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Descolamento da Retina

O descolamento da retina consiste na separação da retina neurossensorial do epitélio pigmentar da retina e da coroide. O descolamento de retina regmatogénico, o tipo mais comum, decorre de uma rotura na retina, que permite a acumulação de líquido no espaço sub-retiniano. Na presença de uma retina intacta, o descolamento ocorre quando o vítreo puxa a retina (tração) ou quando uma doença subjacente leva ao aumento do extravazamento de fluido (exsudativo). Os sintomas como fotopsia, moscas volantes e defeitos visuais podem apresentar-se em horas ou gradualmente ao longo de semanas. O descolamento da retina com perda visual é uma emergência. Assim que ocorre o descolamento macular, o prognóstico visual é mau. O descolamento regmatogénico da retina sintomático com acuidade visual central intacta implica uma cirurgia de urgência. Nos descolamentos não regmatogénicos da retina, o tratamento deve ser dirigido ao processo patológico primário.

Última atualização: Jun 24, 2022

Responsibilidade editorial: Stanley Oiseth, Lindsay Jones, Evelin Maza

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Descrição Geral

Definição

O descolamento de retina consiste na separação da retina do epitélio pigmentar da retina e da coroide subjacentes.

Anatomia

Retina:

  • Camada mais interna, que contém fotorrecetores que convertem os estímulos luminosos em impulsos nervosos
    • Bastonetes: visão a preto e branco (funcionam em ambientes de luminosidade reduzida)
    • Cones: visão a cores (funcionam em ambientes de luminosidade intensa)
  • Retina óptica
    • Camada neuronal ou neurossensorial
      • Contém as células fotorrecetoras
      • Termina anteriormente ao longo da ora serrata
    • Camada externa de células pigmentadas ou epitélio pigmentar da retina (EPR)
      • Sobrejacente à coroide
      • Camada única de células que contêm melanina e absorvem a luz, reduzindo a dispersão da mesma dentro do olho
  • Retina não visual: extensão da camada de células pigmentares anteriormente sobre o corpo ciliar e a superfície posterior da íris.
  • Mácula
    • Centro da retina
    • Contém a fóvea, região com a densidade máxima de cones
Anatomia do olho

Anatomia do olho humano

Imagem de Lecturio.
Componentes úvea e estrutura geral do olho

Esquerda: componentes das camadas mais interna, neuronal e sensorial do olho
Direita: estrutura geral do olho

Imagem de Lecturio.

Epidemiologia

  • Incidência: 1 em 10.000
  • Homens > mulheres
  • Risco aumentado no Sudeste Asiático (relacionado com o maior risco de miopia)

Vídeos recomendados

Categorias e Fatores de Risco

Descolamento regmatogénico da retina

  • Mais comum
  • Rasgo, rotura ou buraco na retina.
  • Fatores de risco:
    • Descolamento posterior do vítreo
    • Degeneração em treliça ou diminuição anormal da espessura da retina
    • Miopia patológica
    • Baías da ora fechadas
    • Pregas meridionais
    • Cirurgia de catarata
    • Trauma
    • Descolamento prévio da retina do olho contralateral
    • Síndrome de Marfan
    • Retinite por citomegalovírus (CMV)
    • Retinosquise
    • História familiar de descolamento da retina

