Advertisement

Advertisement

Advertisement

Advertisement

Diabetes Mellitus

A diabetes mellitus (DM) é uma doença metabólica caracterizada por hiperglicemia e disfunção da regulação do metabolismo da glicose pela insulina. A DM tipo 1 é diagnosticada principalmente em crianças e adultos jovens como resultado da destruição autoimune das células β pancreáticas e da consequente falta de insulina. A DM tipo 2 apresenta uma associação significativa com a obesidade e caracteriza-se por resistência à insulina, bem como por défice relativo de insulina. As causas genéticas da diabetes (e.g., maturity onset diabetes of the young (MODY) e latent autoimmune diabetes in adults (LADA)) são cada vez mais reconhecidas, mas constituem uma pequena parte dos casos. Não há cura definitiva para a DM. O objetivo do tratamento é a prevenção de complicações, que podem incluir doença arterial coronária, doença renal crónica (DRC), retinopatia e neuropatia. A monitorização a longo prazo e a manutenção dos níveis ideais de glicemia são fundamentais para prevenir complicações. O tratamento é específico de acordo com o tipo de diabetes, tendo como objetivo o controlo glicémico em todos os tipos; a reposição de insulina é essencial na DM tipo 1, e uma dieta saudável, mudanças no estilo de vida e fármacos são importantes na DM tipo 2.

Última atualização: Jul 6, 2022

Responsibilidade editorial: Stanley Oiseth, Lindsay Jones, Evelin Maza

Advertisement

Advertisement

Advertisement

Advertisement

Advertisement

Advertisement

Definição

A diabetes mellitus (DM) é uma patologia do metabolismo dos hidratos de carbono. Geralmente ocorre em indivíduos com predisposição genética e caracteriza-se pela produção inadequada de insulina ou resistência à ação da insulina no pâncreas, resultando em hiperglicemia e sequelas patológicas a longo prazo.

Vídeos recomendados

Epidemiologia

Tipo 1

  • Afetados cerca de 1,6 milhões de indivíduos nos Estados Unidos em 2018
  • Normalmente com apresentação na infância ou idade adulta (< 25 anos)
  • 5%–10% de todos os diabéticos
  • Apresenta um forte viés etário, racial e geográfico:
    • Diagnosticada mais frequentemente entre os 4 e os 6 anos, com um 2.º pico no início da adolescência
    • Maior densidade geográfica na Finlândia e na Sardenha
    • Nos Estados Unidos, maior predominância em crianças e adolescentes brancos não hispânicos
  • Predisposição genética

Tipo 2

  • Em 2017, a prevalência mundial estimada foi de 425 milhões de pessoas
  • Geralmente com apresentação em idades > 40 anos, mas pode ser mais precoce
  • 90%–95% dos diabéticos
  • Prevalência estimada de 10,5% nos Estados Unidos (e 27% em americanos > 65 anos)
  • Incidência muito maior em nativos americanos, negros, hispânicos, asiático-americanos e indivíduos das ilhas do Pacífico

Diabetes gestacional

  • Ocorre em 5%–7% das gestações nos Estados Unidos
  • As prevalências étnicas e geográficas são semelhantes às da DM tipo 2
  • Nos Estados Unidos, prevalência elevada em mulheres afro-americanas, hispano-americanas, nativas americanas, das ilhas do Pacífico e do sul ou este asiático
  • Aumento da incidência de diabetes não gestacional numa fase posterior da vida

Fatores de risco:

  • Hemoglobina A1c ≥ 5,7% ou elevação da glicemia em jejum antes da gravidez
  • Diabetes gestacional em gravidez anterior
  • ≥ 110% do peso corporal ideal ou IMC (peso em quilogramas a dividir pelo quadrado da altura em metros) > 30 durante a gestação
  • Ganho excessivo de peso durante a 1.ª metade da gestação
  • História familiar de DM
  • Glicose na urina na 1.ª consulta pré-natal
  • Filhos anteriores ≥ 4 kg ao nascimento
  • Perfil lipídico alterado
  • Síndrome do ovário poliquístico (SOP)
  • Uso de glicocorticóides
  • Gravidez múltipla (gemelar, trigemelar, etc.)

