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Cystoisospora/Cistoisosporíase e Cyclospora/Ciclosporíase

Cystoisospora e Cyclospora são géneros dentro da subclasse Coccidia dos protozoários. Estes parasitas unicelulares e intracelulares obrigatórios causam infeções intestinais em humanos. Os humanos são o único hospedeiro destas espécies e ambas são transmitidas através da via fecal-oral. Os sintomas da cistoisosporíase e ciclosporíase são diarreia aquosa, dor abdominal e febre. A cistoisosporíase grave pode ocorrer em indivíduos imunocomprometidos, nomeadamente aqueles com VIH/SIDA, e pode levar à má-absorção, perda de peso e desidratação. Ambas as doenças são autolimitadas em indivíduos imunocompetentes, embora a ciclosporíase tenha uma evolução mais prolongada. O diagnóstico é obtido através da identificação de ovócitos nas amostras de fezes. A antibioterapia com trimetoprim-sulfametoxazol pode ser usada (sobretudo em indivíduos imunocomprometidos).

Última atualização: Jul 8, 2022

Responsibilidade editorial: Stanley Oiseth, Lindsay Jones, Evelin Maza

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Características Gerais

Características básicas de Cystoisospora e Cyclospora

  • Protozoários:
    • Monocelular
    • Parasitas intracelulares obrigatórios
  • Taxonomia:
    • Classe: Conoidasida
    • Subclasse: Coccidia

Espécies clinicamente relevantes

Ambos os microorganismos provocam doenças intestinais em humanos.

  • O género Cystoisospora belli (antigamente Isospora belli) provoca cistoisosporíase.
  • O género Cyclospora cayetanensis provoca ciclosporíase.

Epidemiologia

Cystoisospora:

  • Distribuição mundial
  • Predominante nas regiões tropicais e subtropicais
  • Dos coccídeos intestinais que infetam humanos é o menos comum.

Cyclospora:

  • Encontrado nos países em desenvolvimento, em áreas tropicais e subtropicais:
    • América Latina
    • Egito
    • África Subsariana
    • Índia
    • Sudeste Asiático
  • Estados Unidos: aproximadamente 16.000 casos de doenças de origem alimentar por ano

Patogénese

Hospedeiro

Ambas as espécies são encontradas apenas em humanos.

Fatores de risco

Cystoisospora (doença grave):

  • VIH/SIDA
  • Linfoma e leucemia
  • Hipogamaglobulinemia
  • Terapêutica imunossupressora
  • Bebés e crianças pequenas

Cyclospora:

  • Áreas endémicas:
    • Condições de saneamento precárias
    • Baixo nível socioeconómico
  • Áreas não endémicas:
    • Viajantes
    • Importação de alimentos frescos de regiões endémicas
  • Doença grave:
    • Crianças pequenas
    • Idosos
    • Indivíduos imunocomprometidos (e.g., aqueles com VIH/SIDA)

Transmissão

Ambas as espécies são transmitidas por via fecal-oral (ingestão de alimentos e água contaminados).

Ciclo de vida

Cystoisospora e Cyclospora apresentam um ciclo de vida semelhante:

  • Ingestão de ovócitos esporulados de alimentos ou água contaminados
  • Os esporozoítos são libertados no intestino delgado → penetram nas células epiteliais intestinais
  • Reproduzem-se assexuadamente → a fase sexual inicia-se depois de invadirem outra célula
  • A fertilização resulta em ovócitos imaturos → excretados nas fezes
  • A esporulação ocorre fora do hospedeiro

Apresentação Clínica

Cistoisosporíase

A cistoisosporíase tem um período de incubação de 7-14 dias. A apresentação da doença varia de acordo com o estado imunológico do indivíduo.

