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Epiglotite

A epiglotite (ou "supraglotite") é uma inflamação da epiglote e das estruturas supraglóticas adjacentes. A maioria dos casos é causada por infeção bacteriana; no entanto, já vários vírus e fungos foram também identificados como possíveis causas, dependendo do estado imunológico e da idade dos doentes. Os sintomas são habitualmente graves e têm instalação rápida. Sem o tratamento apropriado, a epiglotite pode provocar obstrução da via aérea com risco de vida (manifestada por dificuldade respiratória, estridor e cianose). O diagnóstico é essencialmente clínico, mas pode ser confirmado por laringoscopia. O objetivo do tratamento é a proteção da via aérea e a administração de antibióticos.

Última atualização: Jul 1, 2024

Responsibilidade editorial: Stanley Oiseth, Lindsay Jones, Evelin Maza

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Epidemiologia

  • Estados Unidos:
    • Incidência anual em adultos: 1,6 por 100.000; em crianças: 0,6-0,8 por 100.000
    • Antes da introdução da vacina conjugada contra Haemophilus influenzae tipo b (Hib) em 1987, a incidência anual de epiglotite em crianças com idade << 5 anos era 3 vezes maior do que em adultos (5 por 100.000 versus 1,6 por 100.000). Essa proporção está atualmente invertida.
    • A idade média das crianças com epiglotite é agora de 6 a 12 anos.
  • No mundo:
    • Mais comum em homens adultos, com uma proporção homem-mulher de 3:1 .
    • Sem diferenças sazonais ao nível da incidência.
    • Mais comum em países sem imunização para H. influenzae tipo b
  • Fatores de risco :
    • Crianças :
      • Vacinação contra Hib incompleta ou ausente
      • Imunodeficiência
    • Adultos :
      • Imunodeficiência
      • Abuso de substâncias
      • Hipertensão arterial
      • Diabetes mellitus
      • Índice de massa corporal > 25
      • Pneumonia concomitante

Etiologia

  • A epiglotite pode ter etiologia infeciosa (bacteriana, vírica ou fúngica) ou não infeciosa. Em crianças saudáveis, a causa mais comum é a bacteriana.
  • Causas bacterianas mais comuns:
    • H. influenzae , responsável por aproximadamente 25% dos casos (especialmente em crianças não imunizadas, mas também observado em crianças imunizadas (embora mais raramente) porque a vacina não é 100% eficaz)
    • Streptococcus pneumoniae (mais comum em adultos)
    • H. parainfluenzae
    • Streptococcus Grupo A
  • A doença é menos frequentemente causada pelos seguintes agentes patogénicos:
    • Staphylococcus aureus
    • Neisseria meningitidis
    • Pasteurella multocida
  • Em indivíduos imunocomprometidos podem também ser observados os seguintes agentes patogénicos:
    • Micobactérias
    • Bacteroides
    • Cândida
    • Pseudomonas aeruginosa
    • Serratia spp.
    • Enterobacter spp.
  • Causas não infeciosas:
    • Traumatismo por lesão térmica
    • Ingestão de corpo estranho
    • Ingestão de cáusticos
    • Consumo de cocaína fumada (crack)
    • Quimioterapia da cabeça e pescoço
  • Outras causas: doenças linfoproliferativas (e.g., doença do enxerto contra hospedeiro)

Apresentação Clínica

  • Achados comuns:
    • Os sintomas chave em crianças os “4Ds”:
      • Disfagia (dysphagia)
      • Disfonia (dysphonia)
      • Salivação excessiva (drooling)
      • Sofrimento do doente (distress)
      • Dores de garganta intensas: o sintoma mais comum em adultos
      • A doença nas crianças tem uma progressão rápida, enquanto que nos adultos a progressão clínica é mais lenta.
  • Outras características:
    • Dificuldade em deglutir (disfagia)
    • Deglutição dolorosa (odinofagia)
    • Início súbito de febre alta
    • Estridor inspiratório: som anormal e agudo durante a respiração
    • Disfonia (rouquidão) e/ou voz abafada, muitas vezes descrita como voz de “batata quente”
    • Dificuldade respiratória → sofrimento respiratório → cianose
    • Inquietação, ansiedade, irritabilidade
    • Recusa em manter a posição de decúbito dorsal
    • Alívio na posição sentada e inclinada para frente (posição de tripé) com o pescoço hiperestendido e o queixo projetado para a frente (postura de cheirar): para maximizar o diâmetro da via aérea diminuída.