Latent Autoimmune Diabetes in Adults (LADA, pela sigla em inglês)

  • Com apresentação na idade adulta: > 25 anos
  • 2%–12% da DM tipo 2 na população adulta

Maturity Onset Diabetes of the Young (MODY, pela sigla em inglês)

  • Afeta 1%–5% de todos os pacientes com diabetes mellitus
  • Sem predileção étnica

Etiologia

Tipo 1

  • Destruição autoimune das células β pancreáticas por anticorpos anti descarboxilase do ácido glutâmico (GAD, pela sigla em inglês) provocando défice de insulina
  • Associação com HLA (HLA-DQ, HLA-DR3 e HLA-DR4)
  • Associação com outras doenças autoimunes

Tipo 2

  • Causada por resistência à insulina
  • Défice relativo de insulina
  • Forte associação familiar/componente genético

Diabetes gestacional

  • Etiologia pouco clara, mas não autoimune
  • Aumento da secreção de insulina, mas não em quantidade suficiente para manter os níveis de glicose normais
  • Diminuição da sensibilidade à insulina

Diabetes tipo LADA

  • Semelhante à diabetes tipo 1, está associada a genes do complexo HLA
  • Obesidade e outros fatores de risco que provocam resistência à insulina

Diabetes tipo MODY

  • Transmissão autossómica dominante
  • 14 subtipos distintos
  • Mecanismos envolvidos:
    • Regulação da transcrição disfuncional
    • Enzimas metabólicas alteradas
    • Desdobramento proteico
    • Canais iónicos disfuncionais
    • Compromisso da transdução de sinal

Fisiopatologia

Tipo 1

  • Destruição imunomediada por células T das células produtoras de insulina dos ilhéus pancreáticos
  • Autoanticorpos (nem sempre detetáveis):
    • Anticorpos GAD:
      • Apresentam como alvo as células β pancreáticas produtoras de insulina
      • Destruição autoimune de 80%–90% das células
      • Provocam défice de insulina e hiperglicemia.
    • Anticorpos citoplasmáticos anti células dos ilhéus pancreáticos (ICA, pela sigla em inglês)
    • Anticorpos anti insulinoma-2 (IA-2, pela sigla em inglês)
    • Anticorpos anti insulina (IAA, pela sigla em inglês)
    • Anticorpos anti transportador do zinco 8 (ZnT8, pela sigla em inglês)
  • Os pacientes apresentam produção autónoma de insulina mínima ou nula:
    • Requerem reposição de insulina em todos os momentos para tratamento da hiperglicemia
    • A ausência de suplementação com insulina provoca:
      • Cetoacidose diabética (CAD) (pode ser fatal)
      • Complicações crónicas da diabetes

Tipo 2

A DM tipo 2 caracteriza-se pelo défice relativo de insulina e diminuição da sensibilidade à insulina.

  • Défice relativo de insulina:
    • A secreção de insulina pelas células β requer o transporte de glicose para dentro da célula
    • Mediado pelo transportador de glicose 2 (GLUT-2, pela sigla em inglês)
    • A obesidade e uma dieta hiperlipídica podem afetar este transporte, causando diminuição da secreção de insulina
  • Resistência periférica à insulina:
    • Com uma ingestão constante de glicose, existe uma necessidade constante de insulina.
    • A hiperinsulinemia provoca diminuição da sensibilidade dos recetores de insulina no fígado, músculo e células do tecido adiposo.
    • A regulação negativa dos recetores causa um círculo vicioso de altos níveis de insulina.
  • Mecanismos adicionais:
    • A diminuição da sensibilidade hepática à insulina provoca um défice de inibição da glicogenólise e da gliconeogénese
    • A hiperglicemia pode prejudicar a função das células β pancreáticas e exacerbar a resistência à insulina.
    • A necessidade elevada de insulina e a produção excessiva de enzimas pancreáticas provocam acumulação de pró-amilina e apoptose pancreática.
    • Falência progressiva das células β pancreáticas

