Os fármacos simpaticomiméticos, também conhecidos como agonistas adrenérgicos, imitam a ação dos estimuladores (recetores α, β ou de dopamina) do sistema nervoso autónomo simpático. Os fármacos simpaticomiméticos são classificados com base no tipo de recetores em que os fármacos atuam (alguns agentes atuam em vários receptores, mas 1 é predominante). Os usos clínicos dos simpaticomiméticos incluem o tratamento da hipotensão, da asma e da anafilaxia. Os principais fármacos usados como vasopressores intravenosos no hospital são a dopamina e a norepinefrina. A dobutamina é administrada por via intravenosa como um inotrópico. O albuterol é usado com nebulizador ou inalador de dose calibrada para a asma. Os simpaticomiméticos podem produzir uma ampla gama de efeitos adversos, que geralmente se assemelham a uma estimulação excessiva do sistema nervoso simpático. Os efeitos podem incluir palpitações, taquicardia e/ou arritmias devido à estimulação dos recetores β cardíacos.
Os fármacos simpaticomiméticos, também conhecidos como agonistas adrenérgicos, mimetizam a ação dos estimuladores do sistema nervoso autónomo simpático, especificamente dos recetores α, β ou de dopamina:
Estruturas químicas
Feniletilamina (composto parental)
4 possíveis locais de substituição:
Anel de benzeno: substituição por um grupo hidroxilo (-OH) nas posições 3 e 4 origina catecolamina (dopamina)
Grupo amina terminal (epinefrina)
Os carbonos α ou β da cadeia de etilamino (anfetamina e fenilefrina, respetivamente)
Mecanismo de ação
Na extremidade de um neurónio, os botões terminais (estruturas no final de um axónio) levam sinais para neurónios vizinhos (sinapses), glândulas ou músculos.
As sinapses criam condições para que o sinal químico viaje e exerça o efeito.
Os simpaticomiméticos afetam os recetores adrenérgicos da epinefrina, norepinefrina ou dopamina para produzir efeitos nos recetores α, β ou de dopamina.
Classificação
A classificação é baseada no tipo de recetores em que os fármacos atuam.
Agonistas diretos (seletivos) agem em 1 ou mais recetores adrenérgicos (α e β):
Agonistas α:
Não seletivos: norepinefrina
Seletivos para α-1: fenilefrina
Seletiva para α-2: clonidina
Agonistas β:
Não seletivos: epinefrina, isoproterenol
Seletivos para β-1: dobutamina
Seletivos para β-2: albuterol
Agonistas indiretos:
Estimulantes: causam aumento da libertação de neurotransmissores endógenos (por exemplo, anfetaminas)
Antidepressivos tricíclicos: inibem a recaptação de neurotransmissores → efeitos secundários “anticolinérgicos”
Mistos:
Usam mecanismos de ativação direta e indireta
Efedrina: atua em recetores α e β para causar a libertação de norepinefrina (utilizada para hipotensão relacionada com anestesia)
Efeitos fisiológicos
Cardiovasculares (por exemplo, epinefrina, norepinefrina):
Aumento do ritmo cardíaco (cronotropismo positivo)
Aumento da força contrátil (inotropia positiva)
Aumenta a tensão arterial ao aumentar a resistência periférica total
Isoproterenol (agente não seletivo):
Aumenta o débito cardíaco
Diminui a tensão arterial (oposto da epinefrina)
Respiratórios (por exemplo, albuterol):
Agonistas β-2 relaxam o músculo liso → broncodilatação
O albuterol é usado para a asma.
A epinefrina é usada para anafilaxia.
Oculares:
Dilatação da pupila (midríase)
A acomodação raramente é afetada.
Reduz a pressão intraocular
Gastrointestinais:
Contrai o músculo liso nos vasos esplâncnicos
Uma dose baixa de dopamina causa vasoconstrição.
Renais:
Relaxamento muscular do detrusor
Contração do trígono
Trato genital (mulheres):
Agonistas β-2 causam relaxamento uterino.
A terbutalina é usada para reprimir o trabalho de parto prematuro.
Trato genital (homens):
Agonistas α-1 causam contração do músculo liso prostático (os bloqueadores α são usados para a hipertrofia benigna da próstata, que causa obstrução do fluxo urinário).
A efedrina é por vezes utilizada para a incontinência urinária.
