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Exame da Cabeça e Pescoço

O exame da cabeça e pescoço é um componente do exame físico realizado para avaliar a presença de sinais de doença destas áreas. Este consiste na inspeção, palpação e auscultação. As informações recolhidas ao exame objetivo da cabeça e pescoço, juntamente com a história clínica fornecida pelo paciente, são importantes para a formação de diagnósticos diferenciais e planos de tratamento para o paciente.

Última atualização: Apr 19, 2022

Responsibilidade editorial: Stanley Oiseth, Lindsay Jones, Evelin Maza

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Introdução

Na descrição clínica de um exame físico, o exame da cabeça e pescoço é frequentemente abreviado como HEENT, cabeça, olhos, ouvidos, nariz e garganta (do inglês head, eyes, ears, nose and throat).

Equipamento necessário:

  • Otoscópio
  • Oftalmoscópio
  • Espátula/depressor lingual

Posição:

  • O paciente permanece sentado com os braços ao lado do corpo.
  • Realizar todos os exames com o indivíduo despido, preservando a sua privacidade.
  • Classicamente, o exame é realizado do lado direito do paciente.

Ambiente:

  • Garantir uma boa iluminação, privacidade e higiene.
  • Cobrir o paciente com uma bata, toalha ou lençol estéreis.

Passos iniciais:

  • Explicar as etapas do exame ao indivíduo e obter o consentimento.
  • Avaliar os sinais vitais, incluindo a oximetria de pulso (saturação de oxigénio).
  • Pedir ao indivíduo para indicar as áreas dolorosas para evitar a exacerbação da dor.

Inspeção

A 1.ª parte do exame da cabeça e pescoço tem início com a inspeção do indivíduo, avaliando a presença de achados positivos e negativos pertinentes.

Aspeto geral

  • Pontos positivos pertinentes:
    • Bem ou sem desconforto agudo
    • Aspeto normal, confortável
  • Pontos negativos pertinentes:
    • Com desconforto (ligeiro, moderado ou grave)
    • Aspeto descuidado
    • Evasivo ou opositor
  • Nível de consciência:
    • Alerta: resposta normal
    • Confuso: desorientação em relação ao meio envolvente
    • Letárgico: sonolência, necessidade de estimulação para iniciar a resposta
    • Obnubilado: resposta lenta, necessidade de estimulação repetida para manter a atenção
    • Estuporoso: resposta mínima à estimulação
    • Comatoso/sem resposta: sem resposta à estimulação
  • Frequência respiratória (FR):
    • Normal: FR 12–20/min em adultos (a FR pediátrica varia segundo a idade)
    • Bradipneia: FR < 12/min
    • Taquipneia: FR > 20/min, respiração superficial
    • Hiperpneia: FR > 20/min, respiração profunda
  • Esforço respiratório:
    • Observar a presença de qualquer padrão respiratório.
    • Dificuldade respiratória:
      • Respiração anormal com ↑ esforço respiratório
      • Uso dos músculos acessórios (i.e., esternocleidomastoideu, escaleno)
      • Estridor, gemido ou adejo nasal
      • Respiração freno labial
      • Tiragem supraclavicular ou intercostal

Crânio e couro cabeludo

  • Classicamente descrito como “normocefálico, atraumático” (NC/AT) na documentação de um exame físico normal.
  • Avaliar qualquer:
    • Assimetria
    • Deformidade
    • Laceração
    • Sinal de trauma
  • Formas do crânio:
    • A forma do crânio varia segundo a/o:
      • Idade
      • Género
      • Raça
    • Causas de malformação:
      • Patologias congénitas
      • Trauma
      • Tumores cerebrais
      • Edema do couro cabeludo
      • Hematomas
      • Cancro cutâneo do couro cabeludo
      • Hidrocefalia
  • Uma inspeção rigorosa do couro cabeludo, movimentando o cabelo, é pertinente para um bom exame objetivo:
    • Começar numa área, movendo pequenas zonas do cabelo para permitir inspecionar o couro cabeludo.
    • Continuar de forma sistemática até percorrer todo o couro cabeludo.
    • Nota: Se o exame físico não for realizado corretamente, podem passar ao lado cancros cutâneos!
Diagrama de braquicefalia

Variações na forma do crânio

Imagem por Lecturio. Licença: CC BY-NC-SA 4.0

Cabelo

  • Inspecionar o cabelo durante a inspeção do couro cabeludo.
  • O crescimento de cabelo ou a ausência deste podem ser indicativas de certas patologias:
    • Alopécia
    • Infeção fúngica (micose)
    • Perda de cabelo traumática
    • Perda de cabelo na zona posterior do couro cabeludo em bebés que permanecem muito tempo com a cabeça na mesma posição

Olhos

Classicamente descrito como “pupilas simétricas, redondas, reativas à luz e acomodação” na documentação de um exame físico normal (abreviado como PERRLA, do inglês pupils equal, round, and reactive to light and accommodation).