Descolamento não regmatogénico da retina

  • Não implica uma rotura na retina neurossensorial
  • Tipos:
    • Descolamento da retina por tração: envolve membranas proliferativas na retina ou no vítreo
    • Descolamento da retina exsudativo (seroso): resulta da entrada de fluido no espaço sub-retiniano
  • Fatores de risco para o descolamento da retina por tração:
    • Vitreorretinopatia proliferativa
    • Retinopatia diabética proliferativa (complicações da diabetes)
    • Retinopatia da prematuridade
    • Lesão ocular penetrante
    • Hemoglobinopatias falciformes (anemia falciforme)
    • Oclusão venosa na retina
    • Trauma
  • Fatores de risco para o descolamento da retina exsudativo:
    • Tumores:
      • Tumores oculares primários
      • Metástases oculares
    • Doenças oculares:
      • Oftalmia simpática
      • Coriorretinopatia serosa central
      • Vasculopatia polipoidal da coroide
      • Fosseta do nervo óptico
      • Necrose aguda da retina
      • Doença de Coats
    • Doenças ou condições sistémicas:
      • Sarcoidose
      • Sífilis
      • Toxoplasmose
      • Tuberculose
      • Tratamento com corticoides
      • Síndrome de Vogt-Koyanagi-Harada
      • Pré-eclâmpsia, eclâmpsia, hipertensão não controlada
      • Transplante de órgão

Fisiopatologia

Precursores do descolamento da retina

  • Descolamento posterior do vítreo
    • O corpo vítreo encolhe lentamente (degeneração vítrea) e repuxa as fibras que ligam o vítreo à retina.
    • Mais comum em doentes com > 70 anos
    • Também ocorre na miopia, bem como no trauma e inflamação ocular.
    • Leva a:
      • Descolamento regmatogénico ao causar um rasgo ou buraco na retina
      • Descolamento por tração quando o vítreo apresenta uma adesão forte à retina
  • Rotura retiniana
    • Descontinuidade na retina neurossensorial
    • Apresenta-se como um buraco (redondo) ou rasgo (em forma de ferradura) na retina
    • Permite a passagem e acumulação de fluido vítreo no espaço sub-retiniano
    • Associada ao descolamento regmatogénico da retina
Descolamento da retina

Esta imagem mostra uma rotura da retina (rasgo) que permite a entrada do fluido no espaço sub-retiniano.

Imagem de Lecturio.

Descolamento regmatogénico da retina

  • Os buracos ou rasgos na retina permitem a entrada de fluido no espaço sub-retiniano, que leva à separação da retina neuronal do EPR.
  • O descolamento pode ocorrer em horas ou demorar meses.

Descolamento não regmatogénico da retina

  • Descolamento tracional da retina:
    • As membranas proliferativas puxam a retina neurossensorial, separando-a do epitélio pigmentar da retina.
    • Associado a doenças que levam à neovascularização (por exemplo, diabetes mellitus, retinopatia da prematuridade)
  • Descolamento exsudativo da retina:
    • Disfunção da saída do líquido do vítreo para a coroide ou alteração da permeabilidade vascular na região afetada → acumulação de líquido seroso ou hemorrágico
    • Causado por:
      • Fatores hidrostáticos (por exemplo, hipertensão aguda grave)
      • Inflamação (por exemplo, uveíte sarcoide)
      • Lesão ou neoplasia de grandes dimensões que causa derrames

Sequelas do descolamento da retina

  • Separação da retina da coroide → perda da irrigação sanguínea → isquemia → degeneração rápida e progressiva dos fotorrecetores
  • Quando a retina central está envolvida → perda de visão

Apresentação Clínica

Sintomas iniciais

  • Fotopsia:
    • Flashes de luz, por vezes associados ao movimento dos olhos
    • Efeito da despolarização mecânica dos axónios na camada de fibras nervosas da retina, provocada pela tração vitreorretiniana
    • Geralmente não ocorre no descolamento exsudativo da retina
  • Moscas volantes (“floaters” em inglês):
    • Quando a retina rasga, as células do EPR e sangue vão para a cavidade vítrea → “floaters”
    • Quando o vítreo se desprende do anel em redor do nervo óptico → grande mosca volante circular ou anel de Weiss
    • A separação da retina rompe um vaso sanguíneo e leva à hemorragia vítrea → “chuva de manchas pretas”
    • Depois das manchas pretas aparecerem, formam-se coágulos irregulares → “teias de aranha”