Os principais fármacos usados como vasopressores intravenosos no hospital são a dopamina e a norepinefrina. A dobutamina é administrada por via intravenosa como um inotrópico. O albuterol é usado por nebulizadores ou inaladores de dose calibrada para a asma. Os usos típicos de certos fármacos incluem:
Vias de administração
Estão disponíveis várias vias:
Oral:
Midodrina (usada para hipotensão ortostática)
Clonidina (um agente anti-hipertensivo de ação central)
Pseudoefedrina (descongestionante nasal)
Retal: fenilefrina (supositórios vasoconstritores para hemorroidas)
Tópico: colírio para glaucoma (agonistas α reduzem a pressão intraocular)
IV (pressores para hipotensão em indivíduos hospitalizados):
Epinefrina
Dobutamina
Norepinefrina
Inalatória (para a asma):
Albuterol (agonista β de curta duração)
Salmeterol (β-agonista de longa duração (LABA))
Farmacocinética
Table: Farmacocinética de fármacos simpaticomiméticos comuns
Fármaco
Início/pico
Semi-vida
Metabolismo
Excreção
Fenilefrina
1‒5 min/5‒10 min
5 min
Periférico via monoamina oxidase A
Urina, como metabolitos
Clonidina
Depende da via de administração:
2 min (IV)
2 horas (oral)
12 horas (adesivo)
Depende da via de administração:
6 min (IV)
20 horas (oral)
Hepático via múltiplos substratos de P450
Urina/fezes
Dopamina
≤ 5 minutos/≤ 10 minutos
2 min
Renal, hepática e plasmático
75% como metabolitos inativos pela monoamina oxidase (MAO)
25% como norepinefrina (ativa)
Urina, como metabolitos
Dobutamina
1‒10 min/10‒20 min
2 min
Hepático via COMT
Urina, como metabolitos
Albuterol
Solução de nebulização: ≤ 5 minutos, dura 3–6 horas
Inalação oral: 5–8 minutos, dura 4–6 horas
6 horas
Hepático
Urina/fezes
Epinefrina
< 5 min
< 5 min
Periférico via MAO, hepático via COMT
Urina
Norepinefrina>
< 5 min
< 5 min
Periférico via MAO, hepático via COMT
Urina
Isoproterenol
< 5 min
2 min
Periférico via MAO, hepático via COMT
Urina
Anfetamina/metanfetamina
Depende da via de administração
9–14 horas
Hepático via CYP2D6
Urina
Cocaína
< 1 min
0,5–1,5 horas
Colinesterases hepáticas, esterases plasmáticas
Urina
Indicações
Os fármacos simpaticomiméticos são utilizados para aumentar as respostas das catecolaminas endógenas do sistema nervoso simpático para benefício terapêutico:
Fenilefrina (agonista α-1seletivo):
Mecanismo de ação: ativação de adrenorrecetores α-1 → ↑ resistência periférica total:
Vasopressor IV para aumentar a tensão arterial nos estados de choque
Usado topicamente como vasoconstritor para a congestão nasal derivada da rinite alérgica
Usado em preparações tópicas oftálmicas para promover midríase e constrição dos vasos sanguíneos conjuntivais
Um aditivo nas preparações tópicas para hemorroidas para promover a venoconstrição hemorroidal
Isoproterenol (agonista α-1 não seletivo):
Mecanismo de ação: ativação dos adrenorrecetores β-1 e β-2:
→ ↑ inotropismo/cronotropismo cardíacos → ↑ DC → ↑ RPT
→ Relaxamento do músculo liso arteriolar → ↓ RPT
→ Relaxamento do músculo liso brônquico → ↓ broncoespasmo
↑ DC + ↓ RPT competem por um ↑ da PA sistólica/↓ PA diastólica final
Atividade α reduzida a ausente
Indicações:
Vasopressor IV adjuvante para aumentar para aumentar a PA nos estados de choque (especialmente num cenário de bradicardia)
Usado no tratamento de bradiarritmias sintomáticas e bloqueio cardíaco
Disponível em aerossol e em preparação oral para situações com broncoespasmo (não é usado comummente)
Clonidina (agonista α-2 seletivo):
Mecanismo de ação: agonista adrenérgico α-2 → redução do efluxo simpático do SNC → ↓ RPT:
O mecanismo de ação na perturbação de hiperatividade e défice de atenção (PHDA) não é claro
O mecanismo de ação na síndrome de Tourette não é claro
O mecanismo de ação na dor crónica não é claro
Associada a hipertensão reflexa
Indicações:
Administrada por via transdérmica (adesivo) na hipertensão refratária (apesar de não ser um fármaco de 1.ª linha)
Aprovada como preparação oral para o tratamento da PHDA em crianças
Aprovada como preparação oral para o tratamento dos tiques na síndrome de Tourette.