Geral:

  • Inspecionar e avaliar a presença de:
    • Simetria dos olhos e pálpebras
    • Edema dos olhos e pálpebras
    • Hiperemia ocular e palpebral
  • Acuidade visual: avaliar com a tabela de Snellen.
  • Campos visuais: avaliar através da campimetria por confrontação.

Esclera e conjuntiva:

  • Palidez da conjuntiva: sinal de anemia
  • Icterícia das escleras: sinal de icterícia
  • Escleras azuis: sinal de anemia ou osteogénese imperfeita
  • Injeção ou hiperemia (lista não exaustiva):
    • Sinal de glaucoma
    • Sinal de possível consumo de drogas, se bilateral
    • Sinal de corpo estranho, se unilateral

Pupilas:

  • Avaliar o tamanho das pupilas em milímetros:
    • O tamanho normal é de 2 a 5 mm e deve ser igual bilateralmente.
    • Uma diferença > 2 mm é considerada anormal (anisocoria).
  • Testar o reflexo pupilar à luz:
    • Numa sala escura, apontar uma luz em cada pupila para detetar a resposta pupilar (constrição).
    • Quando a luz incide num olho:
      • Constrição da pupila ipsilateral (resposta direta)
      • Constrição da pupila contralateral (resposta consensual)
    • Observar a velocidade da contração pupilar.
    • Um reflexo pupilar anormal é lento e pode ser descrito como indolente ou não reativo.
    • Causas de reflexo pupilar anormal:
      • Lesão do nervo ótico
      • Lesão do nervo oculomotor
      • Lesões do tronco cerebral
      • Efeito de drogas (e.g., opióides, barbitúricos)
  • Testar o reflexo de acomodação:
    • É pedido ao paciente que olhe para um objeto distante (geralmente um ponto na parede da sala) e, em seguida, que olhe para um objeto próximo (geralmente o dedo do examinador mantido a 15-30 cm do indivíduo).
    • Observar os olhos do indivíduo:
      • As pupilas devem contrair quando se dirige o olhar do objeto distante para o objeto próximo.
      • As pupilas devem dilatar quando se dirige o olhar do objeto próximo para o objeto distante.
    • Defeitos na reação à luz, mas não na acomodação, levantam a possibilidade de sífilis (as pupilas de Argyll Robertson acomodam, mas não reagem à luz).

Movimentos oculares:

  • Classicamente descrito como “movimentos extraoculares intactos” na documentação de um exame físico normal (abreviado como MEOI).
  • Solicitar o paciente a seguir o dedo do examinador com os olhos.
  • Observar os olhos do indivíduo.
  • Mover o dedo num padrão “+” e “H” para testar todos os nervos cranianos e as 6 direções cardinais do olhar.
  • Mover o dedo para o meio e para dentro, para que o paciente cruze os olhos e para testar a acomodação.
  • Observar a presença de qualquer défice:
    • Paralisia de nervo craniano (NC)
    • Estrabismo
    • Nistagmo

Exame fundoscópico:

  • Realizado com um oftalmoscópio:
    • Escolher as configurações corretas.
    • Diminuir as luzes da sala.
    • Pedir ao paciente que se concentre num objeto fixo à sua frente.
    • Segurar o oftalmoscópio com a mão DIREITA e utilizar o olho DIREITO para visualizar o olho DIREITO do indivíduo.
    • Com a mão esquerda, segurar a cabeça do indivíduo.
    • Aproximar o oftalmoscópio do indivíduo para procurar o reflexo vermelho.
    • Aproximar em direção ao nariz do paciente para procurar o nervo ótico.
    • Focar o oftalmoscópio.
    • Observar a relação escavação-disco ótico.
    • Avaliar as áreas à volta para visualizar os vasos.
    • Observar a mácula e a fóvea.
    • Repetir para o outro olho.
  • Exame fundoscópico:
    • Achados normais:
      • Um disco ótico rosado sem hemorragias ou exsudados
      • Vasos sanguíneos bem delineados
      • Relação escavação-disco ótico: < 0,5
    • Achados anormais:
      • Hemorragias/exsudados no disco ótico
      • Entalhes arteriovenosos (AV)/anomalias vasculares
      • Relação escavação-disco ótico: > 0,5
      • Escavação do disco ótico: glaucoma
      • Papiledema: aumento da pressão intracraniana
      • Neurite ótica: infeções, esclerose múltipla