  • Hospedeiro imunocompetente:
    • Acute
    • Normalmente ligeira e autolimitada (normalmente resolve em 7-10 dias)
    • Alguns hospedeiros são assintomáticos.
    • Diarreia:
      • Sem presença de sangue
      • Aquosa
      • Início súbito
    • Dor abdominal tipo cólica
    • Anorexia
    • Náuseas e vómitos
    • Febre
    • Mal-estar
    • Má-absorção e perda de peso (com sintomas prolongados)
    • Também associada a colecistite alitiásica
  • Hospedeiro imunocomprometido:
    • Evolução clínica crónica e prolongada
    • Diarreia severa:
      • Sem presença de sangue
      • Pode haver esteatorreia
    • Dor abdominal
    • Febre
    • Má-absorção e perda de peso
    • Desidratação:
      • Insuficiência renal
      • Distúrbios eletrolíticos

Ciclosporíase

A ciclosporíase tem um período de incubação de aproximadamente 7 dias.

  • A maioria dos indivíduos são assintomáticos, sobretudo os imunocompetentes.
  • Pode durar semanas a meses (se não for tratada)
  • Sintomas gerais:
    • Diarreia:
      • Aquosa
      • Sangue ou muco ocasionalmente
    • Anorexia
    • Náuseas
    • Fadiga
    • Perda de peso
    • Distensão abdominal e flatulência
    • Febre baixa
    • Doença biliar

Diagnóstico

Diagnóstico de cistoisosporíase

  • Achados laboratoriais:
    • Eosinofilia
    • Evidência de desidratação:
      • ↓ K
      • ↓ Magnésio
      • ↓ Bicarbonato
      • ↑ Creatinina
  • Testes de diagnóstico:
    • Observação de um ovócito nas fezes:
      • Possui paredes finas e elipsoidais
      • Ácido-álcool resistente (usando a coloração ácido-álcool modificada)
    • PCR para detetar o ADN de Cystoisospora
    • Biópsia intestinal que identifica parasitas

Diagnóstico da ciclosporíase

  • Observação de um ovócito nas fezes:
    • Coloração ácido-resistente (Ziehl-Neelsen): cor-de-rosa ou púrpura, corpos redondos
    • Coloração de Safranin: os ovócitos são de cor vermelha/laranja avermelhado
    • Autofluorescência com microscopia de fluorescência
  • PCR para detectar o ADN de Cyclospora em fezes
Cyclospora_cayetanensis

Fotomicrografia de ovócitos de Cyclospora cayetanensis encontrados numa amostra de fezes, utilizando a coloração ácido-resistente (Ziehl-Neelsen)

Imagem: “Cyclospora cayetanensis” por CDC. Licença: Public Domain

Tratamento

Tratamento da cistoisosporíase

  • Normalmente é autolimitada em indivíduos imunocompetentes
  • Reposição de fluidos e eletrólitos para a desidratação
  • Apoio nutricional em casos de desnutrição
  • Terapêutica antimicrobiana:
    • Indicações:
      • Indivíduos imunocomprometidos
      • Indivíduos imunocompetentes com sintomas persistentes
    • Opções:
      • Trimetoprim-sulfametoxazol (TMP-SMX; 1ª linha)
      • Ciprofloxacina
      • Pirimetamina associada a ácido fólico
      • Nitazoxanida
  • Terapêutica anti-retroviral em indivíduos com SIDA
  • Profilaxia secundária para ↓ risco de recidiva em indivíduos imunocomprometidos: TMP-SMX

Tratamento da ciclosporíase

Da antibioterapia utilizada no tratamento da ciclosporíase estão incluídos:

  • TMP-SMX (1ª linha)
  • Nitazoxanida
  • Ciprofloxacina

Diagnósticos Diferenciais

  • Microsporidiose: causada por um grupo de microrganismos formadores de esporos, intracelulares obrigatórios, recentemente reclassificados como fungos (previamente classificados como protozoários). O microsporidia afeta frequentemente indivíduos imunocomprometidos (sobretudo aqueles com SIDA) e manifesta-se com diarreia e outras infeções disseminadas. O diagnóstico é obtido através da identificação de microorganismos nas fezes, urina, secreções ou biópsia de amostras. O tratamento depende da espécie e inclui uma vasta gama de antimicrobianos.
  • Gastroenterite: inflamação do estômago e dos intestinos, geralmente causada por bactérias, vírus ou parasitas. A maior parte dos casos são virais. As características clínicas mais comuns da gastroenterite incluem dor abdominal, diarreia, vómitos, febre e desidratação. Nem sempre é necessária a análise ou cultura das fezes para confirmar o diagnóstico, embora possa ajudar a estabelecer a etiologia em determinadas circunstâncias. A maioria dos casos são autolimitados; portanto, o único tratamento necessário é o de suporte (hidratação).
  • Criptosporidiose: infeção por Cryptosporidium. Os indivíduos manifestam-se com um quadro de diarreia aquosa, cólicas abdominais, náuseas e febre, que resolve em 2-3 semanas, embora a infeção possa ser mais persistente e grave em indivíduos imunocomprometidos. O diagnóstico é obtido através da identificação do microorganismo numa amostra de fezes. A criptosporidiose é geralmente autolimitada, mas pode ser necessário recorrer a nitazoxanida nos casos persistentes ou graves.
  • Giardíase: causada por Giardia lamblia, um protozoário flagelado que pode infetar o trato gastrointestinal. O principal sintoma da giardíase é a esteatorreia com cheiro fétido. Os indivíduos que desenvolvem infeções crónicas podem cursar com perda de peso, infertilidade e défices vitamínicos, resultantes do quadro de má-absorção. O diagnóstico é feito através da deteção de microorganismos de Giardia, antigénios ou DNA nas fezes. O tratamento inclui terapêutica com metronidazol, tinidazol ou nitazoxanida e de suporte.
  • Diarreia do viajante: gastroenterite habitualmente provocada por bactérias ou vírus encontrados na água local, tais como Escherichia coli enterotoxigénica (ETEC) ou norovírus. Os sintomas ocorrem após o consumo de água ou alimentos contaminados e incluem diarreia aquosa, mal-estar e cólicas abdominais. O diagnóstico é clínico e a doença é autolimitada.

Referências

  1. Guidelines for prevention and treatment of opportunistic infections in HIV-infected adults and adolescents: recommendations from CDC, the National Institutes of Health, and the HIV Medicine Association of the Infectious Diseases Society of America. (2009). MMWR 58(Early Release):1–198.
  2. Didier ES, Weiss LM. (2011). Microsporidiosis: not just in AIDS patients. Curr Opin Infect Dis 24:490–495. https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC3416021/
  3. Lobo ML, Xiao L, Antunes F, Matos O. (2012). Microsporidia as emerging pathogens and the implication for public health: a 10-year study on HIV-positive and -negative patients. Int J Parasitol 42:197–205. https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/22265899/
  4. Upton SJ. (2001). Cyclospora cayetanensis. Division of Biology, Kansas State University. https://www.k-state.edu/parasitology/cyclospora/cyclospora.html
  5. Leder, K. (2021). Epidemiology, clinical manifestation, and diagnosis of Cystoisospora (Isospora) infections. UpToDate. Retrieved August 29, 2021, from https://www.uptodate.com/contents/epidemiology-clinical-manifestations-and-diagnosis-of-cystoisospora-isospora-infections
  6. Leder K. (2021). Management of Cystoisospora (Isospora) infections. UpToDate. Retrieved August 29, 2021, from https://www.uptodate.com/contents/management-of-cystoisospora-isospora-infections
  7. Centers for Disease Control and Prevention. (2021). Cystoisosporiasis. Retrieved August 29, 2021, from https://www.cdc.gov/dpdx/cystoisosporiasis/index.html
  8. Auwaerter P. (2020). Johns Hopkins ABX Guide: Cystoisospora belli. Retrieved August 29, 2021, from https://www.hopkinsguides.com/hopkins/view/Johns_Hopkins_ABX_Guide/540152/all/Cystoisospora_belli
  9. Minnaganti VR. (2018). Cystoisosporiasis. Medscape. Retrieved August 29, 2021, from https://emedicine.medscape.com/article/219776-overview
  10. Weller PF, Leder K. (2021). Cyclospora infection. UpToDate. Retrieved August 29, 2021, from https://www.uptodate.com/contents/cyclospora-infection
  11. Animalu CN, Patel JR. (2021). Cyclospora infection (cyclosporiasis). Medscape. Retrieved August 29, 2021, from https://emedicine.medscape.com/article/236105-overview

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