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Árvore Brônquica

O termo coletivo “árvore brônquica” refere-se aos brônquios e todos os seus ramos subsequentes. Os brônquios são as vias aéreas do trato respiratório inferior. Ao nível da 3ª ou 4ª vértebra torácica, a traqueia bifurca-se nos brônquios principais esquerdo e direito. O brônquio principal direito é mais curto e mais vertical em direção do que o esquerdo. Ambos os brônquios continuam a dividir-se em brônquios secundários ou lobares que se bifurcam cada vez mais com o objetivo de levar completamente o ar respiratório para os lobos pulmonares esquerdo e direito. O segmento terminal de cada brônquio contém milhões de alvéolos, o local das trocas gasosas.

Última atualização: Jan 2, 2024

Responsibilidade editorial: Stanley Oiseth, Lindsay Jones, Evelin Maza

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Desenvolvimento

O desenvolvimento da árvore traqueobrônquica e dos pulmões ocorre em 5 estadios. A árvore traqueobrônquica e os pulmões têm origem no intestino anterior (“foregut”) do tubo intestinal embrionário, começando na 4ª semana de gestação e terminando na infância.

Tabela: Desenvolvimento da árvore traqueobrônquica e pulmões, e relevância clínica
Estadio Descrição Relevância clínica
Período embrionário
  • Ocorre durante as semanas 4-7
  • O divertículo respiratório tem origem no botão do intestino anterior.
  • O sulco traqueoesofágico “comprime” o botão → traqueia e esófago
  • A traqueia bifurca-se em botões brônquicos direito e esquerdo.
Defeitos:
  • Fístula traqueoesofágica
  • Atrésia esofágica e/ou traqueal
  • Sequestro pulmonar
Período pseudoglandular
  • Ocorre durante as semanas 5-16
  • Botões brônquicos → brotos secundários → botões terciários
  • Ramificação continua → bronquíolos terminais
  • Mesoderme → vasculatura/capilares pulmonares
  • Desenvolvimento de precursores de pneumócitos tipo II → produzem líquido amniótico
  • Defeitos:
    • Quisto broncogénico
    • Atrésia brônquica
  • O tecido pulmonar é incapaz de fazer trocas gasosas nesta fase.
  • Os bebés nascidos nesta fase podem não sobreviver.
Período canalicular
  • Ocorre durante as semanas 16-26
  • Bronquíolos terminais → bronquíolos respiratórios → ductos alveolares → alvéolos primitivos
  • Capilares pulmonares proeminentes
  • Produção de surfactante
  • Diâmetro das vias aéreas ↑
  • Defeitos:
    • Hipoplasia pulmonar
    • Síndrome de dificuldade respiratória
  • A respiração é possível às 24 semanas.
  • Os bebés nascidos no final desta fase podem sobreviver com cuidados intensivos.
Período sacular
  • Ocorre durante as 26 semanas até ao nascimento
  • Ductos alveolares → sacos terminais
  • A área de superfície de trocas gasosas dos pulmões expande-se.
  • A produção de surfactante aumenta.
  • A barreira sangue-ar desenvolve-se completamente (pneumócitos tipo I).
Os bebés nascidos ≥ 32 semanas têm uma maior taxa de sobrevivência.
Período alveolar
  • Ocorre durante a gestação de 32 semanas até 8 anos de vida
  • Pneumócitos tipo II maduros
  • Sacos terminais septados → alvéolos
  • Após o nascimento, alvéolos ↑ em número:
    • Ao nascimento: 50 milhões
    • Aos 8 anos: 300 milhões
  • In utero : ↑ Resistência vascular devido à aspiração de líquido amniótico
  • Pós-parto: A inspiração de ar leva a uma queda na resistência vascular pulmonar.

Anatomia Macroscópica

A árvore brônquica começa na bifurcação da traqueia na carina, aproximadamente ao nível de T5. A traqueia bifurca-se nos brônquios principais esquerdo e direito. Estes brônquios continuam a ramificar até formar alvéolos, o local das trocas gasosas. Cada segmento brônquico torna-se progressivamente menor em diâmetro e tem uma parede mais fina.