Existem vários efeitos da hiperglicemia crónica:

  • Níveis elevados de glicose sérica (> 180 mg/dL) excedem o limiar renal causando:
    • Glicosúria
    • Aumento da pressão osmótica urinária, provocando poliúria
    • Desidratação, causando polidipsia
  • Défice de glicose intracelular, provocando polifagia
  • Complicações crónicas da diabetes

Diabetes gestacional

  • Disfunção das células β no contexto de resistência à insulina (semelhante à DM tipo 2)
  • É provável que esta disfunção já esteja presente antes da conceção; o stress da gravidez desmascara e agrava a condição.
  • Efeitos da hiperglicemia materna na gravidez:
    • Aumento do risco de pré-eclâmpsia
    • Aumento do risco de complicações no parto por distócia de ombros
  • Efeitos da hiperglicemia materna no desenvolvimento fetal:
    • Aumento do risco de hipoglicemia pós-natal
    • Aumento do risco de feto grande para a idade gestacional

Diabetes tipo LADA

  • Processo autoimune (semelhante à DM tipo 1)
  • Destruição mediada por autoanticorpos anti células β (especialmente GAD)
  • Processo lento e progressivo
    • Geralmente os pacientes não são dependentes de insulina na apresentação
    • Os fármacos orais perdem efeito rapidamente
    • Eventualmente apresentarão necessidade de insulina

Diabetes tipo MODY

  • Defeitos genéticos que conduzem a défice na deteção de glicose e secreção de insulina
  • Mutações no fator nuclear 4 alfa do hepatócito (HNF4A, pela sigla em inglês) são a causa de 10% dos casos de MODY.
Pâncreas

Pâncreas:
A função exócrina pancreática envolve as células acinares responsáveis pela secreção de enzimas digestivas que são transportadas para o intestino delgado pelo ducto pancreático. A função endócrina do pâncreas envolve a secreção de insulina (produzida pelas células beta) e glucagon (produzida pelas células alfa) nos ilhéus pancreáticos. Estas 2 hormonas regulam a taxa do metabolismo da glicose no organismo. A imagem microscópica revela ilhéus pancreáticos.

Imagem: “Pancreas” por Regents of University of Michigan Medical School. Licença: CC por 4.0

Apresentação Clínica

Tipo 1

CAD:

A DM tipo 1 apresenta-se geralmente em contexto de urgência com CAD:

  • Frequentemente precipitada por uma condição sugestiva (e.g., doença vírica, trauma, stress emocional)
  • Depressão do estado de consciência
  • Dor abdominal
  • Vómitos
  • Hálito frutado cetónico

Hiperglicemia:

A DM tipo 1 também pode apresentar sintomas clássicos de hiperglicemia:

  • Polidipsia
  • Polifagia
  • Poliúria (pode apresentar-se como enurese e noctúria em crianças)
  • Perda de peso
  • Visão turva

Tipo 2

A DM tipo 2 apresenta um início gradual, permanecendo assintomática por vários anos:

  • Níveis elevados de glicose frequentemente detetados em testes de rastreio previamente ao início dos sintomas
  • Pode apresentar sintomas clássicos de hiperglicemia, como na DM tipo 1
  • Por vezes, diagnosticada em contexto de síndrome hiperglicémico hiperosmolar ou com sinais de complicações a longo prazo antes de um diagnóstico estabelecido
  • Raramente, com CAD presente
  • Sintomas inespecíficos causados pela hiperglicemia:
    • Fadiga
    • Mal-estar
    • Anorexia
    • Amenorreia
    • Disfunção erétil
    • Cefaleia
    • Visão turva
    • Cãibras musculares
    • Desidratação
  • Manifestações cutâneas:
    • Celulite recorrente ou infeções fúngicas
    • Défice ou atraso na cicatrização de feridas
    • Prurido generalizado
    • Acantose nigricans: placas aveludadas hiperpigmentadas na pele da axila, pescoço ou entre os dedos

