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Fisiologia Sexual

A fisiologia e o desenvolvimento sexual começam na primeira infância e representam um processo complexo de eventos que levam ao desenvolvimento final da orientação e comportamento sexual. O comportamento e as interações sexuais incluem várias mudanças que são bastante diferentes entre os homens e as mulheres.

Última atualização: Oct 31, 2022

Responsibilidade editorial: Stanley Oiseth, Lindsay Jones, Evelin Maza

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Introdução

Há 3 formas de determinar o sexo biológico de uma pessoa:

  • Sexo genético: determinado pela presença de cromossomas sexuais (XX = feminino, XY = masculino)
  • Sexo gonadal: determinado pela presença de estruturas reprodutivas (ovários no sexo feminino, testículos no sexo masculino)
  • Sexo fenotípico: As gónadas humanas produzem diferentes hormonas que determinam o fenótipo externo.

Termos

  • Identidade de género:
    • Representa o sentido interior do indivíduo de masculinidade ou feminilidade
    • Normalmente estabelecido aos 3 anos de idade
  • Papel ou comportamento de género:
    • Representa comportamentos exibidos por ou esperados de um indivíduo
    • Pode ser congruente ou incongruente com a identidade de género do indivíduo
  • Orientação sexual:
    • O padrão de excitação física e emocional do indivíduo
    • A avaliação individual da orientação sexual de uma pessoa é chamada identidade sexual.
    • Exemplos:
      • Homossexualidade: atração por pessoas com a mesma identidade de género
      • Heterossexualidade: atração por pessoas com identidade de género oposto
      • Bissexualidade: atração por ambas as identidades de género
      • Assexualidade: atração por nenhuma identidade de género
    • Assumir (“Coming out”): definido como o reconhecimento individual da sua orientação sexual
  • Disforia de género:
    • Desconforto emocional decorrente do desalinhamento entre a identidade de género e a identidade sexual
    • É mais frequente em rapazes do que em raparigas

Comportamentos durante o desenvolvimento sexual

Apropriado:

  • Nos primeiros anos da infância:
    • Mostrar interesse em explorar os seus próprios genitais ou os dos outros
    • Despir-se a si mesmo ou aos outros
    • Movimentos masturbatórios
    • Fazer perguntas sexuais ou reprodutivas
    • Aumento do interesse em palavras ou brincadeiras sexuais
    • A masturbação é considerada um comportamento normal em todas as idades e ocorre igualmente em ambos os sexos (é patológica apenas quando interfere com o funcionamento normal).
  • Explorar a sexualidade humana é normal, especialmente durante a adolescência, com parceiros diferentes ou do mesmo sexo.

Anormal:

  • Inserção repetida de objetos na vagina ou no ânus
  • Brincadeiras sexuais inapropriadas (simulação de relações sexuais genitais, oral-genitais, ou anal-genitais)
  • Uso da força nas brincadeiras sexuais
  • Conhecimento sexual inapropriado à idade

Vídeos recomendados

Fases de Tanner

A escala de Tanner é uma escala que mede o desenvolvimento físico/sexual em crianças, adolescentes e adultos. Envolve genitália no sexo masculino, mamas no sexo feminino e pilosidade púbica em ambos.

Tabela: Estadios de Tanner no sexo feminino
Estadio 1 Estadio 2 Estadio 3 Estadio 4 Estadio 5
Idade Pré-púbere 8-11,5 anos 11,5-13 anos 12-15 anos > 15 anos
Pilosidade púbica Penugem Pelo escasso ao longo dos lábios Pelo grosso e encaracolado cobre a púbis. Pelo adulto que não chega à coxa Pelo adulto que atinge a coxa
Mamas Apenas com elevação da papila Os botões mamários são palpáveis (1º sinal de puberdade no sexo feminino) e as aréolas aumentam. O tecido mamário cresce sem contorno ou separação. As mamas aumentam e as aréolas formam um monte secundário sobre as mamas. Os contornos mamários adultos estão presentes. Só a papila está elevada.
Outras observações Adrenarca e crescimento ovárico Aumento do clítoris, pigmentação labial, crescimento uterino Pelos axilares, acne Menarca e desenvolvimento das menstruações Órgãos genitais adultos
Tabela: Estadios de Tanner no sexo masculino
Estadio 1 Estadio 2 Estadio 3 Estadio 4 Estadio 5
Idade Pré-púbere 8-11,5 anos 11,5-13 anos 12-15 anos > 15 anos
Pilosidade púbica Penugem Pelo escasso na base do pénis Aparece pelo grosso e encaracolado sobre a púbis. Pelo adulto na região púbica, poupando a coxa Pelo adulto na região púbica, atingindo a coxa
Genitais
  • Testículos
  • Sem crescimento do pénis
  • Testículos: 2,5-3,2 cm
  • O escroto fica mais fino e avermelhado
  • Testículos: 3,3-4 cm
  • Aumento do comprimento do pénis
  • Testículos: 4,1-4,5 cm
  • Crescimento do pénis, escurecimento do escroto
  • Testículos > 4,5 cm
  • Tamanho genital adulto
Outras observações Adrenarca Diminuição da gordura corporal Ginecomastia, variações na voz, aumento da massa muscular Pelo axilar, mudança de voz, acne Pelo facial, aumento da massa muscular

Ciclo de Resposta Sexual

As disfunções sexuais (nos homens ou nas mulheres) surgem de problemas que envolvem qualquer fase do ciclo de resposta sexual.