Diagnóstico

  • Avaliação inicial:
    • Perante a suspeita clínica de epiglotite, deve ser verificada a patência da via aérea antes da realização de qualquer outro teste.
    • A suspeita de epiglotite é uma emergência médica!
    • O diagnóstico é feito através da visualização da epiglote na laringoscopia direta ou indireta (que deve ser realizada sob anestesia geral no bloco operatório).
      • A epiglote apresenta-se edemaciada e ruborizada.
      • Existe inflamação e edema das estruturas supraglóticas.
      • Dor à palpação do osso hióide e da região adjacente
    • A inspeção com espátula é desaconselhada, uma vez que pode provocar espasmo da via aérea e desconforto em crianças.
  • Analiticamente : se necessidade de intubação devem ser colhidos hemograma completo com contagem diferencial, hemoculturas e cultura de secreções epiglóticas
    • Não é necessário para o diagnóstico
    • A maioria dos doentes apresenta leucocitose, mas este é um achado inespecífico.
    • Não realizar punções venosas em crianças pequenas com suspeita de epiglotite, a menos que já estejam intubadas.
  • Raio-X cervical em incidência lateral:
    • A doença pode ser confirmada pelo “sinal do polegar” (epiglote aumentada e edemaciada que se projeta a partir da parede anterior da hipofaringe).
    • Não são necessárias radiografias para se fazer o diagnóstico.
  • Tomografia computadorizada (TC):
    • Não necessário para o diagnóstico
    • O posicionamento (supino) pode levar a uma paragem respiratória.
    • Indicado se houver suspeita de outros diagnósticos (tais como abcesso retrofaríngeo ou peritonsilar)
    • Sinal de Halloween: descreve numa TC a aparência de uma epiglote de espessura normal no plano axial; se presente, este sinal exclui a epiglote aguda.
Estridor e febre

Algoritmo de diagnóstico para epiglotite.

Imagem de Lecturio.

Tratamento

  • Tratamento da via respiratória
    • A intubação traqueal deve ser realizada nos casos em que existe comprometimento da via aérea.
    • A extubação ocorre geralmente 2-3 dias após o início dos antibióticos.
    • Se a intubação falhar, deve ser realizada traqueostomia.
    • A intubação de crianças deve ser realizada no bloco operatório, uma vez que uma intubação mal sucedida obriga à realização de traqueostomia.
    • Monitorização em unidade de cuidados intensivos.
  • Antibioterapia
    • Cefalosporina de terceira geração (ceftriaxona ou cefotaxima) E um agente antiestafilocócico (vancomicina) por 7–10 dias
    • Reação de hipersensibilidade severa a penicilina ou cefalosporinas: vancomicina + quinolona ou carbapenem
    • Consultar infeciologista para recomendações e seguimento do doente
    • Ajustar terâpeutica de acordo com hemoculturas e culturas da epiglote, se for possível obter.
  • Prevenção
    • Vacina conjugada contra Hib e vacina antipneumocócica
    • Em caso de exposição a indivíduos infetados, pode ser administrada rifampin como profilaxia a todos os contactos próximos.

Complicações

O prognóstico é bom se existir um diagnóstico e tratamento atempados, no entanto, em casos de obstrução aguda da via aérea não tratada o desfecho pode ser fatal.

Complicações da epiglotite

  • Obstrução da via aérea → asfixia → morte
  • Abcesso epiglótico
  • Infeção secundária
    • Pneumonia
    • Adenite cervical
    • Celulite
    • Artrite sética
    • Empiema
    • Meningite
    • Bacteriemia/choque sético
  • Granuloma vocal
  • Metaplasia cartilaginosa da epiglote
  • Epiglotite necrotisante com imunodeficiência

Diagnósticos Diferenciais

  • Tosse convulsa: infeção bacteriana causada por Bordetella pertussis; os doentes infetados apresentam-se com episódios paroxísticos de tosse com ruído inspiratório característico, que persiste por 2 semanas ou mais
  • Faringite: inflamação da garganta ou faringe, geralmente causada por uma infeção do trato respiratório superior. A faringite apresenta-se geralmente como odinofagia e febre. Outros sintomas podem incluir coriza, tosse, cefaleia e rouquidão.
  • Abcesso periamigdaliano: infeção bacteriana com ponto de partida em faringite estreptocócica ou amigdalite não tratadas e formação de uma coleção de pus perto das amígdalas
  • Abcesso retrofaríngeo: infeção bacteriana com coleção de pus que se forma na parte posterior da faringe, e que se manifesta clinicamente como odinofagia, febre, rigidez cervical e respiração ruidosa
  • Crupe: também designada laringotraqueobronquite; é causada por vírus ou, raramente, por uma infeção bacteriana e resulta em edema no lúmen da traqueia que interfere na respiração normal. Os doentes desenvolvem tosse e estridor característicos.
  • Laringomalácia: laringomalácia (aumento da laxidão do tecido laríngeo) e traqueomalácia (aumento da laxidão da traqueia) são as condições mais comuns das vias aéreas superiores que produzem estridor em recém-nascidos e podem levar à obstrução das vias aéreas. Ambas são anomalias congénitas.

Referências

  1. Woods CR. (2022). Epiglottitis (supraglottitis): management. UpToDate. Retrieved August 17, 2022, from https://www.uptodate.com/contents/epiglottitis-supraglottitis-management
  2. Shah R. (2020). Epiglottitis—symptoms, diagnosis, and treatment. BMJ Best Practice. https://bestpractice.bmj.com/topics/en-gb/452
  3. Woods CR. (2022). Epiglottitis (supraglottitis): clinical features and diagnosis. UpToDate. Retrieved August 17, 2022, from https://www.uptodate.com/contents/epiglottitis-supraglottitis-clinical-features-and-diagnosis

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