Estrutura de ramificação principal e componentes

  • Traqueia → carina → brônquios principais → brônquios lobares → brônquios segmentares → bronquíolos terminais → bronquíolos respiratórios → ducto alveolar → saco alveolar → alvéolos
  • Brônquios:
    • Brônquios principais:
      • O brônquio principal esquerdo é mais longo que o direito e entra no pulmão esquerdo ao nível de T6.
      • O brônquio principal direito é mais largo, mais curto e mais vertical que o esquerdo (via mais frequente para aspiração de corpos estranhos) e entra no pulmão direito ao nível de T5.
    • Brônquios lobares ou secundários:
      • 2 brônquios lobares esquerdos
      • 3 brônquios lobares direitos
    • Brônquios segmentares ou terciários:
      • Cada um fornece um segmento broncopulmonar, a maior subdivisão de um lobo.
      • 10 segmentos no pulmão direito
      • 8-10 segmentos no pulmão esquerdo
  • Condução de bronquíolos:
    • 20-25 gerações de ramificação
    • Terminam como bronquíolos terminais
    • Falta de cartilagem, glândulas e alvéolos (característica distintiva dos brônquios)
  • Os bronquíolos terminais dão origem a vários bronquíolos respiratórios.
  • Bronquíolos respiratórios:
    • Caracterizado pela protuberância do seu lúmen: alvéolos
    • Cada bronquíolo respiratório dá origem a 2 a 11 ductos alveolares.
    • Cada ducto alveolar dá origem a 5-6 sacos alveolares, o local das trocas gasosas.
Vista anterior da laringe, traqueia e árvore brônquica

Vista anterior da laringe, traqueia e árvore brônquica:
Observar as principais divisões dos brônquios.

Imagem por Lecturio. Licença: CC BY-NC-SA 4.0

Neurovasculatura

Fornecimento de sangue:

A árvore brônquica é irrigada por ramos das artérias brônquicas esquerda e direita.

  • Artéria brônquica esquerda: ramo direto da aorta torácica
  • Artéria brônquica direita: origem variada: ramo da aorta torácica, artéria intercostal do lado direito ou um dos ramos superiores da artéria brônquica esquerda

Drenagem venosa:

  • As veias brônquicas são análogas às artérias brônquicas.
  • A árvore brônquica é drenada por tributárias das principais veias brônquicas esquerda e direita:
    • A veia brônquica esquerda drena para a veia intercostal superior esquerda ou para a veia hemiázigos acessória.
    • A veia brônquica direita drena para a veia ázigos.

Inervação:

A inervação é fornecida pelo plexo pulmonar do nervo vago.

Anatomia Microscópica

  • Brônquios:
    • Mucosa: epitélio colunar ciliado pseudoestratificado
    • Contém células caliciformes que secretam muco no lúmen traqueal
    • Submucosa: fornece suporte
    • Músculo liso
    • Camada de cartilagem da cartilagem hialina
  • Bronquíolos:
    • Epitélio colunar ciliado em bronquíolos maiores
    • Epitélio colunar não ciliado em bronquíolos menores
    • Não contém células caliciformes
    • Contém células do clube que secretam um componente de surfactante
  • Bronquíolos terminais e respiratórios:
    • Não contém glândulas ou cartilagens
    • Ambos apresentam mucosa, submucosa, músculo liso e túnica adventícia.
    • Bronquíolo terminal: epitélio cúbico ciliado
    • Bronquíolo respiratório: epitélio cúbico simples e células “club”
  • Alvéolos:
    • Sacos ocos que servem como local de trocas gasosas
    • Encontrados nos bronquíolos respiratórios, ao longo dos ductos das paredes e nos sacos alveolares
    • Separados por septos interalveolares feitos de fibras elásticas e capilares
    • Revestidos por pneumócitos tipos I e II
      • Tipo I: envolvem 95% da área alveolar total e formam a barreira sangue-ar
      • Tipo II: envolvem 5% da área alveolar total e secretam surfactante
Zona condutora e respiratória

Anatomia microscópica do trato respiratório inferior

Imagem por Lecturio. Licença: CC BY-NC-SA 4.0

Relevância Clínica

A seguir estão condições que podem afetar a árvore brônquica:

  • Asma: doença inflamatória crónica das vias aéreas: ocorre inflamação e hiperreatividade brônquica. As vias aéreas de doentes com asma são mais sensíveis a vários estímulos, levando à obstrução paroxística e recorrente das vias aéreas.
  • Enfisema: condição caracterizada por dilatação das vias aéreas, com diminuição da elasticidade e aumento da compliance, devido à destruição da parede alveolar: A causa mais comum de enfisema é o tabagismo. A deficiência de alfa-1-antitripsina também pode resultar no desenvolvimento de enfisema.
  • Bronquiectasia: doença em que há alargamento permanente de partes das vias aéreas. Nesta condição, danos às vias aéreas fazem com que estas alarguem e fiquem flácidas e com cicatrizes. Geralmente, a doença ocorre como resultado de doença pulmonar preexistente.

Referências

  1. Moore, K. L., et al. (2017). Clinically Oriented Anatomy. Lippincott Williams & Wilkins.
  2. Drake, R., et al. Gray’s Anatomy for Students E-Book. Elsevier Health Sciences, 2014.
  3. Standring, S. Gray’s Anatomy: The Anatomical Basis of Clinical Practice, 41st ed. Edinburgh: Churchill Livingstone/Elsevier, 2016.

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