, Brandser e March e Judet). No geral, são classificadas em fraturas simples (únicas) ou complexas (múltiplas), nomeadas de acordo com a(s) sua(s) localização(ões):
Classificação de Young-Burgess de fraturas pélvicas
Imagem por Lecturio.Classificação de Letournel de fraturas acetabulares
Imagem por Lecturio.Classificação de Letournel de fraturas acetabulares
Imagem por Lecturio.A avaliação de uma fratura pélvica é feita tendo em conta o contexto do doente com trauma no SU, seguindo o método de suporte avançado de vida no trauma (ATLS, pela sigla em inglês) para avaliação e tratamento simultâneo de lesões. A pelve é uma fonte importante de hemorragia e deve ser examinada com cuidado, especialmente em doentes hipotensos.
Num doente com suspeita de fratura pélvica é essencial avaliar possíveis comorbilidades.
O diagnóstico de uma fratura pélvica é inicialmente clínico e confirmado com imagiologia. Doentes com fraturas pélvicas que envolvem o anel pélvico podem ter lesões uretrais ou da bexiga; é necessária uma avaliação urológica urgente.
Raio-X (incidência AP da pélvis) mostrando uma fratura pélvica:
Note o alargamento da sínfise púbica.
TC mostrando uma fratura do ilíaco
Imagem: “Trans-arterial and trans-venous interventional radiology for an elderly patient with life-threatening pelvic injury after accidental falling due to life-threatening cardiac arrhythmia: a case report” por Morozumi J, Arai T, Ohta S. Licença: CC BY 3.0Radiografia antero-posterior no dia de admissão mostranso uma fratura da coluna anterior no acetábulo direito
Imagem: “F7: Case 4” por Fornaro J. et al. Licença: CC BY 2.0Uma incidência AP da anca direita após lesão mostra uma fratura da parede e coluna posteriores do acetábulo direito e uma fratura do ramo púbico inferior ipsilateral.
Imagem: “F1: An AP view of the right hip after injury” por Zhang Y. et al. Licença: CC BY 2.0Para fraturas pélvicas com perda da integridade do anel pélvico (o sacro e os 2 ossos inominados), o tratamento definitivo e o controlo da hemorragia são realizados pelo cirurgião traumatologista e/ou ortopédico. Para fraturas de fragilidade pélvicas em idosos que não necessitam de cirurgia, o controlo da dor e a mobilização precoce são importantes.
Exemplo de um lençol utilizado como um dispositivo de compressão circunferencial pélvica
Imagem: “Use of a noninvasive pelvic circumferential compression device (PCCD) has become commonplace, and has become a well-established component of ATLS protocol” por Rahul Vaidya et al. Licença: CC BY 4.0Algoritmo do NYU Hospital for Joint Diseases para avaliação de um paciente admitido na sala de emergência com suspeita de fratura pélvica
DPL: lavagem peritoneal diagnóstica
FAST: avaliação ecográfica focada no trauma (do inglês focused assessment with sonography in trauma)
SI: sacroilíaco