Tabela: Etapas do ciclo de resposta sexual
Estadio Mudanças no sexo feminino Mudanças no sexo masculino Mudanças em ambos
Desejo
  • Motivação ou interesse na atividade sexual
  • Expresso por fantasias sexuais
Emoção/Excitação
  • Começa com a fantasia ou com o contacto físico
  • Lubrificação vaginal
  • Ereção do clitóris
  • Edema labial
  • Elevação do útero na pélvis (“tenting”)
  • Começa com a fantasia ou com o contacto físico
  • Ereção e aumento do volume testicular
  • Ruborização
  • Ereção do mamilo
  • Alterações hemodinâmicas (aumento do ritmo respiratório, pulso e PA)
Orgasmo Contrações vaginais e uterinas
  • Compressão do saco escrotal
  • Secreção de algumas gotas de líquido seminal
  • Ejaculação
  • Expressões faciais
  • Libertação de tensão
  • Ligeira turvação da consciência
  • Contrações involuntárias do esfíncter anal
  • Aumento agudo da PA e do pulso
Resolução As mulheres têm pouco ou nenhum período refratário. Os homens têm um período refratário que dura de minutos a horas, durante o qual não conseguem repetir o orgasmo.
  • Os músculos relaxam.
  • O estado cardiovascular volta ao estado basal.
  • Os órgãos sexuais voltam ao estado basal.

Mudanças Sexuais Normais com o Envelhecimento

O desejo e o comportamento sexual saudável persistem na idade adulta.

A farmacoterapia existe para facilitar o comportamento sexual:

  • Sildenafil: para ajudar na ereção, nos homens
  • Cremes/pílulas hormonais: para combater a atrofia vaginal nas mulheres
Tabela: Mudanças sexuais com o envelhecimento
Mudanças no sexo feminino Mudanças no sexo masculino Alterações em ambos
  • Secura vaginal e mucosa vaginal mais fina (devido à diminuição do estrogénio)
  • Diminuição da sensibilidade dos órgãos sexuais (mamilos, clitóris, vulva)
  • Ereção mais lenta
  • Ereção mais fraca
  • Diminuição da intensidade da ejaculação
  • Período refractário mais longo
  • Necessidade de mais estímulos
Desejo normal ou ligeiramente diminuído no interesse e atividade sexual

Relevância Clínica

  • Disforia de género: também conhecida como perturbação de identidade de género. Indivíduos com disforia de género têm dificuldade em conciliar a incongruência entre o seu género expresso e atribuído (conflito interno contínuo entre identidade de género e identidade sexual). Os primeiros sinais de comportamentos entre homens e mulheres começam por volta dos 3 anos de idade, altura em que a identidade de género é estabelecida.
  • Disfunção sexual feminina: distúrbio em qualquer parte do ciclo de resposta sexual feminina. Este grupo de perturbações inclui os distúrbios de desejo, de excitação, orgásmicas e de dor. A disfunção pode resultar de tensões e conflitos interpessoais, bem como de doenças físicas ou do uso de medicamentos/drogas. Estes distúrbios causam uma angústia significativa para a paciente.
  • Disfunção sexual masculina: distúrbio em qualquer parte do ciclo de resposta sexual masculina. Este grupo de perturbações inclui os distúrbios de desejo, de excitação e orgásmicas. A disfunção pode ser causada por distúrbios psicológicos, doenças endócrinas, disfunção neurogénica, doença médica crónica ou abuso de medicação/drogas.

Referências

  1. Blitzstein S., Kaufman M., Ganti L. (2016). Sexual dysfunctions and paraphilic disorders. Chapter 16 of First Aid for the Psychiatry Clerkship, 4th ed. McGraw-Hill Education/Medical, p. 172.
  2. Sadock, B. J., Sadock, V. A., & Ruiz, P. (2014). Human sexuality and sexual dysfunctions. Chapter 17 of Kaplan and Sadock’s Synopsis of Psychiatry: Behavioral Sciences/Clinical Psychiatry, 11th ed. Philadelphia: Lippincott Williams and Wilkins, pp. 564–574.
  3. Forcier, M. (2020). Adolescent sexuality. UpToDate. Retrieved June 22, 2021, from https://www.uptodate.com/contents/adolescent-sexuality

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