Progressão para descolamento da retina

  • Início:
    • Pequenas lesões retinianas: progridem lentamente (semanas a meses)
    • Rasgos grandes: progridem em dias
    • Descolamento não regmatogénico: leva semanas a meses
  • Descolamento localizado ou periférico:
    • Geralmente começa na periferia
    • Defeito do campo visual em cortina ou tipo sombra fraca
  • Descolamento extenso ou descolamento macular:
    • Perda súbita e indolor da visão (em “cortina descendente”): é uma emergência!
    • Descolamento que envolve a mácula: ↑ risco de perda visual permanente
    • Defeito pupilar aferente relativo (DPAR); indicativo de morte dos fotorrecetores
Tabela: Visão geral dos sintomas e respetivas causas
Sintoma Causa
Fotopsia Tração vitreorretiniana
Moscas volantes Células vítreas, sangue
Defeito do campo visual Descolamento periférico
Visão turva ou perda da visão central Descolamento macular

Diagnóstico

Avaliação inicial

  • História clínica
  • Teste da acuidade visual
  • Teste dos campos visuais por confrontação, que auxilia na localização da lesão
  • Reflexos pupilares (avaliar a presença de DPAR)

Exame oftalmológico

  • Avaliar ambos os olhos: o descolamento da retina aumenta o risco no olho adelfo
  • Fundoscopia com pupila dilatada e biomicroscopia com lâmpada de fenda
    • Fundoscopia: os rasgos na retina e/ou os descolamentos óbvios são visíveis como uma retina cinzenta e elevada que ondula
    • Avaliação do segmento anterior: pode mostrar células vítreas pigmentadas ou “pó de tabaco” (células do epitélio pigmentar da retina que flutuam livremente)
  • Ecografia oftálmica modo B:
    • Usada nos casos em que o exame oftalmológico não é diagnóstico
    • Deteta a presença de descolamento quando há hemorragia vítrea densa (que impede uma boa observação fundoscópica da retina)

Tratamento

Procedimentos

  • Retinopexia a laser (fotocoagulação): utilização do laser para induzir uma maior adesão coriorretiniana
  • Criorretinopexia: crioterapia aplicada com o objetivo de produzir cicatrizes e adesão retiniana
  • Retinopexia pneumática: procedimento realizado no consultório que consiste na criorretinopexia e na injeção de uma bolha de gás intravítreo para tamponar a área afetada.
  • Fivela escleral (introflexão escleral):
    • Estrutura de silicone flexível suturada à esclera para causar uma deformação (indentação da esclera para o interior do olho)
    • Traz a retina descolada para uma posição mais próxima da parede do olho, reduz a tração vítreo-retiniana interna e encerra as roturas da retina.
  • Vitrectomia: remoção do corpo vítreo e utilização de óleo de silicone ou de uma bolha de ar para o substituir.

Considerações da abordagem

  • Prevenção:
    • Óculos de proteção, especialmente nos desportos de contacto
    • Diagnóstico precoce do descolamento posterior do vítreo e, quando indicado, realização de vitrectomia
    • Tratamento das roturas ou buracos na retina para prevenir o descolamento da retina: retinopexia a laser ou criorretinopexia
  • Descolamento macular: implica um mau prognóstico visual
  • Complicações da reparação do descolamento da retina:
    • Retinopatia proliferativa: causa mais comum da falência da reparação.
    • Formação de catarata na vitrectomia

Tratamento do descolamento regmatogénico da retina

  • Sintomático:
    • Para aqueles com acuidade visual central preservada: Realizar o tratamento dentro de 24 horas (para evitar a progressão para um descolamento macular).
    • Pequeno descolamento: retinopexia a laser ou criorretinopexia
    • Opções para um descolamento de grandes dimensões:
      • Retinopexia pneumática
      • Colocação da fivela escleral
      • Vitrectomia
  • Assintomático:
    • Lesões pequenas: considerar laser ou criorretinopexia
    • Opções nas lesões grandes:
      • Retinopexia a laser ou criorretinopexia
      • Fivela escleral
      • Vitrectomia
Fivela escleral

Esta imagem ilustra a introflexão escleral, a colocação de uma estrutura em silicone flexível suturada à esclera. A fivela escleral empurra a esclera para dentro, mantendo assim as estruturas separadas mais próximas e permitindo que a retina se fixe novamente.