Músculo extraocular, inervação e movimento muscular:

Tabela: Músculo extraocular, inervação e movimento muscular
Músculo ocular Inervação (nervo craniano) Movimento muscular
Reto superior Oculomotor (III)
  • Intorsão
  • Elevação
Reto inferior Oculomotor (III)
  • Abdução
  • Depressão
Reto medial Oculomotor (III) Adução
Oblíquo inferior Oculomotor (III)
  • Extorsão
  • Abdução
  • Elevação
Oblíquo superior Troclear (IV)
  • Intorsão
  • Abdução
  • Depressão
Reto lateral Abducente (VI) Abdução
Músculos envolvidos no movimento dos olhos

Nervos cranianos III, IV e VI: invervação muscular e movimento ocular específico para cada músculo
SR: reto superior
IR: reto inferior
MR: reto medial
LR: reto lateral
IO: oblíquo inferior
SO: oblíquo superior

Imagem por Lecturio. Licença: CC BY-NC-SA 4.0

Mnemónica

  • RL6 (reto lateral pelo NC6)
  • OS4 (oblíquo superior pelo NC4)

Nariz

  • Examinar o nariz externamente à procura de sinais de hemorragia ou secreção.
  • Utilizando um otoscópio, examinar a mucosa nasal, o septo e os cornetos à procura de alterações da mucosa (edemaciada ou eritematosa).
Inspeção nasal

Inspeção nasal

Imagem por Lecturio. Licença: CC BY-NC-SA 4.0

Boca e garganta

  • Pedir ao paciente para remover prótese dentária, se presente.
  • Examinar os lábios à procura de ulcerações ou lesões.
  • Examinar a língua (superior e inferior):
    • Verificar a cor.
    • Examinar as papilas e verificar se existe língua pilosa.
    • Fissuras ou estrias são sinais de desidratação ou hipovolemia.
  • Verificar as membranas mucosas e avaliar a presença de lesões e desidratação ou hidratação.
  • Verificar se a úvula está alinhada na linha média.
  • Inspecionar as amígdalas, palato mole e faringe posterior.
  • Avaliar a dentição quanto à cor e presença de cáries.
Inspeção faríngea

Inspeção faríngea

Imagem por Lecturio. Licença: CC BY-NC-SA 4.0

Ouvidos

  • Inspecionar o canal auditivo externo (observar a presença de qualquer secreção ou anomalia).
  • Realizar um exame otoscópico para avaliar o canal auditivo interno e a membrana timpânica:
    • Puxar suavemente a parte externa da orelha.
    • Verificar a presença de qualquer anomalia, como secreção, hiperemia, cerúmen, edema ou corpo estranho.
    • Sinais compatíveis com uma membrana timpânica normal:
      • Cinzenta perolada, brilhante, translúcida
      • Sem abaulamento ou retração
      • Consistência lisa
      • Reflexo luminoso: com o otoscópio é possível observar o reflexo luminoso em forma de cone às 5 horas no ouvido direito e às 7 horas no ouvido esquerdo.
    • Sinais compatíveis com uma membrana timpânica alterada:
      • Ausência do reflexo luminoso
      • Hiperemia/abaulamento visível (sugestivo de otite média)
      • Níveis hidroaéreos (sugestivos de efusão do ouvido médio)
  • Avaliar a audição:
    • Nervo craniano VIII
    • Friccionar os dedos perto do ouvido do paciente e perguntar em que lado este consegue ouvir a fricção (testar em lados aleatórios e depois em ambos).
    • Se forem detetadas anomalias, realizar o teste de Rinne e o teste de Weber.
    • Teste de Rinne:
      • Bater com um diapasão e colocá-lo na apófise mastóide para testar a condução óssea.
      • Bater com um diapasão e colocá-lo perto do canal auditivo para testar a condução aérea.
      • Pedir ao indivíduo que conte os segundos até o som desaparecer.
      • Normal: tempo de condução aérea > tempo de condução óssea
      • Perda auditiva de condução: tempo de condução aérea < tempo de condução óssea
      • Perda auditiva sensorial: tempo de condução aérea > tempo de condução óssea
    • Teste de Weber:
      • Bater com um diapasão e colocá-lo no centro da testa.
      • Perguntar ao indivíduo se ouve melhor à direita ou à esquerda.
      • Normal: o som é igual em ambos os ouvidos.
      • Perda auditiva de condução unilateral: a vibração é mais alta no ouvido afetado.
      • Perda auditiva sensorial unilateral: a vibração é mais alta no ouvido saudável.