Diabetes gestacional

  • A maioria dos casos são detetados previamente ao início dos sintomas, no contexto do rastreio universal durante a gestação nos Estados Unidos
  • Geralmente no 2.º ou 3.º trimestres
  • Sintomas não tratados semelhantes aos da DM tipo 2

Diabetes tipo LADA

  • Sintomas inespecíficos semelhantes aos da DM tipo 2:
    • Fadiga
    • Mal-estar
    • Anorexia

Diabetes tipo MODY

  • Pacientes em idade jovem, geralmente não obesos: muitas vezes diagnosticados erradamente com DM tipo 1
  • Não resistente à insulina:
    • Distinguir da DM tipo 2 pode ser um desafio
    • Sintomas característicos de resistência à insulina (e.g., acantose nigricans) frequentemente ausentes

Diagnóstico

O diagnóstico de diabetes baseia-se na presença de hiperglicemia inadequada no contexto de sintomas clínicos suspeitos.

Tabela: Critérios de diagnóstico para diabetes mellitus
Teste Intervalo normal Aumento do risco de diabetes (pré-diabetes) Diabetes
Glicose plasmática ocasional Sintomas hiperglicémicos clássicos com glicose plasmática ocasional > 200 mg/dL
Glicemia em jejum
(jejum de 8 horas)
< 100 mg/dL 100–125 mg/dL ≥ 126 mg/dL

Glicose plasmática após 2 horas,
PTOG 75 g
< 140 mg/dL 140–199 mg/dL ≥ 200 mg/dL

Hemoglobina A1c < 5,7% 5,7%–6.4% ≥ 6,5%
PTOG: prova de tolerância oral à glicose

Tipo 1

  • A análise de urina pode revelar microalbuminúria, glicosúria ou corpos cetónicos
  • Autoanticorpos associados à DM (anti-GAD65, anti-ICA, anti-IA-2)
  • Peptídeo-C
    • Níveis baixos indicam défice de insulina (DM tipo 1)
    • Níveis elevados indicam resistência à insulina (DM tipo 2)

Tipo 2

  • Rastreio recomendado em:
    • Indivíduos > 45 anos sem fatores de risco
    • Indivíduos 35 – 70 anos com excesso de peso ou obesos
    • Indivíduos mais jovens se fatores de risco presentes
    • Situações particulares nas quais deve ser ponderado o rastreio:
      • Mulheres com história de diabetes gestacional
      • Indivíduos que iniciam terapêutica antirretroviral para o HIV
      • Familiar de primeiro grau com diabetes
  • Critérios de diagnóstico: (qualquer 1 dos seguintes)
    • Glicose plasmática em jejum (> 8 horas) ≥ 126 mg/dL (pré-diabetes: 100–125)
    • Glicose plasmática ≥ 200 mg/dL 2 horas após a ingestão de 75 g de glicose (prova de tolerância oral à glicose (PTOG)) (pré-diabetes: 140–199)
    • Hemoglobina A1c (HbA1c ) ≥ 6,5% (pré-diabetes: 5,7–6,4)
    • Glicose plasmática ocasional ≥ 200 mg/dL em paciente com sintomas clássicos

Diabetes gestacional

A prova de tolerância oral à glicose está recomendada entre a 24.ª e a 28.ª semanas de gestação. Consideram-se resultados alterados, se:

  • Glicemia em jejum: ≥ 92 mg/dL
  • Glicemia à 1 hora: ≥ 180 mg/dL
  • Glicemia às 2 horas: ≥ 153 mg/dL

Diabetes tipo LADA

  • Mesmos critérios de diagnóstico da DM tipo 2
  • Anticorpos GAD65 positivos: ajudam a identificar pacientes que parecem sofrer de DM tipo 2, mas que provavelmente precisarão de insulina para controlar os níveis de glicose

