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Fobias Específicas

Fobia específica refere-se a uma resposta de medo ou de ansiedade que surge na presença de um objeto ou situação específica e que leva o doente a evitar a situação temida. O estímulo fóbico pode ser animal (por exemplo, aranhas, cães), situações de ambiente natural (por exemplo, água, tempestades), de sangue e feridas (por exemplo, agulhas), situacionais (por exemplo, espaços fechados), e outras (situações não especificadas anteriormente). Os sintomas provocam prejuízo funcional e persistem por ≥ 6 meses. A TCC é o tratamento de 1ª linha; os fármacos têm um papel limitado no tratamento desta perturbação.

Última atualização: May 3, 2022

Responsibilidade editorial: Stanley Oiseth, Lindsay Jones, Evelin Maza

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Descrição Geral

Definição

Uma fobia é definida como um medo irracional que resulta em evitamento do objeto, da atividade ou da situação temida.

  • O medo pode surgir por antecipação, durante a exposição ou mesmo ao ouvir o nome do estímulo.
  • Os doentes com fobia específica podem ter um insight bom, com perceção que os seus medos são excessivos, ou podem ter um insight pobre.
  • Os doentes têm frequentemente múltiplas fobias específicas e cada uma precisa de ser especificada num diagnóstico.

Epidemiologia

  • A prevalência estimada de fobia social ao longo da vida nos Estados Unidos é de 7%–12.5%.
  • Mais frequente no sexo feminino
  • Distribuição bimodal da idade de início:
    • As fobias de sangue e feridas e as fobias de situações de ambiente natural ocorrem na infância.
    • As fobias situacionais ocorrem mais frequentemente na idade adulta.

Fisiopatologia

  • Genética:
    • Indivíduos com parentes de 1º grau com fobias específicas têm um risco aumentado (até 31%) de desenvolver a doença, embora com diferentes estímulos.
    • Os estudos com gémeos mostram uma maior influência dos fatores ambientais face aos fatores genéticos.
  • Neurobiológica: A hiperativação da amígdala e da ínsula (estruturas envolvidas nas respostas emocionais negativas) tem sido associada a perturbações fóbicos.
  • Traços de personalidade:
    • Sensibilidade à repulsa: predisposição para sentir repulsa/ nojo em resposta a certos estímulos (certos animais ou injeções de sangue)
    • Sensibilidade à ansiedade: medo das sensações ou comportamentos de ansiedade devido à crença de que os sintomas de ansiedade são prejudiciais
  • Fatores ambientais:
    • Eventos traumáticos, stress associado, exposição prévia e subsequente a determinado estímulo e o apoio obtido estão relacionados com o desenvolvimento de fobias específicas.
    • Processos que levam ao desenvolvimento do medo:
      • Condicionamento direto: estar ferido ou assustado ou ter a sensação de impotência leva ao desenvolvimento de ansiedade em relação à situação/objeto.
      • Aprendizagem vicariante: observar alguém com o comportamento ansioso
      • Transmissão de informações: obtenção de informações de outros ou através dos meios de comunicação (por exemplo, ataques de tubarões, acidentes aéreos)

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Apresentação Clínica e Diagnóstico

Especificadores

Principais tipos de fobias específicas com base no estímulo fóbico:

  • Animal:
    • Aranhas: aracnofobia
    • Cães: cinofobia
    • Insetos: entomofobia
  • Ambiente natural:
    • Alturas: acrofobia
    • Água: aquafobia
    • Tempestades: astrofobia
  • Sangue e feridas:
    • Injeções/agulhas: tripanofobia ou belenofobia
    • Procedimento dentário: odontofobia
  • Situacional:
    • Voar: aviofobia
    • Locais fechados: claustrofobia
  • Outros (não especificados acima):
    • Pessoas mascaradas: masklofobia
    • Sons altos: fonofobia ou ligirofobia
    • Vómitos: emetofobia

Características clínicas e diagnóstico

  • Os doentes apresentam-se com:
    • Medo ou ansiedade acentuados acerca de um objeto ou situação
    • O objeto ou situação fóbica provoca quase sempre uma resposta imediata de medo ou ansiedade:
      • Medo intenso, com excitação fisiológica (↑ FC ou da TA)
      • As crianças choram, agarram-se aos adultos e tremem de frio
    • Comportamento de evitamento
    • O medo ou ansiedade causa prejuízo funcional (por exemplo, o doente evita viajar por medo de voar, não consegue encontrar um emprego por medo de conduzir).
  • Os sintomas persistem ≥ 6 meses
  • O medo e a ansiedade não se devem a nenhuma outra perturbação mental ou ao abuso de substâncias.
  • O diagnóstico é baseado na apresentação dos sintomas.
  • Sem tratamento, a fobia persiste durante toda a vida.

Tratamento

  • A fobia específica é tratável, embora poucos doentes procurem tratamento.
  • Psicoterapia:
    • TCC com base na exposição: tratamento de 1ª linha
    • Objetivo: dessensibilizar o doente ao estímulo fóbico
    • Exposição in vivo: o tratamento mais eficaz a longo prazo para fobias específicas
  • Farmacoterapia:
    • Geralmente, a farmacoterapia isolada não é útil nesta perturbação, dado que a ansiedade pode voltar após a descontinuação farmacológica.
    • Benzodiazepinas de curta duração podem ser usadas em doentes com claustrofobia (medo de lugares fechados, como uma máquina de ressonância magnética).
    • D-cicloserina
      • Agonista parcial do recetor de N-metil-d-aspartato (NMDA)
      • Ainda sobre investigação, mas alguma evidência no aumento da eficácia da TCC durante a terapia de exposição

Outras Perturbações de Ansiedade

A tabela seguinte resume as informações mais importantes sobre as perturbações de ansiedade.