Pescoço

  • Avaliar a presença de qualquer deformidade, assimetria ou massas evidentes.
  • Anomalias visíveis:
    • Inspecionar e verificar a presença de trauma evidente, lesões ou erupções cutâneas.
    • Normalmente, a tiroide não é visível.
    • Uma glândula tiroideia aumentada (bócio) necessita de uma avaliação adicional.
    • Distensão venosa jugular:
      • Pneumotórax hipertensivo
      • Possível insuficiência cardíaca direita
      • Estado compatível com retenção de volume
  • Avaliar a amplitude de movimento da coluna cervical solicitando ao indivíduo para:
    • Olhar para cima o mais alto possível (normal: 70° de extensão)
    • Tocar com o queixo no peito (normal: 80°–90° de flexão)
    • Rodar a cabeça para a direita/esquerda o máximo possível (normal: 90° de rotação)
    • Tocar com a orelha direita/esquerda no ombro (normal: 20°–45° de flexão lateral)

Palpação

Crânio e couro cabeludo

  • Avaliar a presença de dor ou edema.
  • Palpar para sentir o formato do crânio e a presença de deformidades.
  • Em indivíduos com trauma, avaliar as dimensões de:
    • Lacerações
    • Hematomas
    • Fraturas cranianas com afundamento
  • Textura do cabelo:
    • Quebradiço e áspero: hipotiroidismo (também causa perda capilar na zona externa das sobrancelhas)
    • Extra fino e macio: hipertiroidismo

Face

Palpação dos seios perinasais:

  • Técnica:
    • Bater suavemente nos seios frontal e maxilar bilateralmente.
    • Continuar de forma sistemática, de cima para baixo, comparando a esquerda com a direita.
  • Avaliar a presença de:
    • Áreas dolorosas (um sinal de sinusite)
    • Tumefação
    • Enfisema subcutâneo
Palpação/percussão dos seios frontais

Palpação/percussão dos seios frontais

Imagem por Lecturio. Licença: CC BY-NC-SA 4.0

Ouvidos

  • Palpar para avaliar a presença de dor no tragus.
  • Palpar os gânglios linfáticos pré-auriculares e retroauriculares.
  • Palpar a apófise mastóide e mover suavemente o pavilhão auricular para cima e para baixo.
  • A presença de dor pode ser indicativa de:
    • Otite externa
    • Mastoidite
Mastoidite

Mastoidite

Imagem por Lecturio. Licença: CC BY-NC-SA 4.0

Boca e garganta

  • Palpar a língua para avaliar:
    • Humidade
    • Edema
    • Dor
    • Linfadenopatias
    • Hipertrofia das glândulas salivares
  • Tocar no dente com uma espátula para avaliar a presença de dor dentária.
Exame do assoalho da boca

Exame do pavimento da boca

Imagem por Lecturio. Licença: CC BY-NC-SA 4.0

Pescoço

Palpação da posição traqueal:

  • Técnica:
    • Utilizar as pontas dos dedos para sentir de forma suave a área da tiroide.
    • Utilizar as duas mãos para sentir os dois lados simultaneamente e comparar.
  • Avaliar a presença de:
    • Desvio da traqueia
    • Crepitações
    • Tumefações/massas

Tiroide:

  • Geralmente, uma tiroide normal não é palpável.
  • A palpação é feita através de uma abordagem posterior.
  • Permanecer atrás do indivíduo e tentar localizar o istmo tiroideu, palpando abaixo da cartilagem tiroide.
  • Avaliar o tamanho e a consistência da glândula tiroideia.
  • Pedir ao indivíduo para deglutir um pouco de água enquanto é realizada a palpação.
  • Sentir o movimento ascendente da tiroide.
Paciente do sudão do sul com bócio

Bócio: observar o aumento massivo da tiroide.