Diabetes tipo MODY

  • Para distinguir da DM tipo 1: ausência de autoanticorpos séricos
  • Para distinguir da DM tipo 2:
    • Atualmente não existem bons marcadores bioquímicos
    • História familiar de DM não sugestiva
    • Diabetes mellitus na ausência de obesidade ou marcadores secundários de sensibilidade à insulina podem ser sugestivos.
    • Testes genéticos

Vídeos recomendados

Monitorização

Auto-monitorização

  • Monitorização de glicemia:
    • Em jejum
    • Próximo das refeições (antes e/ou depois, dependendo do paciente)
    • Com sintomas de hipoglicemia ou hiperglicemia
    • Antes de atividades importantes (e.g., pilotar um avião/conduzir um autocarro escolar)
    • Atualmente existem novos sistemas de monitorização contínua de glicose utilizados na DM tipo 1
  • Higiene regular dos pés e auto-vigilância de úlceras cutâneas

Monitorização clínica

  • Verificação regular do peso e pressão arterial
  • Análises laboratoriais dos níveis de HbA1c anualmente para avaliar o controlo glicémico e a eficácia do tratamento:
    • A HbA1c fornece uma estimativa da glicemia do paciente nos 3 meses anteriores.
    • Alvo: < 7%
    • Menos rigoroso em pacientes idosos/crianças
  • Medição da razão microalbumina:creatinina anualmente
  • Perfil lipídico anualmente:
    • Colesterol total
    • HDL
    • LDL, com objetivo < 100 mg/dL
    • Triglicerídeos
  • Exame oftalmológico anual
  • Vacinas profiláticas (gripe, pneumocócica)
  • Exames dentários regulares

Tratamento

Não existe cura definitiva para a diabetes. O tratamento centra-se na correção da hiperglicemia com insulina (tipo 1) ou medicação oral (tipo 2), evitando hipoglicemias e tratando os efeitos clínicos da hiperglicemia crónica.

Abordagem multidisciplinar

A abordagem inicial é realizada com a educação e apoio do paciente.

  • Modificações no estilo de vida:
    • Dieta equilibrada
    • Exercício regular
    • Perda ponderal com diminuição da ingestão calórica em caso de excesso de peso ou obesidade
  • Cessação tabágica para diminuir o risco de complicações comórbidas
  • Gestão do stress
  • Tratamentos farmacológicos para atingir alvos glicémicos individualizados:
    • A escolha da medicação depende do nível de HbA1c no momento do diagnóstico
    • Necessitam de ajuste se intolerância ou doença renal crónica (DRC)

Fármacos orais

Classes de fármacos orais utilizados para o tratamento da diabetes resistente à insulina (geralmente tipo 2):

  • Biguanida (metformina): fármaco de 1.ª linha
  • Inibidores do cotransportador de sódio-glicose-2 (SGLT-2, pela sigla em inglês): benefício demonstrado em eventos cardiorrenais, especialmente em hospitalização por insuficiência cardíaca, risco de progressão da doença renal e mortalidade
  • Inibidores da dipeptidil peptidase-4 (DPP-4)
  • Sulfonilureias
  • Tiazolidinedionas

Tratamento com insulina

A insulina é utilizada para o tratamento da DM tipo 1 e, por vezes, da DM tipo 2, quando os fármacos orais não são suficientes.

  • Insulinas de ação rápida: início de ação em 10 a 15 minutos
    • Glulisina (nome comercial Apidra)
    • Lispro (nome comercial Humalog)
    • Aspart (nome comercial NovoLog)
  • Insulina de ação curta:
    • Início de ação em 30 minutos, atinge o pico em 2-3 horas
    • As insulinas de ação rápida e de ação curta são utilizadas em combinação com insulinas de ação mais longa ou em bombas de insulina para a diabetes tipo 1
  • Insulina de ação longa: duração de 12 a 24 horas
    • NPH (genérica, também conhecida como protamina neutra de Hagedorn)
    • Glargina (nome comercial Lantus ou Basaglar)
    • Detemir (nome comercial Levemir)