Pode ser administrada como terapêutica adjuvante para a dor crónica grave (por exemplo, cancro, síndrome de dor regional complexa (SDRC)).
Dobutamina (agonista β-1 seletivo):
Mecanismo de ação: agonista dos recetores adrenérgicos β-1 do miocárdio → ↑ inotropismo e cronotropismo → ↑ débito cardíaco:
Menos efeitos agonistas nos recetores periféricos α-1 e β-2
Os efeitos vasodilatadores competitivos equilibram-se um ao outro num cenário de ↑ do débito cardíaco com um efeito negligenciável na RPT.
Indicações:
Suporte inotrópico IV temporário no choque cardiogénico (até que se possa fazer uma terapêutica mais definitiva)
IV para induzir stress farmacológico durante os ecocardiogramas de stress em indivíduos que não tenham capacidade para fazer uma prova de esforço
Albuterol (agonista β-2 seletivo):
Mecanismo de ação: recetor agonista adrenérgico β-2 → relaxamento do músculo liso brônquico → alívio do broncoespasmo:
A estimulação β-2 também → ↑ cAMP intracelular → atenuação dos mastócitos → ↓ mediadores de broncoespasmo
Os recetores adrenérgicos β-2 também existem no coração → efeitos adversos cardíacos com taquicardia e palpitações
Indicações:
Inalado ou nebulizado para reverter o broncoespasmo na asma, bronquite e doença pulmonar obstrutiva crónica (DPOC)
Inalado na profilaxia da asma induzida pelo exercício e doença reativa das vias aéreas
Também disponível como preparação oral para as indicações acima (início de ação mais lento e raramente usado)
Dopamina (agonista adrenérgico não seletivo):
Mecanismo de ação (atua em diferentes recetores em doses diferentes):
Dose baixa: estimulação dos recetores dopaminérgicos (D1, D2, D3, D4 e D5):
Principalmente localizados no SNC
Funções no sistema extrapiramidal para regular o movimento (discutido separadamente)
Estimulação dos recetores D1 periféricos → vasodilatação
Dose intermédia: estimula diretamente os recetores adrenérgicos β-1 cardíacos a ↑ o inotropismo e o cronotropismo → ↑ débito cardíaco
Dose elevada: estimula os recetores adrenérgicos α -2 nos terminais dos nervos simpáticos → libertação de norepinefrina → vasoconstrição mediada por α-1
Indicações:
Vasopressor IV para aumentar a PA nos estados de choque:
Infusão de baixa dose para manter o fluxo sanguíneo renal (vasodilatação mediada por D1)
Infusão de dose intermédia para funções de suporte cardíaco (↑ inotropismo/cronotropismo mediado por β-1)
Infusão de alta dose para suporte da PA sistémica (↑ RPT mediado por α-1)
Infusão IV durante a cirurgia de bypass cardíaco para manter a perfusão dos órgãos
Epinefrina (agonista misto α/β):
Mecanismo de ação (múltiplos efeitos adrenérgicos mediados pelo recetor):
↑ inotropismo/cronotropismo mediado por β-1 → ↑ débito cardíaco
Broncodilatação e vasodilatação mediado por β-2 → ↑ fluxo aéreo e perfusão do músculo esquelético
Vasoconstrição mediada por α-1
Os efeitos vasculares β-2 + α-1 competem, mas geralmente levam a ↓ da RPT (a PA diminui, a PA sistólica pode aumentar)
Indicações:
Injeção subcutânea para anafilaxia e reações tipo 1 mediadas por Ig-E
Vasopressor IV para aumentar a PA nos estados de choque
Usada no protocolo de suporte avançado de vida (SAV) para:
Paragem cardíaca súbita devido a assistolia
Atividade elétrica sem pulso
Fibrilhação ventricular
Taquicardia ventricular sem pulso
Norepinefrina (agonista misto α/β):
Mecanismo de ação (múltiplos efeitos adrenérgicos mediados pelo recetor):
↑ inotropismo/cronotropismo mediado por β-1 → ↑ débito cardíaco (as influências vagais podem contrabalançar o cronotropismo, mas o inotropismo é mantido)
Efeito negligenciável no recetor β-2
Vasoconstrição mediada por α-1
Efeitos vasculares β1 + α1 → ↑ RPT (↑ PA sistólica e diastólica)
Indicações:
Vasopressor IV para aumentar a PA nos estados de choque
Vasopressor IV de 1.ª linha na hipotensão mediada por sépsis que não responde a ressuscitação por volume adequada