Imagem de Lecturio.

Tratamento do descolamento não regmatogénico da retina

  • Tracional:
    • Tratar a doença subjacente (por exemplo, a retinopatia diabética)
    • Remoção das forças de tração por vitrectomia (pode ser combinada com a introflexão escleral)
  • Exsudativo:
    • Tratar a doença subjacente.
    • As neoplasias podem exigir enucleação.

Diagnóstico Diferencial

  • Oclusão da artéria central da retina: oclusão da artéria central da retina, a principal irrigação do nervo óptico, por um êmbolo ou ateroma. Os doentes apresentam geralmente uma perda visual monocular súbita e indolor. Os achados fundoscópicos incluem o clareamento da retina com uma mancha “vermelho-cereja”. A oclusão da artéria central da retina é uma emergência médica e a recuperação visual depende da avaliação e tratamento imediatos.
  • Retinosquise: divisão da retina (geralmente na camada plexiforme externa) com o desenvolvimento de 2 camadas principais. A forma congénita (o tipo juvenil, recessivo ligado ao X) afeta mais os homens que as mulheres, enquanto que na retinosquise adquirida ou senil, tanto os homens como as mulheres com idade > 50 anos são afetados. A acuidade visual reduzida é a apresentação habitual da retinosquise congénita. Os doentes com a patologia adquirida são geralmente assintomáticos. Pode levar ao descolamento da retina, que é tratado cirurgicamente.
  • Derrame na coroide: acumulação anormal de líquido no espaço supracoroide (entre a coroide e a esclera). O derrame coroidal pode resultar de uma cirurgia de glaucoma ou de trauma, infeções e neoplasias. Os doentes podem ser assintomáticos quando o derrame é pequeno; no entanto, em derrames maiores ocorrem alterações refrativas, diminuição da visão e dor. A ecografia oftálmica ajuda a diferenciar o descolamento da retina do derrame coroidal. Dependendo da patologia subjacente, o tratamento varia desde a vigilância até à drenagem cirúrgica.
  • Massa da coroide: pode resultar de um nevo benigno a lesões malignas como melanomas. A coroide possui uma irrigação vascular abundante, tornando-se um local comum de metastização de neoplasias. A apresentação pode variar desde casos assintomáticos a visão turva. A ecografia ajuda a diferenciar as várias lesões oculares. O tratamento deve ser dirigido à etiologia da massa.
  • Hemorragia supracoroidal: sangramento entre a coroide e a esclera. Esta condição é rara, mas pode resultar de uma cirurgia intraocular. Os fatores de risco incluem a diabetes, a hipertensão não controlada e os fármacos anticoagulantes ou antiagregantes plaquetários. A hemorragia supracoroidal pode ocorrer no intra ou no pós-operatório. Os sintomas incluem cdefaleias, náuseas, dor ocular e diminuição da acuidade visual. A ecografia deteta a extensão e a localização da hemorragia. O tratamento visa a redução da pressão intraocular com o controlo da dor e da hemorragia.

Referências

  1. Arroyo, J., Gardiner, M. Givens, J. (2020) Retinal detachment. UpToDate. Retrieved 5 Oct 2020, from https://www.uptodate.com/contents/retinal-detachment
  2. Blair, K., Czyz, C. (2020) Retinal detachment. StatPearls. https://www.ncbi.nlm.nih.gov/books/NBK551502/#_article-28444_s8_
  3. Gariano, R., Kim, C. (2004) Evaluation and Management. Medscape. Retrieved 7 Oct 2020, from https://emedicine.medscape.com/article/798501-overview

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