Tratamentos injetáveis não insulínicos

  • Agonistas do recetor do peptídeo 1 semelhante ao glucagon (GLP-1, pela sigla em inglês): preferidos em pacientes que já apresentam comorbilidades cardíacas ou renais:
    • Exenatida (nome comercial Byetta)
    • Dulaglutida (nome comercial Trulicity)
    • Liraglutida (nome comercial Victoza)
    • Semaglutida (Ozempic) – também disponível em comprimido (Rybelsus)
  • Pramlintide mimético da amilina (nome comercial Symlin) (não é utilizado com frequência):
    • Suprime a secreção plasmática de glucagon
    • Atrasa o esvaziamento gástrico
    • Promove a saciedade

Considerações especiais com o uso de insulina

O fenómeno do amanhecer:

  • No início da manhã, o efeito da insulina exógena administrada no dia anterior desaparece.
  • As hormonas antagonistas da insulina aumentam fisiologicamente pela manhã.
  • Pode causar hiperglicemia matinal

O efeito Somogyi:

  • Hiperglicemia matinal de rebound
  • Resposta à hipoglicemia durante a noite após quantidades excessivas de insulina exógena na noite anterior

Complicações

Complicações potenciais

Tipo 1:

  • CAD:
    • Hiperglicemia grave
    • Apresenta-se com vómitos, respiração superficial e confusão
    • O aumento do beta-hidroxibutirato sérico e de cetonas na urina são diagnósticas.
    • Pode levar ao coma e à morte se não for tratada
    • Requer hospitalização
  • Hipoglicemia grave induzida pela insulina:
    • Confusão
    • Irritabilidade
    • Ansiedade
    • Discurso arrastado
    • Diplopia
    • Pode levar à perda de consciência, convulsões ou morte se não for tratada
    • Tratamento com injeção ou administração nasal de glucagon

Tipo 2:

  • Síndrome hiperglicémico hiperosmolar (SHH):
    • A hiperglicemia grave resulta em aumento da osmolaridade sem cetoacidose significativa.
    • Os sintomas incluem sinais de desidratação, fadiga, cãibras nas pernas, alterações da visão e do nível de consciência.
    • Requer hospitalização
  • Ganho ponderal associado à insulina e causas potenciais:
    • Continuação da indiscrição alimentar
    • Redução da glicosúria com a melhoria do controlo glicémico
    • Lanches para suportar uma dose de insulina muito alta (tratamento excessivo de hipoglicemia)
    • O ganho de peso agrava a resistência à insulina e pode provocar o aumento da dose de insulina, levando a um círculo vicioso.

Diabetes gestacional:

O risco de complicações é proporcional ao nível de hiperglicemia:

  • Aborto espontâneo
  • Anomalias fetais
  • Feto grande para a idade gestacional, muitas vezes com necessidade de cesariana
  • Macrossomia
  • Pré-eclâmpsia
  • Hipoglicemia no recém-nascido

Complicações crónicas

Tanto a DM tipo 1 como a DM tipo 2 podem causar complicações a longo prazo.

  • Doença macrovascular:
    • Doença cardíaca coronária/enfarte agudo do miocárdio
    • Doença cerebrovascular/acidente vascular cerebral
    • Doença arterial periférica/claudicação
  • Doença microvascular:
    • DRC
    • Retinopatia diabética
    • Neuropatia/úlceras nos pés
  • Esteatose hepática

Vídeos recomendados

Diagnóstico Diferencial

Tipo 1

  • Diabetes tipo MODY: patologia clinicamente heterogénea, caracterizada por diabetes não insulino-dependente diagnosticada em idade jovem (< 25 anos), com transmissão autossómica dominante e ausência de autoanticorpos.
  • Polidipsia psicogénica: ingestão volitiva excessiva de água. A polidipsia psicogénica é frequentemente observada em pacientes com doença mental grave e/ou alteração do desenvolvimento. Podem não ocorrer efeitos físicos, mas pode estar presente hiponatremia.
  • Diabetes insípida nefrogénica: forma de diabetes insípida que ocorre por patologia renal. A diabetes insípida nefrogénica difere da diabetes insípida central/neurogénica, esta última causada por níveis insuficientes de hormona antidiurética (ADH).
  • Insuficiência renal de alto débito: associada a poliúria por outras causas, incluindo stress, trauma, queimaduras ou cirurgia.