Anfetamina/metanfetamina (aumento de catecolaminas):
Mecanismo de ação:
Promove a libertação de catecolaminas (dopamina e norepinefrina) dos locais de armazenamento nos terminais nervosos pré-sináticos
Bloqueia a recaptação de catecolaminas através de inibição competitiva (menos significativo)
Indicações:
Aprovadas como preparação oral para o tratamento da perturbação de défice de atenção (PDA) e PHDA
Usada para promover o estado de alerta na narcolepsia
Nota:
Risco elevado de abuso, dependência, adição e overdose
Risco elevado de uso recreativo/por diversão
A via de administração pode ser alterada:
Fumada
Inalada
Administração em suspensão e IV
Cocaína (inibição da recaptação de catecolaminas):
Mecanismo de ação:
Inibição da recaptação de dopamina, serotonina e norepinefrina
Estimulação adrenérgica de α-1, α-2, β-1 e β-2
Estimulação α-adrenérgica → vasoconstrição na vasculatura cardíaca e periférica
Estimulação β-adrenérgica → aumento da FC → taquiarritmia
Indicações:
Aplicação tópica para anestesia local/vasoconstrição da mucosa vascular:
Útil no nariz, boca e orofaringe
Procedimentos minor (por exemplo, extração dentária, reparação de lacerações, amigdalectomia)
Aplicação tópica para parar a epistaxis
Nota:
Risco elevado de abuso, dependência, adição e overdose
Os simpáticomiméticos podem produzir uma grande variedade de efeitos adversos que se assemelham à estimulação excessiva do sistema nervoso simpático, incluindo palpitações, taquicardia e arritmias devido à estimulação de recetores β cardíacos.
Efeitos adversos
Devido à atividade excessiva dos recetores adrenérgicos
A extravasação IV de vasoconstritores potentes pode causar isquemia local se dado através de um acesso periférico (é preferível a linha central).
Agonistas α-1 (por exemplo, fenilefrina, norepinefrina):
Hipertensão arterial
Bradicardia de reflexo
Piloereção
Retenção urinária
Vasoconstrição: pode produzir isquemia distal e necrose
Agonistas α-2 (e.g., clonidina):
Sedação
Depressão respiratória
Bradicardia
Hipotensão e choque
Miose
Hipertensão de “rebound”
Xerostomia
Agonistas β-1 (e.g., dobutamina):
Taquicardia/arritmias
Alta dose por IV → pode causar isquemia mesentérica
Síndrome coronária aguda em indivíduos com doença arterial coronária subjacente
Agonistas β-2 (por exemplo, albuterol, salmeterol):
Tremores
Agitação
Insónia
Taquicardia
Hiperinsulinemia
Hiperglicemia
Hipocaliemia
Interações com outros fármacos
Bloqueadores beta: podem antagonizar os efeitos de agonistas β → diminuem o efeito terapêutico
Produtos canabinoides: podem aumentar o efeito taquicárdico dos simpaticomiméticos
Estimulantes (por exemplo, cafeína, anfetaminas): podem aumentar o efeito adverso/tóxico de simpaticomiméticos
Bloqueadores α-1 (por exemplo, doxazosina, tamsulosina):
Pode diminuir o efeito vasoconstritor da dopamina.
A dopamina pode antagonizar a vasodilatação mediada por bloqueadores α-1.
Inibidores da recaptação de serotonina e norepinefrina (SNRIs pela sigla em inglês):
Podem melhorar os efeitos taquicardíacos e vasopressores dos agonistas α e β
Se coadministrados → monitorizar para aumento dos efeitos simpaticomiméticos (por exemplo, hipertensão, dor torácica ou cefaleias)
Antidepressivos tricíclicos:
Pode aumentar o efeito vasopressor dos agonistas α e β (evitar combinar, se possível)
Monitorizar para evidências de aumento de efeitos pressóricos e considerar reduções nas doses iniciais dos agonistas α e β.
Contraindicações para o uso clínico
Os simpaticomiméticos devem ser usados com precaução em indivíduos com perturbações cardiovasculares; no entanto, muitos são usados em situações de risco de vida.
Kanter, J., & DeBlieux, P. (2014). Pressors and Inotropes. Emergency medicine clinics of North America. 32(4), pp. 823–34. https://doi.org/10.1016/j.emc.2014.07.006
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