Imagem: “Iodine deficiency among goiter patients in rural South Sudan” por Chuot CC, Galukande M, Ibingira C, Kisa N, Fualal JO. Licença: CC BY 2.0

Gânglios linfáticos da cabeça e pescoço:

Gânglios linfáticos aumentados e/ou dolorosos (linfadenopatia) podem indicar:

  • Processo infecioso agudo:
    • Faringite estreptocócica (cadeia anterior)
    • Otite média (cadeia posterior)
    • Tuberculose
    • Mononucleose infeciosa
    • Vírus da imunodeficiência humana (VIH)
  • Malignidade: grupos linfáticos específicos drenam regiões específicas.
Linfonodos de cabeça e pescoço

Gânglios linfáticos da cabeça e pescoço

Imagem por Lecturio. Licença: CC BY-NC-SA 4.0
Tabela: Malignidade
Nível e grupo de gânglios linfáticos Locais de disseminação linfática cancerígena
Gânglios linfáticos submentonianos e submandibulares
  • Lábio, língua anterior, pavimento da boca
  • Gengiva, mucosa bucal
Grupo jugulodigástrico superior
  • Cavidade oral
  • Faringe
  • Laringe
Gânglios linfáticos jugulares médios
  • Nasofaringe, orofaringe
  • Cavidade oral
  • Laringe
Gânglios linfáticos jugulares inferiores
  • Hipofaringe
  • Laringe subglótica
  • Esófago
Grupo do triângulo posterior Zona posterior do crânio
Grupo do compartimento anterior
  • Garganta, amígdalas, tiroide
  • Faringe posterior

Auscultação

  • A auscultação é realizada com o diafragma ou a campânula do estetoscópio sobre a pele sem roupa.
  • Auscultar as artérias carótidas com a campânula do estetoscópio à procura de um sopro (som sussurrante):
    • Os sopros carotídeos indicam a presença de estenose significativa da artéria carótida.
    • Um sopro resulta de um fluxo turbulento não laminar através de uma lesão estenótica.

Exames Especiais e Sinais de Alarme

Exames especiais

Tabela: Exames especiais
Nervo craniano Exame Objetivo
NC I: nervo olfativo
  • Testar o olfato do indivíduo utilizando substâncias não irritantes e aromas familiares.
  • É comum utilizar um cotonete com álcool
NC II: nervo ótico
  • Acuidade visual: avaliar com a tabela de Snellen.
  • Campos visuais: avaliar com a campimetria de confrontação.
  • Reflexo pupilar à luz: incidir uma luz no olho do indivíduo para testar a constrição pupilar bilateral.
  • Exame fundoscópico
NC III, IV, VI: nervo oculomotor, nervo troclear e nervo abducente
  • Responsável pelo movimento e acomodação ocular
  • Movimento ocular: testar pedindo ao indivíduo que siga o dedo do examinador
  • Acomodação:
    • Pedir ao paciente que olhe para um objeto de longe para perto e depois novamente para longe.
    • A resposta normal é a constrição da pupila ao olhar de objetos distantes para próximos e dilatação da pupila ao olhar de objetos próximos para distantes.
NC V: nervo trigémeo
  • Responsável pela sensação facial: testar ao tocar de forma ligeira em diferentes áreas faciais (testa (V1), maçãs do rosto (V2), mandíbula (V3)) e comparar ambos os lados
  • Inerva os ⅔ anteriores da língua com sensações gerais (e.g., dor e temperatura)
  • Inerva os músculos da mastigação: testar a força e simetria, pedindo ao indivíduo que encerre a mandíbula
  • Reflexos:
    • Reflexo massetérico:
      • Com um martelo de reflexos, bater no queixo do indivíduo enquanto a boca deste permanece ligeiramente aberta.
      • A resposta normal é o encerramento da mandíbula.
    • Reflexo corneano:
      • Tocar ligeiramente na córnea com um cotonete.
      • A resposta normal é o encerramento da pálpebra (piscando).
  • Nas lesões do nervo trigémeo, a mandíbula apresenta desvio para o lado afetado.
NC VII: nervo facial
  • Inerva os músculos da expressão facial
  • Testar pedindo ao indivíduo para realizar certos movimentos (e.g., franzir a testa, fechar os olhos com força, insuflar as bochechas, sorrir e assobiar)
  • Inerva os ⅔ anteriores da língua com sensação especial (doce, salgado e azedo)
NC VIII: nervo vestibulococlear
  • Testar realizando fricção com os dedos perto da orelha
  • Teste de Weber e Rinne (distinção entre perda auditiva sensorial ou de condução)
NC IX, X: nervo glossofaríngeo e nervo vago
  • Testar ao avaliar a úvula:
    • Normal: localizada ao centro
    • Anormal: desvio para o lado normal
  • Responsável pelo reflexo do vómito: testar ao tocar de forma ligeira na úvula com uma espátula
  • O NC IX inerva o ⅓ posterior da língua com sensação geral e especial.
  • A presença de rouquidão ou de compromisso no reflexo da tosse indica dano no NC X.
NC XI: nervo acessório
  • Inerva o músculo trapézio: pedir ao indivíduo para elevar os ombros contra resistência.
  • Inerva o músculo esternocleidomastoideu: pedir ao indivíduo para rodar a cabeça contra resistência.
NC XII: nervo hipoglosso
  • Inerva os músculos da língua: testar pedindo ao indivíduo que pressione a bochecha por dentro, enquanto o examinador avalia a força por fora
  • Na lesão do NC XII, a língua apresenta desvio em direção ao local da lesão.