Tipo 2

  • Síndrome metabólica: grupo de condições que incluem obesidade central, aumento da pressão arterial, aumento da glicemia, triglicerídeos séricos elevados e HDL sérico baixo.
  • Diabetes tipo LADA: forma de DM tipo 1. Quando o diagnóstico não é claro, a avaliação da presença de anticorpos em pacientes com diabetes com manifestação recente é útil para estabelecer este diagnóstico.
  • Hiperglicemia induzida por corticosteróides: a prednisona e fármacos semelhantes podem causar hiperglicemia significativa. A hiperglicemia induzida por corticosteróides pode ser transitória e desaparecer com o fim do tratamento ou pode persistir e revelar uma DM tipo 2 subjacente.
  • Diabetes secundária: devido a doença de Cushing, acromegalia ou hipersecreção de glucagon causada por tumor das células alfa dos ilhéus pancreáticos, síndrome de Down (trissomia 21) ou hemocromatose, pancreatite crónica ou malignidade pancreática.

Referências

  1. Levitsky, L.L. (2020). Epidemiology, presentation, and diagnosis of type 1 diabetes mellitus in children and adolescents. UpToDate. Retrieved April 15, 2021, from https://www.uptodate.com/contents/epidemiology-presentation-and-diagnosis-of-type-1-diabetes-mellitus-in-children-and-adolescents
  2. Inzucchi, S. (2021). Clinical presentation, diagnosis, and initial evaluation of diabetes mellitus in adults.UpToDate. Retrieved April 15, 2021, from https://www.uptodate.com/contents/clinical-presentation-diagnosis-and-initial-evaluation-of-diabetes-mellitus-in-adults
  3. ADA. (2020). Statistics About Diabetes. Retrieved April 16, 2021, from https://www.diabetes.org/resources/statistics/statistics-about-diabetes#:~:text=Overall%20Numbers%2C%20Diabetes%20and%20Prediabetes.%20Undiagnosed%3A%20Of%20the,million%20Americans%20are%20diagnosed%20with%20diabetes%20every%20year
  4. Kühl, C. (1998). Etiology and pathogenesis of gestational diabetes. Diabetes care, 21 Suppl 2, B19-26. https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/9704223/
  5. Wexler, DJ. (2020). Initial management of hyperglycemia in adults with type 2 diabetes mellitus. UpToDate. Retrieved April 16. 2021, from https://www.uptodate.com/contents/initial-management-of-hyperglycemia-in-adults-with-type-2-diabetes-mellitus
  6. Carlsson, S. (2019). Etiology and pathogenesis of latent autoimmune diabetes in adults (LADA) compared to type 2 diabetes. Frontiers in Physiology 10:320. Retrieved April 16, 2021, from https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/30971952/
  7. Bell RA, et al. (2009). Diabetes in non-Hispanic white youth: prevalence, incidence, and clinical characteristics: the SEARCH for Diabetes in Youth Study. Diabetes Care 32 Suppl 2(Suppl 2):S102–S111. https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/19246575/ 
  8. Mayer-Davis EJ, et al. (2018). ISPAD Clinical Practice Consensus Guidelines 2018: Definition, epidemiology, and classification of diabetes in children and adolescents. Pediatr Diabetes 19 Suppl 27(Suppl 27):7–19. https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/30226024/

Aprende mais com a Lecturio:

Complementa o teu estudo da faculdade com o companheiro de estudo tudo-em-um da Lecturio, através de métodos de ensino baseados em evidência.

Estuda onde quiseres

A Lecturio Medical complementa o teu estudo através de métodos de ensino baseados em evidência, vídeos de palestras, perguntas e muito mais – tudo combinado num só lugar e fácil de usar.

User Reviews

¡Semana de descuentos! 💸 Ahorra 30% en todos los planes

It's Deal Week! 💸 Save 30% on all plans!

Details