Tabela: Comparação das perturbações de ansiedade
Condição Características mais importantes Duração Tratamento
Perturbação de pânico Surtos abruptos recorrentes e inesperados (em minutos) de medo ou desconforto intenso ≥ 1 mês
  • Episódio agudo: BDZs
  • Manutenção: SSRI, TCC
Perturbação de ansiedade generalizada Múltiplas preocupações crónicas que incidem normalmente em assuntos, eventos ou atividades ≥ 6 meses Combinação de antidepressivos (SSRIs) e TCC
Fobia específica Medo inapropriado de um determinado objeto ou situação ≥ 6 meses
  • 1ª linha: TCC
  • A medicação não tem um papel importante no tratamento.
Fobia social (perturbaçao de ansiedade social) Ansiedade ou evitamento de situações sociais por medo de ser humilhado ≥ 6 meses
  • 1ª linha: SSRIs ou TCC
  • Subtipo “Apenas de desempenho”: β-bloqueantes ou BDZs
Agorafobia Medo de estar em situações ou lugares de onde é difícil sair ou fugir ≥ 6 meses 1ª linha: SSRIs ou TCC
Perturbação de ansiedade de separação Medo de separação envolvendo figuras importantes de apego ≥ 1 mês
  • 1ª linha: TCC
  • Fármacos podem ser usados se a TCC não for eficaz.
Perturbação de ansiedade relacionada com a doença A ansiedade surge da preocupação de ter ou desenvolver uma determinada doença. ≥ 6 meses
  • Agendamento de visitas regulares para acompanhamento.
  • Evitar fazer testes de diagnóstico desnecessários.
  • Evitar referenciar para outros colegas.
  • TCC e antidepressivos se estas medidas falharem
Perturbação de ansiedade induzida por substâncias ou drogas
  • Intoxicação com cocaína ou anfetaminas
  • Abstinência de álcool ou de benzodiazepinas
  • Fármacos como β2-agonistas(albuterol) ou levotiroxina
BDZs: benzodiazepinas
SSRIs: inibidores seletivos de recaptação de serotonina

Diagnóstico Diferencial

  • Perturbação de pânico: perturbação crónica marcada por ataques de pânicos recorrentes que ocorrem sem estímulo associado. A perturbação de pânico está associada à preocupação persistente acerca de ter novos ataques/das suas consequências e a certas alterações comportamentais. Se o ataque de pânico fosse desencadeado por um estímulo conhecido e identificado, o diagnóstico correto seria fobia específica.
  • Fobia social: também chamada perturbação de ansiedade social (SAD). Fobia social é o medo ou o evitamento de interações sociais por medo de se sentir constrangido, e que ocorre em > 1 situação social por > 6 meses. O tratamento inclui TCC, antidepressivos (SSRIs, inibidores de recaptação de serotonina-norepinefrina (SNRIs)) e β-bloqueantes para o tipo “apenas de desempenho”. As pessoas com fobia social têm medo de serem criticadas pelos outros.
  • Intoxicação (com cocaína ou alucinógenos): Os doentes com abuso de cocaína ou alucinógenos podem desenvolver uma fobia específica quando estão intoxicados com qualquer uma das substâncias. Os sintomas de intoxicação incluem agitação, psicose, instabilidade hemodinâmica (hipertensão, taquicardia), diaforese e midríase. A intoxicação aguda é distinguida da fobia específica pela história, exame físico e exame toxicológico da urina.
  • Agorafobia: medo ou a ansiedade de situações nas quais a fuga possa ser difícil ou nas quais possa não ter ajuda disponível no caso de ter sintomas de pânico. As situações podem incluir espaços públicos ou abertos, filas, multidões ou transporte público. Na fobia específica, vários medos estão presentes (por exemplo, ser picado por uma aranha, ficar preso num elevador). Na agorafobia, há medo de sintomas de pânico e de ser incapaz de obter ajuda ou escapar.

Referências

  1. Choy, Y. (2018). Treatment of specific phobias of clinical procedures in adults. UpToDate. Retrieved June 26, 2021, from https://www.uptodate.com/contents/treatment-of-specific-phobias-of-clinical-procedures-in-adults
  2. Dave, P. (2017). Clinical management of anxiety disorders. Retrieved June 22, 2021. https://www.researchgate.net/publication/348489972_Clinical_Management_of_Anxiety_Disorders
  3. Grant, J. (2021). Overview of anxiety disorders. Retrieved June 22, 2021. https://www.researchgate.net/publication/348495093_Overview_of_Anxiety_Disorders
  4. McCabe, R. (2021). Specific phobia in adults: Epidemiology, clinical manifestations, course and diagnosis. UpToDate. Retrieved June 26, 2021, from https://www.uptodate.com/contents/specific-phobia-in-adults-epidemiology-clinical-manifestations-course-and-diagnosis
  5. Palkar, P. (2020). Neurobiology of anxiety disorders. Retrieved June 22, 2021, from https://www.researchgate.net/publication/341407589_Neurobiology_of_Anxiety_Disorders
  6. Sadock, B. J., Sadock, V. A., Ruiz, P. (2014). Anxiety disorders. Chapter 9 of Kaplan and Sadock’s Synopsis of Psychiatry: Behavioral Sciences/Clinical Psychiatry, 11th ed. Philadelphia: Lippincott Williams and Wilkins, pp. 387–417.

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