Sinais de alarme

Tabela: Sinais de alarme importantes durante o exame da cabeça e pescoço
Região Achados Causa possível
Face
  • Assimetria facial
  • Perda da sensação facial
  • Paralisia de nervos cranianos
  • Acidente vascular cerebral (AVC)
Pescoço
  • Rigidez da nuca
  • ↓ Amplitude do movimento
  • Meningite
  • Lesão da coluna cervical
Olhos
  • Ptose, miose, anidrose: síndrome de Horner
  • Xantelasma: colangite biliar primária
  • Exoftalmia: doença de Graves
Boca
  • Língua de morango: escarlatina, doença de Kawasaki
  • Queilite angular: anemia ferropénica

Relevância Clínica

  • Dermatite seborreica: uma patologia cutânea comum, crónica e recorrente que se apresenta com placas eritematosas com escamas oleosas amareladas em áreas suscetíveis (e.g., couro cabeludo, face, tronco). O tratamento inclui agentes antifúngicos, corticosteróides, inibidores da calcineurina e agentes queratolíticos.
  • Sinusite: inflamação aguda da mucosa dos seios perinasais ou cornetos nasais com duração < 4 semanas. Esta patologia inflamatória pode ser causada por infeções víricas, bacterianas ou fúngicas. As etiologias não infeciosas da sinusite aguda podem incluir alergénios ou irritantes. Normalmente, o diagnóstico é clínico. O tratamento é de suporte, mas podem ser necessários antibióticos.
  • Otite externa: uma infeção do canal auditivo externo geralmente causada por uma infeção bacteriana aguda. Esta condição está frequentemente associada a climas quentes e húmidos e à exposição à água. Normalmente, os doentes apresentam otalgia, prurido, secreção e perda auditiva. O diagnóstico é clínico. A maioria dos casos de otite externa são tratados com antibioterapia tópica.
  • Otite média: uma infeção no ouvido médio caracterizada por inflamação da mucosa e retenção hídrica. Os microrganismos mais associados são Streptococcus pneumoniae, Haemophilus influenzae e Moraxella catarrhalis. A otite média pode apresentar-se com febre, otalgia e diminuição da acuidade auditiva. O diagnóstico é realizado através da história clínica e do exame otoscópico, que revela uma membrana timpânica abaulada com mobilidade reduzida. O tratamento pode incluir a observação ou o uso de antibióticos.
  • Mononucleose infeciosa: uma infeção vírica altamente contagiosa causada pelo vírus Epstein-Barr. O principal método de transmissão é a disseminação através de saliva infetada. As manifestações clínicas desta patologia incluem febre, faringite e linfadenopatia. O diagnóstico é clínico e confirmado por serologias. Atualmente, não existe nenhum tratamento antivírico específico disponível.

Referências

  1. Bickley, L. (2012). Bates’ Guide to Physical Examination and History-Taking. Philadelphia, PA: Lippincott Williams & Wilkins.
  2. Walker, H.K., et al. (1990). Clinical Methods: The History, Physical, and Laboratory Examinations. Boston: Butterworths. https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/21250045/
  3. Lewis, M.L. (2014). A comprehensive newborn exam: part I. General, head and neck, cardiopulmonary. Am Fam Physician. 90(5), 289–96. https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/25251088/

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